A Leopardo Filmes assinala o ano que marca o 120º aniversário do nascimento do realizaor japonês Yasujirō Ozu e o 60º aniversário da sua morte – eventos ocorridos exactamente no mesmo dia do ano, a 12 de Dezembro, numa tragicamente poética e sugestiva circularidade biográfica com o “Ciclo Yasujiro Ozu”. Entre coincidência e destino, sentimos a evocação da noção japonesa de “shoujou ruten” (生々流転), que exprime a constância de um ciclo de transformação em tudo, em que o nascimento leva à morte e esta, por sua vez, permite a renovação.
O cinema de Ozu tem certamente a capacidade de eterna renovação da alma humana, sendo por isso imortal e a Leopardo Filmes presta-lhe homenagem através da exibição de um ciclo das suas mais relevantes e imortais obras, em cópias digitais restauradas, sendo duas delas – História de um Proprietário Rural (1947) e Crepúsculo em Tóquio (1957) – aquisições recentes comercialmente inéditas em Portugal, a exibir em 4K.
Em exibição no Cinemas Medeia Nimas, em Lisboa – onde será também exibido o referido documentário Tokyo-Ga (1985), de Wim Wenders –, no Teatro Campo Alegre, no Porto, e depois no Teatro Académico Gil Vicente, em Coimbra, no Theatro Circo, em Braga, no Cinema Charlot – Auditório Municipal, em Setúbal, e no e no Centro de Artes e Espectáculos, na Figueira da Foz.
Ciclo Yasujiro Ozu – 120 anos do nascimento do realizador japonês
Longas-metragens a serem exibidas:
- HISTÓRIA DE UM PROPRIETÁRIO RURAL
1947 | JAPÃO | 1H 12MIN | DRAMA – Cópia Digital Restaurada 4K
Estreia: 30 de Novembro de 2023 (INÉDITO COMERCIALMENTE EM PORTUGAL)
- PRIMAVERA TARDIA
1949 | JAPÃO | 1H 48MIN | DRAMA – Cópia Digital Restaurada
- VIAGEM A TÓQUIO
1953 | JAPÃO | 2H 16MIN | DRAMA – Cópia Digital Restaurada
- CREPÚSCULO EM TÓQUIO
1957 | JAPÃO | 2H 20MIN | DRAMA – Cópia Digital Restaurada 4K
Estreia: 30 de Novembro de 2023 (INÉDITO COMERCIALMENTE EM PORTUGAL)
- A FLOR DO EQUINÓCIO
1958 | JAPÃO | 1H 58MIN | DRAMA / COMÈDIA – Cópia Digital Restaurada
- BOM DIA
1959 | JAPÃO | 1H 34MIN | COMÈDIA / DRAMA / FAMÍLIA – Cópia Digital Restaurada
- O FIM DO OUTONO
1960 | JAPÃO | 2H 08MIN | DRAMA / COMÉDIA – Cópia Digital Restaurada
- O GOSTO DO SAKÉ
1962 | JAPÃO | 1H 53MIN | DRAMA – Cópia Digital Restaurada
No início da sua elegia documental Tokyo-Ga, Wim Wenders declara:
“Se no nosso século algo sagrado ainda existisse, se houvesse algo como um tesouro sagrado do cinema, então para mim isso teria que ser a obra do realizador japonês Yasujirō Ozu… Para mim nunca antes e nunca mais desde então esteve o cinema tão próximo da sua essência e do seu propósito: apresentar uma imagem do homem no nosso século, uma imagem utilizável, verdadeira e válida na qual ele não só se reconhece, mas a partir da qual, acima de tudo, pode aprender sobre si mesmo.”
Era um cinema do essencial, absolutamente inimitável, o que o mestre japonês Yasujirō Ozu, nascido em Tóquio em 1903, praticava. O seu percurso iniciou-se na era do cinema mudo e prolongar-se-ia por décadas, culminando nas suas últimas incursões no vibrante mundo do cinema a cores, no início da década de 1960. Num primeiro momento, Ozu dedicou-se à produção de comédias curtas, antes de se iniciar no tratamento de temas mais profundos e inquietantes na década de 1930. Foi durante esse período que o estilo característico de Ozu começou a emergir.
Observador paciente da vida quotidiana, mergulhou profundamente na complexidade da vida familiar e conjugal, com uma atenção especial às intrincadas relações entre diferentes gerações. Entre as suas obras mais apreciadas, Primavera Tardia (1949), A Viagem a Tóquio (1953) e O Gosto do Saké (1962) destacam-se como clássicos intemporais que continuam a cativar espectadores em todo o mundo. Em 2012, numa sondagem da Sight & Sound, A Viagem a Tóquio foi eleito o terceiro melhor filme de todos os tempos pela crítica internacional e o melhor filme de sempre por 358 cineastas de todo o mundo. O legado cinematográfico de Yasujirō Ozu perdura, num testemunho da sua incomparável capacidade de usar o cinema para contar histórias de profunda humanidade, que lhe valeu o reconhecimento como um dos maiores e mais influentes cineastas de sempre.
Fonte: Press Leopardo Filmes