Eizouken ni wa Te wo Dasu na! (Keep Your Hands Off Eizouken!) conta-nos a história de um improvável mas enérgico trio de jovens estudantes do ensino secundário, que são fãs de anime e que têm o sonho de criar anime como profissão.
Inicialmente nem todas tinham esse objectivo, a Midori e a Tsubame desde pequenas que queriam ser animadoras, sendo que trabalharam todos os dias rumo a essa meta. Porém, a Sayaka nem sequer tinha interesse em anime. Acaba por se juntar a elas nesta demanda por várias razões, acho que primeiramente por empatia ao sonho das duas amigas, principalmente da Midori, de quem é mais próxima.
Em segundo, porque claramente tem um gosto especial em liderar um grupo de trabalho com um objectivo definido, apesar do grupo de trabalho ser composto por duas artistas que estão em constante devaneio e em profunda divagação pelo mundo da imaginação.
Juntas decidem então criar um clube escolar de modo a obter local, materiais e financiamento para criar a primeira animação. A série explora as adversidades que encontram enquanto caminham, determinadas, em direcção ao sonho.

Escrevi as primeiras impressões com apenas três episódios vistos, através dos quais perspectivei que a série teria o enorme potencial para atingir a redonda nota 10. É com muita pena, no entanto, que escrevo esta análise para constatar que alguns pequenos pormenores do último arc de Eizouken lhe vieram roubar a perfeição.
Eizouken – Um Anime sobre Animação quase Perfeito! O que falhou?
Parece-me que, aquilo que a impediu de atingir este estatuto, é precisamente um mal que é explorado na série: falta de tempo para desenvolver melhor o conceito e a narrativa. Ou seja, ao longo dos 12 episódios, o trio de protagonistas produz três curtas-metragens. As duas primeiras, sobre as quais a série mais incidiu, criaram a receita ideal: uma estrutura com bom desenvolvimento, onde vemos as personagens a encontrar uma adversidade e a aprenderem algumas técnicas que lhes fornecem os recursos necessários para a ultrapassarem.
Portanto, passamos tempo a acompanhar a sua evolução. De tal modo que, quando nos é mostrada a curta-metragem na integra, percebemos porque é que resultou, percebemos o trabalho investido, percebemos como é que o conjunto de técnicas aplicado ao longo dos episódios deu origem àquele produto final e é inevitável não sentir um orgulho imenso pelo trabalho e esforço investido pelas protagonistas.
Quando chega à terceira curta-metragem, contudo, já não consegui sentir o mesmo, não consegui sentir a mesma ligação que tive pelas duas anteriores. Falha, essencialmente, porque não as acompanhamos na viagem da produção da curta da mesma forma que as acompanhamos nas outras. Precisava de mais um ou dois episódios.
É possível que algo me tenha escapado, ou que a minha expectativa de ver a receita das duas primeiras aplicada na terceira me tenha traído, e que, numa segunda visualização, perceba melhor a forma como foi criada e que a minha opinião mude. Outro aspecto crucial para não ter sentido o mesmo foi, sem dúvida, a história da terceira curta. Não tem a mesma força.
Eizouken – A Carta de Amor à Animação
É importante, muito importante, sublinhar que o que apontei acima como negativo não passa de um pequeno pormenor. Minúsculo mesmo. É apenas um apontamento para justificar o facto de ter dado um potencial de 10/10, que efectivamente tinha e continua a ter, e agora ter avaliado com um 9.
Removendo por completo esse detalhe, Eizouken permanece um retrato optimista, sonhador, inspirador, e muito necessário sobre a animação japonesa. Demonstra sensibilidade perante a animação e um respeito enorme pelos criadores, sejam eles animadores, ilustradores, escritores, etc.
Ensina-nos com clareza, através de uma animação e de uma realização sublimes, sobre as imensas engrenagens e pequenas peças que são necessárias para a construção de uma animação completa. Terão oportunidade de ver detalhadamente o trabalho e relevo da key animation, da in-between animation, da realização, da iluminação, da fotografia, da arte conceptual, dos layouts, dos storyboards, do som, da música, do elenco das vozes e muito mais.
Depois dos 12 episódios, além de terem visualizado uma belíssima história sobre optimismo e sobre a perspectiva com a qual devemos encarar as coisas que, por vezes, as adversidades nos fazem esquecer, vão ficar a compreender muito sobre as bases da animação.
Eizouken ni wa Te wo Dasu na! é uma das pérolas da temporada de inverno de 2020, foi um dos meus favoritos juntamente a Dorohedoro e Somali, e continuo a afirmar antecipadamente que é uma das pérolas do ano.
É um clássico instantâneo, é uma ode à animação.
No caso de Eizouken não ser muito o teu género de anime, aconselho a que passes os olhos na opinião do meu colega Arthifis, que, ao contrário de mim, considerou Hanako-kun o melhor da temporada de Inverno.
Não lhe consigo atribuir esse mérito porque a história aborreceu-me um bocadinho, mas admito que Hanako-kun é o anime com melhor arte de toda a temporada. Goste-se ou não da história, é daqueles que dá para ver até em mute.
Jibaku Shounen Hanako-Kun É o Melhor Anime da Temporada de Inverno! Eis o Porquê!
Análises
Eizouken ni wa Te wo Dasu na!
Eizouken ensina-nos muito sobre animação, mas também sobre optimismo e sobre a perspectiva com a qual devemos encarar as coisas que, por vezes, as adversidades nos fazem esquecer. Se gostas de animação este título é obrigatório!
Os Pros
- Todos os aspectos técnicos merecem elogios
- Animação
- Realização
- Som
- Iluminação
- etc
Os Contras
- O único ponto negativo relevante o suficiente para ter impacto na avaliação final surgiu na terceira curta-metragem, que carece de um melhor desenvolvimento