Além de já ter angariado a sua legião de fãs na obra em formato “manga”, conseguiu com os trailers de alta qualidade, criar grandes expectativas. Desta forma, K-Project foi, provavelmente, uma das animações mais ansiadas pelo público no ano de 2012.
K Project – Análise | A História
Temporalmente, a narrativa toma lugar num futuro longínquo dominado pela tecnologia. Apesar dos grandes avanços tecnológicos, a civilização continua “poluída” por um sistema controlado pela corrupção, onde reina o lema “não importa os meios que usamos para atingir os nossos fins”.
Tudo começa com a procura da identidade de um assassino. Este matou um dos membros do clã vermelho. Num mundo no qual tudo é governado por clãs e onde a sua rivalidade está inerente, este homicídio gera muitas implicações e consequências na forma como os clãs vão começar a agir. Uns irão culpar outros, outros vão procurar mostrar a sua inocência e, enquanto isto, o clã vermelho contra tudo e todos vai continuar a tentar vingar o seu falecido companheiro.
Ambiente e Enredo
Colocando de parte o núcleo, ou seja, a procura pelo assassino do elemento do clã vermelho, o enredo é constituído por imensas linhas narrativas que por si só se demonstram coesas o suficientes para se tornarem uma história.
Sintetizando estas palavras, o anime é constituído por uma longevidade bastante curta, e episódio a episódio é inserido um grande número de personagens importantes e aparentemente muito fortes. Cada uma com a sua história, características razoavelmente bem desenvolvidas e até as suas motivações e objectivos são revelados.
Ora, a premissa não é nada que já não exista e, mesmo assim, em vez de se concentrarem no desenvolvimento daquilo que nos foi apresentado como história principal, vão acrescentando elementos interessantes para depois nos decepcionarem ao deixarem-nos sem respostas.
Em contrapartida, apesar de todas as múltiplas linhas narrativas, todo o mistério criado em volta do homicídio é desmistificado com algum sucesso. De todos os pormenores que fazem parte da teia de acontecimentos que formam uma narrativa nesta animação, um deles destaca-se como um bónus agradável aos amantes da tecnologia. Esta não é diversa, mas penso que aquela que foi inserida encontra-se bem desenvolvida e até bem pensada para uma cidade futurística.
O visual é incontestavelmente o ponto forte desta obra. A imagem acaba por carregar a história aos ombros sucessivamente, distraindo-nos das falhas. Os cenários estão desenvolvidos e detalhados, o que possibilita imagens maravilhosas da ilha onde se situa a escola, bem como a cidade onde se desenrola a acção. Estes são coloridos pelos tons pertencentes a cada clã, tornando-se mais visível quando um deles está em acção.
A animação é um experiência visual fluída, não só nas lutas mas também em cenas que não requerem uma animação muito forte. Um grande exemplo para apoiar esta afirmação é quando um dos “soldados” pertencentes ao Rei Vermelho está a perseguir a personagem principal de skate. Esta simples cena possui uma realização e animação bastante diferentes e bem sucedidas, o que causou um impacto maior ao público, criando uma pequena sensação de estarmos mais perto daquele momento frenético.
As Personagens
Como já referi anteriormente, o número de personagens é bastante elevado, quase todas mereciam a sua apresentação nesta análise. Contudo, vou optar por me focar no grupo ao qual pertence o desenvolvimento da narrativa principal.
Yashiro Isana é a personagem principal. Este é o jovem que é acusado de ter morto um dos elementos do clã comandado pelo Rei Vermelho. Yashiro é uma pessoa extremamente calma, pacífica, inteligente e social. Mostra-se completamente a leste do mundo que o rodeia, das normas da sociedade, como se não pertencesse àquela época ou até àquele mundo.
Kuroh Yatogami inicialmente é movido pelo objectivo de matar o assassino, ou seja, de matar Yashiro. Todavia, com o desenvolver dos acontecimentos, Kuroh vê-se obrigado a ceder com benevolência e aceitar o pedido de Shiro – “Pelo menos deixa-me provar a minha inocência”. Kuroh foi treinado pelo Sétimo Rei, desta forma mostra um padrão de acções e pensamentos muito enraizados nas lições do seu amado mestre. No entanto, o encontro com Shiro acaba por lhe mostrar que nem tudo é “preto no branco”, e que apesar de disso não se deve deixar influenciar por tudo que o mestre lhe ensinou. Com o desenrolar da história, esta personagem enigmática e determinada vê-se confrontada com os padrões de senso comum que lhe foram ensinados, acabando por quebrar algumas das regras que seguia com afinco para poder honrar o companheirismo que criou juntamente com Shiro e Neko.
Neko é uma criatura mágica. Uma espécie de ser humano fundido com um gato. É a personagem com menos conteúdo e desenvolvimento em todos os aspectos. No entanto, por convencionalismo, ela tem sempre um truque na manga para ajudar crucialmente o grupo. Apesar de mal desenvolvida, é de enorme relevo para o desenvolvimento dos eventos.
Mikoto Suoh, conhecido como Rei Vermelho, é o líder do clã vermelho. Apesar da sua forte presença e até rebelde aparência, Mikoto é um pessoa preguiçosa, sensata, e demasiado humilde, chegando até a questionar o porquê do destino o ter tornado Rei, quando “supostamente” ele não tinha o conjunto de qualidades suficientes para carregar esse título. Em contrapartida, possui um temperamento curto, sendo conhecido pelos outros Reis como o mais violento de todos. Resumindo, Mikoto é um misto de emoções e traços de personalidades um pouco contraditórias, mas algo que não se pode negar ou colocar em questão é mesmo o facto de ele merecer o título de Rei Vermelho! Este, entre todos os Reis, é sem dúvida dos poucos que se coloca à frente do seu “povo”. Aquele capaz de morrer para defender o seu povo é incontestavelmente merecedor do título de Rei!
Munakata, conhecido como Rei Azul, é o líder do clã azul. Sofisticado, cauteloso e muito observador são as características que mais o definem. Possui uma vontade enorme de lutar, contudo, mostra-se na maioria das vezes uma pessoa que recorre à sensatez, tentando resolver todos os conflitos por meio de conversas, discussões e negociações. Munakata parece-se mais com um presidente do que com um Rei.
Juízo Final
A realização agregada à animação, à excelente fotografia, à grande banda sonora, criam uma experiência técnica deslumbrante e fora do comum. O conteúdo do enredo começa com a sensação de ser extremamente promissor e cheio de potencial. De qualquer das formas, é completamente destruído pelo fraco desenvolvimento, ou pelo menos pela má gestão de acontecimentos deste. Ou seja, por alguma razão o anime foi construído com pouca longevidade, sendo este um dos graves erros cometidos. O outro caminho que levou à má construção narrativa foi o facto de em pouco tempo estarem sucessivamente a inserir novos elementos e história atrás de história.
“K” demonstrou ser um dos animes mais promissores de 2012, mas perde-se na má gestão do conteúdo, na contínua injecção de conteúdo fan-service e yaoi entre as personagens principais. Visto que este anime não foi produzido com esse intuito, o conteúdo yaoi não é completamente explícito, mas é muitas vezes proporcionado em situações completamente desnecessárias.
Concluindo, não é uma obra que fique para a história, nem perto de ser chamado um “must-see“, no entanto, considero que se apreciarem um anime curto com um certo nível de entretenimento, principalmente pelo lado técnico (desenho, animação, banda-sonora), é sem dúvida uma boa animação para verem!
Trailer
Análises
K Project
"K” demonstrou ser um dos animes mais promissores de 2012, mas perde-se na má gestão do conteúdo, na contínua injecção de conteúdo fan-service e yaoi entre as personagens principais. Visto que este anime não foi produzido com esse intuito, o conteúdo yaoi não é completamente explícito, mas é muitas vezes proporcionado em situações completamente desnecessárias.
Os Pros
- Animação
- Banda Sonora
- Realização
Os Contras
- História