Depois de mais de meio ano de hiato, no que tange a análises, cá estou eu a abrir 2022 com uma opinião a um anime que não esperava: Hakozume: Kouban Joshi no Gyakushuu ou simplesmente Hakozume. A decisão foi feita logo após visualizar o primeiro episódio e perceber que me identificava, talvez até demais, com as personalidades das personagens principais – para o bem e para o mal (cof cof).
Já viste o episódio? Então continua a ler. Não viste? Então podes continuar a ler também, mas vais levar com alguns spoilers em cima.
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Língua Afiada | Hakozume Episódio 1 – Opinião
A escolha de carreira
Ao contrário de outras obras que envolvem a força policial, cujos protagonistas vestem o uniforme com o intuito de serem super-heróis e salvar o mundo, aqui a mais nova, Kawai, decidiu ser polícia simplesmente porque foi o único concurso que conseguiu passar. Ah e porque procurava um emprego com um salário estável. Ah e porque o pai lhe pediu. Não podia ser mais realista que isto e é a história de muitos de nós. Aliás, revejo-me bem nisto, de ter seguido uma área só porque sim (quem disse que aos 18 anos sabemos o que raio queremos fazer para o resto da vida?) e acabar por querer sair da mesma, tal como ela, pela pressão ridícula e mau ambiente.
Iniciamos o episódio a vê-la a escrever a carta de demissão e a queixar-se das dificuldades da profissão. Bem te percebemos Kawai, vida de adulto é uma caca, ninguém nos avisou.
A presença da possível nomeada a best girl do ano para os PAMP (afirmações fortes no 5º dia do ano? Ah pois, não brinco em serviço), a Fuji, fez com que a Kawai repensasse a sua saída deste mundo e lhe desse mais uma oportunidade. Estou bastante curiosa para saber porque o “ela” do futuro se arrependeu de a ter conhecido. Será que o anime se vai transformar, em algum momento, numa dark comedy?
A química entre as protagonistas
O melhor de Police in a Pod não é a história – bastante normal – mas sim a interacção entre a Kawai e a Fuji que é tão perfeita que até sai faísca! Foi neste momento que entendi que possuo um pouco da personalidade das duas, elas em conjunto são uma Cátia quimera vestida com um uniforme de polícia a vaguear pelas ruas e a ser insultada pelos condutores.
Foi impossível não estar com um sorriso no rosto durante todo o episódio, seja pela tal interacção, pelas piadas ou pelas situações caricatas. A Fuji a praguejar é a melhor parte do anime e a seiyuu Yui Ishikawa (que dá a voz à Mikasa e à Violet Evergarden) cumpriu brilhantemente o seu papel.
A dinâmica de ser uma mulher polícia
Devo desde já avisar que não sei praticamente nada sobre as leis de trânsito no Japão (só que gostam de guiar à inglesa), tampouco sobre Direito Penal japonês (estou aqui para aprender: Fuji-san ensina-me), pelo que a dinâmica de um polícia no país me passava ao lado, muito mais de uma mulher nesta profissão, embora intuitivamente já suspeitasse da possível diferença pelo machismo existente no Japão.
Para escrever algo de uma perspectiva tão íntima só podia partir de uma mulher que entendesse essa tal dinâmica – a mangaká Miko Yasu que, pelo que li não tenho a certeza desta informação, trabalhou na polícia durante 10 anos. Se isto for verdade, a riqueza de detalhes será imensa e neste primeiro episódio já tivemos um bocadinho disso. O facto de as mulheres polícia serem usadas em panfletos sempre dóceis e a sorrir, o facto de este “estilo” de polícia lidar com os problemas mais leves e “limpos” e de que sempre que é algo que envolve crianças são elas que têm de estar presentes já que “naturalmente” possuem mais aptidão para isso. Tanto a Kawai como a Fuji, mas principalmente esta última, rejeitam este papel na sua totalidade, o que é muito interessante de ver, especialmente pela posição da mulher no Japão.
Não sei se para quem não o é se identifica tanto, ou se lhe interessa muito este ponto, mas como mulher no mundo do trabalho, embora não japonesa, achei este tema bem introduzido e abordado. É ver como vão fazer no desenvolver da narrativa.
Pensamentos Finais:
Aka onde digo o que me vem à cabeça. Pode chocar os mais sensíveis:
- Rapazes em animes yuri
- Uma imagem do cu da Kawai do nada na opening. Se for para mim, tudo bem
- Gostei muito da animação, lembra-me obras “antigas”, assim anos 90
- A Fuji fazia bullying aos mais novos, então o que vamos fazer? Despromovê-la e colocá-la a chefiar uma rookie. Acho que o anime se passa em Portugal
- Fuji-san, a encontrar criminosos só com um apalpão *french kiss*
- Há quem tenha achado esta atitude o início do bullying, na minha percepção foi uma bela experiência para aprender mais de forma mais eficiente
- MEU DEUS, O QUANTO FALECI NESTA CENA AHAHAHAH
- Claramente, o tipo de elogio que me falta
- Momento Kokoro do episódio ♥
- Foi muito interessante esta parte, onde a Kawai explicou a visão japonesa do “Porque devemos seguir regras, por mais pequenas que sejam?”, que mostra a parte do colectivo e como todos juntos funcionam melhor
- Por último, saiu um live-action do manga no ano passado.
E vocês, o que acharam deste episódio? Até para a semana!