Naruto – Capítulo 679 – “She of the Beginning”
A queda da qualidade narrativa de Kishimoto deixou de ser uma surpresa há muito. No entanto, mesmo tendo isso em consideração, este capítulo servirá sempre como bom exemplo daquilo que não se deve fazer.
Embora sem sucesso, Naruto e Sasuke tentaram interromper a formação colossal de Chakra que acontecia a uma velocidade estonteante diante dos seus olhos. Enquanto isto, o Zetsu Negro explica que não tem intenções de magoar ninguém e que tudo isto é necessário para catalisar os objetivos de Kaguya. As formas de vida que existiam até agora, deixarão de existir no mundo físico, ficando incubados até serem transformados em Zetsus Brancos.
O corpo que uma vez deu vida a Madara sofre uma rápida metamorfose, dando origem à fácil previsão que fiz na semana passada: Kaguya. Pelo meio de tanto acontecimento, vemos Kakashi a tentar pensar da melhor forma que pode. Sasuke analisa a situação percebendo que se Madara já estava num nível de um Deus, então Kaguya está num nível complicado de ser designado e compreendido.
O capítulo resume-se a acontecimentos a tropeçar uns nos outros. Primeiro, vamos ao Madara. Kishimoto, deu-se ao trabalho de criar uma linha temporal consistente para aquele que seria, por fim, o vilão final da história. No entanto, após tantos Flashbacks, evoluções, intenções, caracterizações, objetivos e determinações, elementos delineados por Kishimoto com um certo sucesso e qualidade, são obliterados por razões injustificáveis. Isto é algo que já tinha referido na semana passada, querer criar mais um vilão, fornecendo o fator surpresa de mais um traidor na “equipa” dos vilões, que desta vez foi Zetsu. De forma a materializar Kaguya, Kishimoto achou por bem destruir a personagem que demorou no mínimo um ano a construir semanalmente. Além disto, o poder de Madara já era bastante absurdo, tendo em conta o universo narrativo até agora criado. Mesmo assim, fomos conseguindo aceitar gradualmente. Agora Kaguya, consegue ser superior de forma inimaginável, o que cria em Naruto como obra, uma distância enorme do universo que originalmente foi estabelecido.
Depois, um ponto interessante foi Kakashi como personagem e o relevo que ainda lhe foi dado. No meio de tanta confusão, ainda que extremamente incapacitado, continua a pensar sem parar, numa forma de lidar com tudo isto. Os pupilos que ensinou e viu crescer, lutam contra algo que não podem vencer. Ele próprio encontra-se incapacitado para lutar, uma vez que perdeu o Sharingan. E para adicionar a esta bola de neve, Sakura continua impulsiva e irresponsável. Conseguirá o Sensei arranjar uma boa forma de lidar com tudo isto?
Concluindo, Kishimoto tem vindo a destruir a sua própria narrativa. Semana a semana, mostrou-nos que não aprende com os erros e pretende manter um enredo preenchido de aspetos inconclusivos, estruturados uns em cima dos outros e de forma apressada. Mesmo que Madara volte, o que aconteceu neste capítulo, dificilmente será apagado.
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