A quantidade de oferta de Merchandising foi surpreendente e positiva, no entanto já não posso afirmar o mesmo relativamente à sua diversidade. A quantidade de oferta de produtos era sem dúvida maior, ou seja, o stock existente encontrava-se num maior número em determinados produtos (na maioria das lojas de merchandise), no entanto, a diversidade de oferta era algo que faltava. Por exemplo, para apreciadores, fãs e até mesmo colecionadores de manga, o desfalque que encontrámos era enorme, algo inaceitável num evento de dimensões inigualáveis em Portugal e dedicado sobretudo a este nicho. A maior oferta de manga foi verificada nas bancas da Kingpin Books e da Casa da BD, contudo mesmo nestas, só foi possível encontrar nomes mais sonantes como “Soul Eater”, “Ao no Exorcist”, “Black Butler” e “Attack on Titan”. É certo que tinha manga para nichos mas específicos como “Uzumaki”, “Gyo”, “Pluto”, “Neon Genesis Evangelion”, mas ainda assim considero insuficiente tendo em conta a estrutura do evento. A diversidade é sem dúvida verificada em específico nos assessórios, como por exemplo: porta-chaves, guarda-chuvas, posters, peluches, etc. Em contrapartida, no que diz respeito à diversidade de títulos, assim como anime e manga para colecionadores, é algo que fica sempre muito aquém do desejado.
Modificações e aperfeiçoamentos na organização do espaço levaram a uma mudança extremamente positiva e consequentemente a um apuramento a nível ambiental.
Ao contrário das edições anteriores, todo o espaço do grandioso Pavilhão Multiusos de Gondomar foi aproveitado. Pela primeira vez, vemos as laterais do estádio ocupadas por algo mais que restauração. Mesas compridas dedicadas à arte Lego, ornamentam a lateral esquerda do pavilhão, com as suas inacreditáveis construções e dezenas de participantes incrivelmente capazes de recriar qualquer monumento ou estrutura, por mais irrealizável que parecesse. As atividades não se ficaram por aqui. Habituados a meros conjuntos de mesas encostados a um canto do evento, vocacionados para os amantes do colecionismo e jogos de cartas nipónicas, com perplexidade deparamos com um corredor repleto de mesas. Representantes dos mais variados estilos, desde as emblemáticas cartas Yu-Gi-Oh, às famosas cartas Weiss, povoavam e preenchiam a secção dedicada ao jogo de mesa.
Do outro lado do pavilhão, e com alguma estranheza, descobrimos o tradicional palco de Karaoke. Faz parte da tradição Iberanime os bons serões de desafino, tentativas falhadas, muitas gargalhadas e momentos de puro deleite providos por esta secção. Afinal quem não gosta de cantar (ou tentar) as suas músicas preferidas? As que fizeram história, as que marcaram a sua infância? Com muito pesar, comprovamos a pouca aderência desta categoria, decorrente da falta de publicidade e empenho por parte da staff em dinamizar algo intrínseco no evento nipónico.
Por entre as inúmeras barracas que preencheram o pavilhão, encontrávamos, sem aviso aparente, fantásticas demonstrações do que de melhor é feito em Portugal relativo à cultura japonesa.
Os professores de Kendo, Iaido e Dojo demonstraram-se incansáveis na promoção da sua arte. Retidos num canto pequeno e resguardado da convenção, promoveram o seu desporto em míseros metros quadrados que mal davam para retirar a espada da bainha condignamente.
Os desportos radicais foram, sem dúvida, o grande foco de divertimento na zona mais calma do certame. Rapidamente, curiosos e conhecedores rodeavam o espaço dedicado ao Parkour. Ao segundo dia poucos eram os espaços que não se encontravam preenchidos pelos bonitos autocolantes. Muito pequena e mal isolada, a zona do retrogaming era representada por um vergonhoso número de consolas e ecrãs.
Não só de produtos industrializados era constituído o merchandise disponível para venda. Num país cheio de talentos deixados de lado, no temível anonimato artístico, a organização do certame, centralizou uma das lojas mais bonitas e dinâmicas. Nada faltava na famosa banca de artistas do Iberanime, desde cadernos, porta-chaves, posters e cartas, tudo produtos feitos de raiz pelos jovens visionários da arte e ilustração nipónica.
A arte da caligrafia japonesa (Kanji/Hiragana/Katakana) tem muito que se lhe diga. Mesmo o mais leigo na escrita e língua japonesa compreende a complexidade da língua, em especial na escrita. A embaixada Japonesa não se deixou rogada e mostrou o que de melhor faz! Esplêndidas demonstrações gastronómicas e interação com o público através da arte do Kanji, desafiou o público a descobrir mais sobre uma cultura tão vasta e complexa quanto a japonesa. Japão é muito mais que anime, vestidas a rigor, respondiam pacientemente a todas as dúvidas, bem como se propunham a escrever o nome das pessoas na língua nativa.
As artes plásticas não foram deixadas de lado. A Associação Portuguesa de Cosplay exemplificava, com todo o primor, as suas criações e indumentárias que produzia com tanto carinho. Resguardada do público, não media esforços para trabalhar e produzir verdadeiras obras de arte, de uma simpatia extrema mostraram ao ptAnime que tudo se consegue com muito trabalho e dedicação.
Os origamis fizeram-se igualmente presentes, contudo, a sua publicidade demonstrou-se pouco significativa face a todos os elementos dispersantes à sua volta. Felizmente encontramos muitos deles, como elemento decorativo. O que, apesar de não suprimir a carência de público interessado na sua aprendizagem, marcava presença e lembrava o quão belas podem ser as coisas simples, produzidas manualmente.
Yoko Ishida e um concerto inesquecível!
A cabeça de cartaz do Iberanime OPO 2014 tinha atuação marcada para as 15h do segundo dia de evento. Após o leve deslumbre do que seria o tão aguardado e publicitado concerto, no dia anterior, Yoko surge-nos alegre, divertida e muito colorida. Com um aspeto extremamente doce e jovial, ninguém diria que a conceituada cantora já passeava na casa dos 40. Após a apresentação inicial, Yoko não deixou de lado o público. Primando pelo diálogo e partilha de experiências, no que foi a sua primeira visita a Portugal, divertiu-nos com os seus comentários à cerca das calorosas pessoas, da comida e vinho fantásticos.
Sensibilizada com os gostos dos portugueses, a cantora nipónica confidenciou-nos que mudou o reportório propositadamente desde a atuação do dia anterior. Incluindo algumas músicas, em especial a de Para Para Dance, que não constavam nas diretrizes iniciais.
A estreia no pequeno grande palco principal, teve lugar com a brilhante música do anime Oh my Godness, “Open your mind”. O apoio da incansável tradutora foi imprescindível na promoção de uma constante comunicação. Yoko fez questão de explicar todas as suas músicas, em especial os animes que as representavam. Exemplos disso foram os temas de produções como Prétear e Sugar Baby Love (Chitchana Yukitsukai Shugā). A novidade residiu na estreia exclusiva da música “Connect link” que servirá de banda sonora à nova adaptação de Strike Witches: Operation Victory Arrow. Após o nervosismo inicial, por estrear uma nova música bem distante da sua terra natal, Yoko continuou a explicar e promover todo o seu reportório. Com três novas músicas lançadas recentemente no Japão e responsável pelo opening de uma das novas animações desta temporada, Shirobako, demonstrou ser muito mais que a interprete do famoso tema de Sailor Moon.
Responsável por toda a saga Strike Witches, continuou a promoção quer do anime, quer das suas músicas.
O espectáculo aproximava-se fugazmente do fim. O Para Para dance da famosa banda sonora de Evangelion, repete-se. A despedida estava próxima. Felizmente, após alguns berros forçados e muitos sentidos, a cantora volta para o encore final, com uma magnífica representação de “Moonlight Densetsu” de Sailor Moon.
Reportagem Iberanime OPO 2014 | Resumindo e concluindo!
No ano passado o crescimento exponencial de comunidade a entrar no Iberanime do Porto foi algo que fugiu um pouco às mãos da organização, não só relativamente a espaços entre lojas, mas também e até bem mais importante, o espaço dedicado a passagens para nos movimentarmos de uma lado para o outro tinha sempre transito. Em contrapartida, nesta edição, o espaço sofreu uma reestruturação que permitiu que o evento e o transito humano fluísse sem qualquer tipo de problema. Num lado mais negativo, esta reestruturação, com certeza movimentou as massas de uma melhor forma, no entanto, muitas foram as atividades que tiveram o seu público reduzido por falta de publicidade e aviso prévio da mudanças de localizações.
A nível de aumento de comunidade a visitar o evento, penso que se verifica um número largamente maior que o do ano passado, porém, o Domingo teve um redução tal que é possível que tenha obtido ainda menos pessoas que na edição anterior. Todas as atividades, workshops em cooperação com tudo o que já foi dito e aquilo que fica por dizer, ajudam a criar um ambiente agradável e com certeza muito nostálgico na hora da despedida.
Não podemos deixar de mencionar o excelente staff e voluntários, pela brutal organização e cooperação que demonstraram para com os visitantes e restantes intervenientes do evento.
É muito bom vermos cada vez mais, a comunidade que gostamos e da qual fazemos parte a aumentar de ano para ano. Não só a aumentar em núcleo, mas também a aumentar o número de pessoas que já pertenciam a ela e que agora ganham finalmente coragem ou tiveram a possibilidade de marcar presença. De tudo de positivo e negativo que já foi referido, aquilo que deve ficar em nota final em relevo total é o Cosplay! A quantidade, diversidade e qualidade doscosplay no Iberanime foi algo inédito em Portugal. Cosplay de jogos, anime, manga, comics, séries e filmes, do mais recente ao mais antigo, todas as áreas tiveram a atenção devida por parte dos corajosos e criativos portugueses no departamento do cosplay.