No meio da correria para organizar o festival cultural, Mitsumi tem mais um burnout e Shima é obrigado a confrontar os seus medos.
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Skip to Loafer Episódio 10 – Opinião
A Família de Cantores?
Mal começou o episódio eu ia-me cuspindo toda. Já estava à espera que a turma de Mitsumi fizesse uma peça genérica tipo “A Cinderela”, mas qual não foi o meu espanto quando vi que eles iam fazer o famoso musical “Música no Coração”! A diferença é que mudaram o nome para “A família de cantores” o que tornou a coisa ainda mais hilariante.
Apesar de se poder considerar um crime eu nunca ter visto este filme (musicais não são muito a minha cena), quem cometeu a maior atrocidade foi Shima, a ser o habitual people pleaser que não sabe dizer que não. Neste caso, acho que ele ter dito que sim até foi melhor, já que fugir para sempre dos problemas não resolve nada. Para além disso, este contexto permite-nos conhecer mais um pouco da personalidade misteriosa de Shima. Ao conversar com o seu amigo, Shima revela que prefere manter os seus segredos e não se dar a conhecer aos outros, mesmo que isso signifique sacrificar possibilidades de uma amizade genuína.
Pessoalmente, entendo este medo do Shima. Dar-nos a conhecer aos outros, especialmente revelar as nossas fraquezas é assustador. Porém, o Shima é bastante extremista na sua forma de pensar, especialmente quando ele tem uma clara afinidade para se dar a conhecer, nem que seja apenas um pouco, a uma certa rapariga do campo.
Tu: Eu no passado
Como não podia deixar de ser, a Mitsumi está a mil a correr por todo o lado, mas ela ainda consegue aterrar-se mais em trabalho.
O seu espírito participativo é… demasiado intenso. O Shima já viu que vai dar para o torto a 7 milhas de distância, mas a Mitsumi ainda insiste em tentar só para falhar miseravelmente os seus compromissos irrealistas. Contudo, ao observar o frenesim da Mitsumi, Shima tem uma espécie de revelação: a Mitsumi lembra-o como ele era nos seus tempos de infância.
Para Shima, o entusiasmo inesgotável da Mitsumi por coisas novas e a sua perseverança face às suas falhas são características infantis, no bom sentido. É como se a Mitsumi tivesse crescido mas preservado a inocência, a honestidade e a energia de uma criança sempre curiosa. Durante estas lembranças, temos acesso ao passado de Shima, e à forma como ele utilizava o seu talento na representação para alegrar a sua mãe quando os seus pais discutiam.
Neste excerto é óbvio que a instabilidade familiar de Shima pareceu contribuir para o distanciamento que ele tem da sua família e em relação aos outros. Estabelecendo uma interessante metáfora entre a sua personagem na peça “Música no Coração” e a sua própria pessoa, Shima descreve-se como uma pessoa com falta de “convicção e fé” nos seus propósitos, que foge dos outros e dos seus sentimentos. Tal como Shima se menospreza a si mesmo, também ele ativamente menospreza a sua personagem, Johan, como se de uma extensão de ele mesmo se tratasse.
Posso ter esta dança?
Apesar de todas as suas aflições, Shima apressa-se a ajudar Mitsumi a lidar com o facto de ela não poder estar em todo o lado ao mesmo tempo. No meio de tentar consolar a Mitsumi, o Shima pensa em algo lindíssimo: ele deseja que a Mitsumi nunca sofra como ele sofreu, que ela se mantenha fiel a si mesma e que não deixe o mundo alterar a sua natureza genuína. Para mim, este momento é fenomenal, pois apenas desejamos algo desta natureza às pessoas com as quais nos importamos muito. Esta necessidade de proteger os outros de um mal que nos aflige é algo muito humano, e é algo que contraria a distância emocional de Shima.
No meio destes momentos sentidos e as metáforas teatrais entre a história da personagem de Shima e a sua pessoa, Mitsumi e o nosso golden retriever boy partilham a dança mais adorável de sempre. Não minto quando digo que gritei “que fofinho!” (em altos berros) quando vi esta parte. Devo confessar que gostei especialmente que a Mitsumi não tivesse sido escolhida para ser o “interesse amoroso” da personagem de Shima. Para mim, este retirar da Mitsumi da peça só torna este momento mais pessoal e íntimo para os nossos dois adolescentes.
Depois de completarem a missão “viver com sanidade na escola mais um dia”, é visível que a admiração que Shima sente pela Mitsumi cresce de segundo para segundo. Enquanto que no episódio anterior Shima ressalvava o quão “brilhante e distante” Mitsumi era, agora parece haver uma clara aproximação, e a Mitsumi está mais brilhante do que nunca.
Aliás, algo que acho muito interessante em Skip to Loafer é exatamente esta inversão dos papeis de “atividade” e “passividade” da Mitsumi e do Shima. Tipicamente, na literatura mundial, o papel de “admiração” é atribuído à figura feminina que é, por sua vez, mais passiva e dependente. Contudo, em Skip to Loafer, o papel de “admiração” e de passividade é deixado para Shima. No meu ponto de vista, esta é mais uma das maneiras através das quais esta obra mostra o quão flexíveis podem ser o papeis de género, e que nem sempre tudo tem que corresponder a um “guião” social previamente definido.
Contudo, no final do episódio, vimos que a mãe de Shima ficou a par da peça que o filho vai fazer para o festival. Como será que Shima irá reagir à sua potencial visita inesperada? Mal posso esperar!
E vocês? O que acharam de Skip to Loafer Episódio 10? Comentem abaixo a vossa opinião!