Transmitida durante as temporadas da primavera e verão do ano 2011, Steins Gate é uma série de ficção científica que alimenta um dos maiores desejos dos cientistas do nosso planeta, a construção de máquinas do tempo. Todavia, esta não é a única vertente principal da série, uma vez que, em conjunto com a evolução da ciência, a série também tem uma parte sentimental bastante intensa.
Steins Gate – A História
Rintarou Okabe é um jovem cientista com um comportamento deveras peculiar. Para além de se intitular muitas vezes de louco (mad scientist), Okarin (assim é tratado pelos amigos), usa muitas vezes o nome Hououin Kyouma como se fosse o seu. Por aqui, já dá para ver que esta personagem tem comportamentos bastante estranhos. Mas a melhor prova disso é quando Okabe simula chamadas telefónicas para si próprio, citando os mais diversos problemas, todos eles por culpa daquilo a que chama “A Organização”.
Algures em Akihabara, Okarin tem um pequeno espaço arrendado, no qual se reúne com os seus dois grandes amigos, Itaru Hashida e Mayuri Shiina. Como o nome daquela divisão indica (Future Gadget Lab), o trabalho ali desenvolvido é todo ele focado na criação de aparelhos tecnológicos revolucionários. O mais útil e interessante é mesmo o microondas que aquele grupo conseguiu transformar num aparelho capaz de mandar mensagens para o passado e, consequentemente, alterar acontecimentos futuros.
À medida que o microondas vai sendo desenvolvido e estudado pelos seus criadores de maneira mais minuciosa, vão se juntando àquele grupo de laboratório novos elementos que também vão influenciar esta invenção. Kurisu Makise é a personagem de Steins Gate que vai estar em maior plano, pois vai ter um papel verdadeiramente preponderante, após passar a fase de descrença naquele aparelho.
Acontece que aquele pequeno grupo em Akihabara não é o único a estudar o desenvolvimento de máquinas do tempo. Pelo contrário, há muito que o SERN, poderosa organização situada em Genebra, trabalha no mesmo assunto e pretende conduzir a humanidade a uma distopia.
A partir do momento em que Hashida vai fazer uso do seu talento como hacker para aceder a documentos secretos do SERN, Okarin e os seus companheiros vão passar a estar na mira daquele grupo de cientistas, que é mais perigoso do que se pode imaginar. Mais do que equipamentos tecnológicos, por causa desta batalha científica estarão em risco vidas humanas, que só alguém com o Reading Steiner poderá salvar, através de múltiplas viagens pelas diversas linhas de tempo.
Steins Gate – Ambiente e Enredo
Ao passar-se maioritariamente no ano 2010, o ambiente de Steins Gate pouco difere daquele que se vive na nossa sociedade atual. A diferença está apenas na máquina do tempo que, pelo menos até à data, é desconhecida a sua existência entre nós.
Estamos, portanto, diante de uma série que, apesar de ser maioritariamente científica e futurista, apresenta ambientes bem familiares a qualquer pessoa. A maior prova disso é a própria máquina do tempo. Ao ser um microondas configurado de maneira diferente, este não causa estranheza no espectador.
Olhando agora para o enredo, este é sem dúvida o ponto-chave da obra. É pura e simplesmente brilhante! Os mistérios criados em torno de algumas personagens, os acontecimentos mais inesperados, as teorias apresentadas para as consequências que as viagens no tempo implicam, tudo encaixa perfeitamente como um simples puzzle.
No meio de todos estes aspetos, surge aquilo que torna a série tão atrativa para adeptos e não-adeptos da ciência. Isto é, a vertente emocional e sentimental gerada pelas relações de proximidade entre as várias personagens.
Ao tentar manipular o tempo, seja para simples testes à maquina ou para alterações a acontecimentos passados, aquele grupo de jovens cientistas de Akihabara, particularmente o seu líder, Rintarou Okabe, vai se ver envolvido numa situação em que a correção de um erro implica a impossibilidade de recuperação de um outro (o dito efeito borboleta). Quem diz erros diz vidas de pessoas em risco, pelo que por aqui já se pode ter uma ideia da carga emocional que a série contém, não só pela própria história como, particularmente, pelo modo como estes momentos são concebidos.
Antes de se passar à próxima secção, nota ainda para a redundância existente nesta produção que, ao contrário do que se possa pensar, é positiva. O que acontece é que a máquina do tempo tem uma limitação. Apenas permite viagens no sentido presente-passado. Como a maioria das tentativas de alteração a acontecimentos passados passa pelo recuo no tempo de apenas algumas horas ou dias, há datas que são constantemente repetidas, embora com ligeiras mudanças. Assim sendo, é exigida a máxima concentração da parte do espectador, quer nestes momentos, quer nas alturas em que as teorias são explicadas ao público, para não se perder o fio da história.
Steins Gate – A Banda Sonora
A banda sonora é mais um ponto a favor de Steins Gate. Para além da música do opening que é fantástica, as diferentes badaladas instrumentais que marcam presença nas diversas cenas assentam-lhes que nem uma luva. Era capaz de dizer que algumas se calhar até se repetem demasiadas vezes ao longo de alguns episódios, mas a verdade é que são tão agradáveis que nem há coragem para apresentar queixa da situação.
Steins Gate – As Personagens
Steins Gate é também uma bela prova de como não são precisas muitas personagens para se construir uma obra de excelência. Na verdade, o facto da série contar apenas com cerca de 10 personagens relevantes faz com que os espectadores as consigam conhecer a fundo ao longo dos 24 episódios.
Neste tópico, vou apenas falar de quatro. Mais tarde ou mais cedo, Steins Gate vai passar pela rubrica “Personagens de Anime”, de maneira que assim evito correr o risco de tornar esta análise maçadora devido à carga de texto exagerada.
Começando pela figura principal, Okarin é alguém que nos primeiros tempos vai dar a entender ser mesmo um cientista louco, através das suas falas e, principalmente, pelos seus comportamentos estranhos. Todavia, com o avançar da história, Okabe vai provar ser alguém muito dado àqueles que lhe são próximos. Extremamente sensível e preocupado com o bem-estar dos outros, Rintarou não pára de surpreender durante toda a trama.
Aliados ao protagonista, no Future Gadget Lab, temos Itaru Hashida e Mayuri Shiina.
Hashida percebe bastante de informática e auto intitula-se o Super Hacker dos computadores. De referir ainda que, onde quer que esteja, Itaru está sempre a desafiar o lado perverso da mente das pessoas e não tem vergonha de ser um apaixonado por raparigas virtuais.
Já Mayuri, conhecida entre aqueles que lhe são próximos por Mayushii, é uma jovem do mais querido que pode haver. A presença de Mayushii no seio daquele grupo de investigadores não está propriamente relacionada com a ciência, mas sim com a sua capacidade de aproximar as pessoas umas das outras, de criar um ambiente alegre e divertido entre todos. Afinal de contas, onde quer que seja, a estabilidade nas relações humanas é super importante. Depois de verem a série, certamente que quando vos falarem de Mayuri a primeira coisa que vos vai vir à cabeça será a sua famosa saudação às pessoas, o Tu-tu-ruu!
Kurisu Makise é a última das personagens de Steins Gate a merecer destaque por aqui, o que não significa que seja a menos importante. Chegada ao Japão da América, Kurisu é uma investigadora com muito talento, mas com algum cepticismo sobre o fenómeno “máquinas do tempo”. Este será mesmo um dos principais aspetos que a levará a juntar-se a Okabe. Ou seja, o esclarecimento das suas dúvidas sobre o assunto. “Christina”, assim lhe chama Rintarou inúmeras vezes, vai andar constantemente em discussão (no bom sentido da palavra) com o líder do laboratório, algo que a pouco e pouco os vai aproximar e, fruto dessa aproximação, permitir encontrar soluções para diversos problemas e não só!
Steins Gate – Juízo Final
Antes de dar por terminada esta análise a Steins Gate, quero destacar o quanto complicado foi escrevê-la. Acabei de ver esta série há poucos dias atrás. Neste momento, ainda sinto uma extrema dificuldade em transmitir o quanto a obra me marcou, por aquilo que já referi em cima.
Resumindo, Steins Gate consegue ser uma série verdadeiramente emocional, quando à partida esse nem parece ser o seu grande foco. Seja pela ciência ou pelas emoções, por favor vejam Steins Gate, pois este anime está qualquer coisa de excecional. Do primeiro ao último episódio, a série não pára de crescer em termos de qualidade, o que desde logo faz da existência de desilusões e de partes mais aborrecidas uma raridade.
Não há muito mais que aqui possa dizer sobre a produção, pelo que vos vou deixar não com um, mas dois trailers da obra e ficar a aguardar pelos vossos comentários sobre ela. Já agora, lembrem-se que têm aqui mais uma boa sugestão para introduzirem alguém no mundo do Anime.
Despeço-me então com as mesmas palavras que Rintarou Okabe utiliza para terminar uma conversa telefónica: El Psy Congroo!
Steins Gate – Trailers
Análises
Steins Gate
Uma obra pura e simplesmente brilhante, pela qual todo o adepto da ciência, da física e de emoções fortes inevitavelmente se apaixona.
Os Pros
- A história.
- O enredo.
- As personagens.
- A banda sonora.
Os Contras
- Nem vê-los!