Taishou Otome Otogibanashi – Análise

• Título: Taishou Otome Otogibanashi
• Adaptação: Manga
• Produtora: SynergySP
• Temporada: Inverno 2021
• Género / Demografia: Comédia, Romance, Slice of Life, Histórico

 

Taishou Otome Otogibanashi – Análise

 

Depois da análise de Blue Period, cá nos encontramos novamente para nova análise!

Esta é “culpa” da Raquel, que teve a brilhante ideia de me recomendar este anime que me tinha passado ao lado. Desta forma, começo já por dizer que este anime não é brilhante, mas não deixa de ter o seu próprio charme. Aliás, diria que esta série é para quem anda com fome de um romance histórico e adorável que trata assuntos bastante sérios como a depressão e a desabilitação física. E a fome que eu tinha de um anime light hearted como este!

 

Tadinho do Tamahiko

Começo logo a análise com uma lista gigante de elogios ao Tamahiko. Depois de ter perdido a mobilidade da sua mão direita num acidente rodoviário, a família colou-o de parte como se ele fosse um inválido inútil. Pior do que isso, o pai dele é mau ao ponto de referir que o Tamahiko está “praticamente morto” aos olhos da família. Sem mais nada nem ninguém para onde se virar, Tamahiko fica com uma terrível depressão 🙁

 

 

Contudo, o modo como esta depressão é representada é muito tocante. Não é, de nenhuma maneira, algo demasiado dramático ou exagerado. Nota-se que o tema foi tratado de forma simples e com grande respeito pelas pessoas que passam pelo mesmo. De certo modo, é uma chamada de atenção de grande relevância para a importância da saúde mental. Porém, melhores dias virão, porque é neste momento de grande tristeza e aflição que Yuzu, a nossa maiden adorável, entra na vida de Tamahiko para a tornar 1000 vezes melhor.

 

Yuzu, o sol das nossas vidas

A Yuzu é tudo o que de bom existe neste mundo. Ela é um raio de luz que vem retirar Tamahiko da escuridão. Contudo, este processo de recuperação mental não é do pé para a mão, e é realista na forma como Tamahiko melhora gradualmente. É realmente inspirador observar tudo o que Yuzu faz para ajudar Tamahiko. O seu otimismo e dedicação são inabaláveis. Porém, Yuzu não é uma personagem perfeita ao ponto de não ser realista ou pouco interessante.

 

 

Tendo sido “comprada” como noiva de Tamahiko devido às dividas da família, Yuzu tem medo do seu futuro. Mas é claro que tem! E se lhe calhasse um homem bruto e horrível na rifa? Felizmente, Yuzu depara-se com o sensível e gentil Tamahiko e fica eternamente grata por, de todas as opções, ter ficado com alguém tão delicado e simpático. Assim, um casamento arranjado e tido como “obrigação” torna-se uma relação plena entre duas pessoas que, por acaso, gostam mesmo uma da outra. A isto é que eu chamo ganhar a lotaria da vida, Yuzu.

 

Devagarinho se vai ao longe

Relativamente à história em si, não há muito a dizer. Não por ser vazia e desinteressante, mas porque é adorável, pacífica e simples. Um simples fenomenal que nos aquece o coração. Quando Yuzu cozinha para Tamahiko, quando Tamahiko conhece mais pessoas e começa a dar explicações às crianças da aldeia… tudo tem uma atmosfera confortável e emocional que é muito satisfatória. Na verdade, considero esta história como sendo a “jornada de Tamahiko e Yuzu para a cura da alma”. Basicamente, aprender a viver com a dor do passado e as alegrias do presente, e ser capaz de dizer “eu mereço tudo de bom que acontece na minha vida”.

 

 

De certo modo, todas as personagens que vão aparecendo no caminho de Yuzu e Tamahiko acabam por contribuir para esta cura, mesmo que de forma dolorosa. O conflito de Tamahiko e Tamako, as canções lindas de morrer da Kotori-chan e de Hikaru …. tudo contribui de forma delicada para um “aprender a viver” das personagens com os outros e consigo mesmos. Assim, devagarinho e com a ajuda de todos os seus novos amigos, Tamahiko e Yuzu redescobrem o mundo através de inúmeras experiências que os colocam à prova.

 

Nem tudo é um conto de fadas

Algo que também fez com que gostasse ainda mais deste anime foi o facto de saber ser sério quando tem que ser. É muito fofinho e adorável, mas incorpora dramas reais que nos deixam a pensar. Neste caso, destaco a condição incapacitante de Tamahiko, mas todas as personagens possuem algo, por mais pequeno que seja, que as perturba e que as impede de viverem ao máximo, tornando-as fascinantes e misteriosas.

 

 

Destacando Tamahiko, muitos podem pensar que não ter mobilidade numa mão não é assim tão grave. Ok, se calhar ele tem que escrever com a mão oposta e não dá muito jeito, mas prontos, uma pessoa desencasca-se. Porém, não é este o caso. O anime destaca o quão difícil e inconveniente pode ser esta incapacidade. E é nesses momentos que nos apercebemos do quão diferente seria a nossa vida, só porque não podemos mexer uma mão.

Quando Tamahiko não consegue ir buscar água ao poço quando Yuzu está com febre, quando ele a encontra no incêndio em Tokyo e tem que a atar às costas por não conseguir pegar nela… são esses os momentos em que valorizamos e facto de termos duas mãos operacionais. Fiquem gratos por terem duas mãozinhas, minha gente.

 

Taishou Otome Otogibanashi – Análise

Conclusão

 

 

Taishou Otome Otogibanashi não é uma masterpiece que vai mudar a tua vida. A animação nem sempre é de grande qualidade, e existem partes pouco memoráveis. Contudo, é difícil de negar que existe um charme neste anime que te cola ao ecrã por horas. Aborda temas pouco comuns, tem os seus momentos de comédia e personagens interessantes. O desenvolvimento do romance de Tamahiko e Yuzu é bem explorado e não é, de maneira nenhuma, forçado.

Apesar de ser simples, este anime debruça-se sobre a importância de redescobrir o mundo e as nossas relações interpessoais, e irá certamente aquecer o coração daqueles que querem algo leve e agradável para ver. Porém, o anime não se limita a esta atmosfera “fofinha”. É um tanto realista na forma como deixa as suas personagens curarem-se gradualmente e tornarem-se pessoas melhores com a ajuda dos outros. Por vezes, a simplicidade e a banalidade das coisas é o que as torna tão especiais. A banalidade desta história é o seu charme e a razão pela qual a recomendo.