Yakuza, um nome forte na indústria de videojogos atualmente e largamente reconhecido mesmo que nunca jogado por ainda muito público. Um brawler que passou 11 anos em constante evolução de jogabilidade com frequentes mudanças, umas mais apreciadas que outras, mas cada nova entrada mudando o suficiente para nunca ficar aborrecido.
Kazuma Kiryu, uma personagem agora icónica, uma figura que milhões de pessoas reconhecem. O forte e imbatível Dragon of Dojima que foi para muitos a atração principal desta saga, o longo caminho percorrido em Kamurocho ao longo de 7 jogos.
Como é que se pega nestes elementos que foram sempre estáveis ao longo de uma longa saga e se substituem? Yakuza: Like a Dragon é uma ótima resposta.
Like a Dragon é uma reviravolta na série introduzindo nova jogabilidade, um novo protagonista, um diverso leque de novas personagens e a nova cidade de Yokohama.
Yakuza: Like a Dragon – Análise ao Jogo
Kasuga Ichiban, o nosso novo protagonista
Se Kiryu era um homem que raramente mostrava as suas emoções, Ichiban é exatamente o contrário, um imaturo ingénuo, mas sempre de bom humor e vontade.
Grande parte do jogo depende dele e de todas as emoções que ele revela, é um protagonista muito humano, completamente emocionável, seja para mostrar raiva como ficar extremamente excitado, e sinceramente não é nada mais do que incrível, melhor descrito como um amável idiota.
O sonho de Ichiban desde criança era ser um herói, como aqueles que ele via quando passava noites a jogar Dragon Quest para esquecer o mundo e é aqui que entra a segunda grande mudança, o jogo não é mais um brawler, mas sim um turn-based RPG.
Graças a todo o tempo que Ichiban passou a jogar Dragon Quest, ele tem uma enorme capacidade de imaginação, portanto vê todas as batalhas tal como se fosse um jogo.
Yakuza como sempre o conhecemos
Isezaki Ijincho em Yokohama é a nova fantástica cidade, três vezes maior do que estamos habituados com Kamurocho, pode quase parecer um sinal de aviso passar para uma cidade tão grande, mas garanto-vos que não desaponta.
O tamanho da cidade melhora imensamente a experiência, Kamurocho é facilmente reconhecível após jogar algumas horas, no entanto, com Yokohama é fascinante, mesmo depois de muitas horas de jogo existe sempre algo novo que não tínhamos visto, a atenção ao detalhe é a mesma a que estamos habituados.
É uma cidade grande, mas graças a todos os diferentes distritos e os contrastes entre eles, nunca fica aborrecida nem se torna overwhelming. E é aqui que a nossa história começa após dois capítulos introdutórios em Kamurocho, no entanto, nem tudo pode ser incrível em Yokohama…
Sem dúvida a parte mais difícil de adaptar, vindo de uma saga de ação frenética para um estilo mais lento e pensado, que já por si afastou alguns fãs.
O básico do combate é o mesmo que muitos jogos da mesma categoria, ataques básicos, skills, summons, itens e defesa. Todas as personagens têm pontos fortes e fracos, também variando com os itens equipados e as classes, em que todos têm uma longa e diversa seleção delas, alterando tudo desde habilidades à própria aparência das personagens.
No entanto, apesar de uma fórmula verdadeira e testada, é aqui que começam a surgir alguns pontos negativos.
A essência de turn-based é simples
Like a Dragon partilha de um problema que já o infame Final Fantasy XIII teve. Em combate, as personagens têm movimento livre, mas não é controlado por nós e não tem maneira de se dar a volta a este problema, tornando-se numa pequena dor de cabeça quando usamos habilidades que atingem vários inimigos, mas entre turnos eles decidem separar-se e o que seria um uso eficiente de um turno torna-se num desperdício.
Os níveis dos inimigos também pouco ditam o quão forte realmente são. Não são muitos, mas existem inimigos ao longo do jogo que apesar de serem muito mais fracos que nós, demoram uma eternidade a derrotar devido a terem uma quantidade absurda de vida. Apesar de não ser algo frequente, quando acontece consegue ser um pouco chato.
Nos capítulos 12 e 14 particularmente, existem dois momentos que fazem parte da história principal onde isto acontece, as lutas são aborrecidas e entram num ciclo de turnos interminável e repetitivo em que duraram mais de 15 minutos, apesar de eu estar bem acima do nível em relação aos bosses.
Algumas dungeons são igualmente pouco inspiradas graças ao tom realista do jogo, onde normalmente estaríamos a percorrer cavernas, castelos ou florestas. Em Like a Dragon andamos em esgotos e o que são essencialmente corredores no subsolo, o que se torna um pouco monótono visualmente por vezes.
Balancear o negativo com um positivo
Mas não é sem os seus méritos, os designs brilhantemente absurdos dos inimigos (graças ao Ichiban ser obcecado por RPGs), as animações soberbas, o flow das batalhas. Like a Dragon consegue integrar algo muito característico da saga no seu gameplay de forma incrível, toda aquela “maluquice” bem reconhecida de Yakuza é agora mais presente que nunca.
Um enorme positivo deste tipo de jogo mais relaxado é que nos deixa apreciar todo o trabalho que os desenvolvedores tiveram, onde antigamente a banda sonora servia mais como barulho de fundo nas batalhas, aqui serve um papel mais dominante, o que é ótimo considerando que passamos tanto tempo em batalhas.
É sem dúvida uma boa experiência e fazendo um balanço dos positivos e negativos dou os meus parabéns ao estúdio, é um sistema divertido e agradável, apenas com alguns pequenos percalços pelo caminho que acredito serão refinados na próxima sequela.
Like a Dragon também não nos falha no que toca ao conteúdo adicional, contando com muitas histórias opcionais, que são uma boa fonte de entretenimento, têm boas histórias que desenvolvem mais as nossas personagens, como oferecer um melhor conhecimento do passado, e outras que são simplesmente engraçadas, mas na sua vasta maioria quase todas valem a pena serem lidas e feitas.
Mas não é tudo! Temos também minijogos recorrentes como OutRun, UFO Catcher, basebol, dardos, karaoke, felizmente o port de Virtua Fighter 6 também se mantém e mais alguns em que fãs da saga já estão bem familiarizados. Uma das melhores novas adições é Dragon Kart, um minijogo de karts à semelhança de Mario Kart com power-ups e sinceramente é super divertido.
O estúdio realmente quis fazer esta entrada uma excelente representação e assim o fizeram, a quantidade de conteúdo completamente opcional é estonteante, é como se tivessem pegado em tudo o que existia antes e tivessem feito uma compilação e são sempre distrações bem-vindas quando nos apetece jogar mais, mas não progredir na história.
Veredito
Yakuza: Like a Dragon é uma fantástica nova entrada que revigora a saga, para quem já seguia é um retoque refrescante na fórmula que existia até agora, usa muito do que já estávamos habituados e gostamos e enquanto se sente familiar ao mesmo tempo, é algo completamente novo. Para quem não é fã da saga e quer entrar no mundo de Yakuza, é o ponto perfeito de iniciação sem ter de pensar que tem 7 jogos pela frente.
Like a Dragon é um novo começo e preenche um bom nicho, um JRPG adulto com personagens e experiências reais e relacionáveis. É um jogo que proporciona uma realidade muito humana e todo o absurdo igualmente presente serve quase como que uma leve distração de que afinal de contas estamos a jogar algo.
Uma fantástica história cheia de voltas e surpresas, um elenco carismático, uma excelente e viva cidade a explorar, um bom sistema de combate e uma ótima banda sonora, Like a Dragon é um excelente esforço do estúdio em tentar renovar a saga e na minha opinião foi super conseguido, deixa-me ansioso por saber a continuação do nosso grandioso Ichiban e o seu brilhante futuro na saga!
Análises
Yakuza: Like a Dragon
Uma aventura realista e absurda que traz uma lufada de ar fresco ao mundo de Yakuza.
Os Pros
- Elenco forte e vívido;
- Humor;
- Sistema de combate;
- Tom realista de toda a história.
Os Contras
- A história demora algum tempo a realmente começar;
- Algumas funções são limitadas até progredir o suficiente;
- As poucas vezes que as batalhas obrigatórias são simplesmente o inimigo com uma tonelada de vida estragam um pouco o flow da história.