Como se costuma dizer em bom português: “Prognósticos? Só no final do jogo!”. E esta é a verdade. Principalmente num país de desconfiados como o nosso, onde reside sempre a dúvida perante a nossa qualidade produtiva cultural. Muitas foram as especulações que foram nascendo durante o passar dos meses, em que este conceito inovador se foi entranhando nas nossas mentes. A realidade é que, estas projeções roçavam, na sua maioria, o lado negativo. Já não sei se será pessimismo português, ou falta de capacidade de acreditar que iremos um dia ter aqui dentro, deste pequeno e “isolado” país (a nível cultural), aquilo que tanto nos agrada pelos lados internacionais.
Custou-me muito ler o negativismo que contaminou muitas “redes sociais” em relação a este evento, e custa-me ainda mais ler pseudo-crónicas que criticam o evento pelas razões mais irrisórias possíveis. Queixaram-se de filas, queixaram-se de pormenores técnicos, queixaram-se “disto” e “daquilo”, e alguns com coragem suficiente para afirmar que nem estiveram presentes no evento. É provável que pensem que a Comic Con em qualquer outro país seja perfeita, mas não o é. As filas tem o dobro, o triplo ou o quadruplo do tamanho, os tempos de espera são ainda maiores, os problemas de transporte são mais elevados, e assim sucessivamente. Já para não falar que numa Comic Con internacional, teriam que esperar um dia inteiro se quisessem ver nomes como Natalie Dormer no cartaz, isto se a conseguissem ver (claro).
Portanto, a organização, para uma primeira edição merece uma grande salva de palmas. Todos os eventos decorreram com uma boa fluidez e profissionalismo. Na sua maioria seguiram a programação, o evento não mostrou qualquer problema, e ainda se mostraram à altura de lidar com um nível populacional que saltou quase para o dobro das expectativas iniciais.
Em forma de conclusão, e olhando para uns anos atrás, não tínhamos eventos de cultura Geek, e quando os tínhamos eram centralizados na capital, ou noutras periferias mais deslocadas. Num curto espaço de tempo, os eventos cresceram em quantidade e em qualidade. A comunidade diminuta cresceu, e começa a ganhar uma voz cada vez mais audível, afirmando-se nos mais variados departamentos, seja como críticos de arte, como criadores, como lojistas, ou até empreendedores de eventos. Respondendo então à questão: o evento foi um sucesso ou fiasco? Sem dúvida alguma que foi um sucesso. Mostrou não só que é possível fazer algo em grande por terras portuguesas, como também que é possível ir muito mais além.
Deste modo, não é necessário mudar de país, de pessoas ou de entidades, mas sim as mentalidades individuais que constroem cada comunidade, de qualquer departamento de cultura Geek. Pois são estas que dão vida aos eventos, e sem elas, mais “Comic Cons” não poderão existir, nem evoluir!
Um muito obrigado Comic Con, e até à próxima edição!