Este artigo foi originalmente publicado em Japonês no Animate Times e traduzido posteriormente para inglês por Kim Morrisy. A entrevista não é aconselhada a quem não viu, ou leu, Re:ZERO pois contém spoilers de pontos chave da narrativa.
Re:Zero – 10 Curiosidades que Precisas saber
“Re:Life in an Interview from Zero” é uma série de entrevistas com alguns membros que se encontram por detrás da produção de Re:ZERO como por exemplo: seiyuus, interpretes das músicas, realizador, compositor, etc. Esta entrevista é uma conversa entre Watanabe Masaharu (realizador) e Suehiro Kenichirō (compositor), e foi publicada na edição 16 da revista Animate Times. Nesta poderão ficar a conhecer as fixações de Watanabe-san durante o processo de produção da série, a forma como ele vê a personagem Subaru, as suas cenas favoritas, e muito mais.
Como se sente em relação a Re:Zero?
Watanabe: O light novel teve um grande impacto em mim. Tal como aconteceu com o Suehiro-san, também chorei a ler a história. Quando comecei a trabalhar neste projeto, existiam apenas 5 volumes lançados, mas pouco tempo depois de começar a ler o novel, quando aparece o Betelgeuse, eu já estava completamente vidrado. Ele no anime aparece no episódio 15, mas depois disso eu estava a morrer por saber o que acontecia.
Além disto, a parte que o Subaru se suicida naquele penhasco também teve um grande impacto em mim. “Quem diria que existia um escritor que se lembraria de algo assim?”, pensei eu. Cada palavra escrita por ele perfura-vos o estômago. Se me tiver que descrever como ser-humano diria que sou um pouco “reles”, então identifico-me muito com o Subaru. [gargalhada geral]
Watanabe: Eu estava em completa sincronia com o Subaru porque eu teria dito e feito as mesmas coisas que ele. É aquele tipo de história que vos faz criar empatia pela personagem: quando ele estiver confuso sem rumo, vocês vão-se sentir dessa forma, quando ele morre vocês vão sentir como se estivessem a morrer, e quando ele ganha motivação e luta pelo que acredita vocês também vão ficar com esse sentimento.
Suehiro: Se olharem para a narrativa de forma isolada, é uma fantasia como tantas outras, mas fiquei genuinamente surpreendido com o conceito da habilidade “Return by Death”. Estou ansioso por saber o que acontece a seguir.
Watanabe: A história e cenário até podem ter muitas semelhanças com jogos, mas as emoções das personagens são tratadas de forma séria, de forma dramática. Não consigo desviar o olhar de todas as complexidades que se encontram nesta narrativa.
Suehiro: A execução é incrível.
Que tipo de coisas foi pedindo à equipa quando estava a realizar o anime? O que pretendia atingir?
Watanabe: Eu pedi que os designs das personagens, bem como a história, retratassem a essência do novel da forma mais fiel possível. As ilustrações do novel são muito detalhadas, o que me preocupou, pois não sabia como certos aspetos ficariam quando traduzidos para o anime. Felizmente os designs de Sakai Kyūta-san saíram ainda melhores do que eu tinha imaginado, então não houve qualquer tipo de problemas nesse aspeto.
De qualquer das formas, pensei bastante sobre como adaptar certas partes que gostei no novel e que considerei muito interessantes para estarem presentes no ecrã… ainda que ache que não tenha capacidade para tal. A minha intenção foi fazer tudo o que fosse possível para dar vida aos momentos chave da história. Pedi ao departamento de arte que usasse o mais possível as ilustrações de Ōtsuka Shinichirō, presentes no light novel, como guia para desenhar os cenários. O Ōtsuka-san, no passado, foi ilustrador de trabalhos relacionados com jogos, então ele começa sempre por desenhar os cenários e depois os personagens. Quando estava a trabalhar na adaptação anime, tentei que o visual fosse o mais fiel possível ao que é apresentado no light novel, de forma a que o light novel e a adaptação anime fossem consistentes de forma transversal.
Qual a vossa opinião sobre o Subaru?
Watanabe: Eu pensei: “Sou EU!” [risos] Há partes da personalidade dele com as quais muita gente se vai identificar, principalmente os jovens rapazes. Eu nem tive que me desconstruir, bastou um olhar para ele para entender que o via como uma versão de mim.
Suehiro: Tal como o realizador já mencionou, é fácil empatizar com a imaturidade dele mas, no fundo, no esquema geral da história, o papel dele na narrativa e a sua habilidade “Return by Death” são coisas completamente típicas do género da fantasia. Apenas o Subaru em si é que é um aspeto irregular. A presença de Subaru faz com que tudo se torne impossível de antecipar. Eu acho que o suspense de fazer roer as unhas é a grande qualidade da série.
O Subaru é constantemente criticado por ser “irritante” e “sem vida”. Este tipo de resposta do público foi algo que vocês criaram de forma intencional?
Watanabe: Isso, e muito mais! [risos] Podem ver por exemplo pela cena em que ele e a Emilia discutem, eu não o retratei como um parvo comum. Essa cena é apenas a última gota de água na relação deles… O Subaru acaba por se tornar num parvo com um ar trágico. A música tornou o momento muito atmosférico. Sinto que a cena é muito satisfatória, como se tudo isto já estivesse para acontecer há muito tempo.
Agente publicitário: Quando o Subaru entra no meio da seleção de candidatos tapei logo os meus olhos apenas por instinto.
Watanabe: Faz-nos pensar em experiências embaraçosas que nos tenham dado um sentimento semelhante.
Suehiro: Sem dúvida. Foi bastante embaraçoso. [risos]
Houveram muitos episódios em que a abertura e o fecho não foram transmitidos, e até houve outras vezes que foram usadas diferentes versões das músicas. Por ser algo tão incomum acabou por gerar bastante debate sobre o assunto. Qual foi a vossa intenção perante estas escolhas?
Watanabe: Não foi bem intencional. Na verdade eu queria utilizar a abertura e fecho na sua integra, mas era impossível porque temos limite de minutos por episódio. A ideia inicial era deixar a música de fecho tocar até entrar na parte principal do episódio. Mas não ia correr bem. Não usamos porque tínhamos muita história para contar e optámos por contar a história toda em vez ter aberturas e fechos. No episódio 7 usei deliberadamente um fecho especial, mas outras vezes simplesmente foi acontecendo. Pensei, porque não? Assim o público não se vai aborrecer.
Por vezes até tinha uma cena extra depois do fecho. É bom quando o público não sabe onde o episódio vai terminar.
Watanabe: Fomos fazendo o que podíamos à procura da melhor forma de o fazer. Para ser sincero, quis sempre que os episódios tivessem abertura e fecho.
Qual é a sua cena favorita?
Watanabe: Quando eu estava a ler o novel, a cena que me fez querer adaptar esta história em anime foi a do episódio 7 quando o Subaru salta do penhasco. Também gostei muito do final do episódio 14 quando a Rem morre, bem como fecho do episódio 15. Ah! Eu já revi as últimas cenas do episódio 1 e do episódio 6 várias vezes. [risos] Eu adoro aqueles sentimentos de desespero, loucura, tensão, então quando esse tipo de elementos emocionais se encontram no seu pico, é quando me arrepio todo. E em Re:ZERO isso não foi excepção. Este tipo de momentos tornaram-se nas minhas cenas favoritas, e levou-me a ver e rever imensas vezes os episódios 7, 14 e 15.
Suehiro: Essa cena do episódio 7 transmitiu-me algo diferente, quando comparo com aquilo que senti quando estava a ler o novel. Eu gostei da forma como foi feito no anime. Foi espetacular a forma como a música se sincronizou com as emoções cruas que estavam a ser retratadas na cena. É muito raro acontecer de, num anime, ser exibida a versão longa de uma música, e fiquei completamente imergido na cena. Acabou por se tornar numa das minhas favoritas.
Esta série de entrevistas tem um segmento onde os entrevistados anteriores deixam questões para os seguintes. Na anterior tivemos Kobayashi Yūsuke, a voz de Subaru, e Minase Inori, a voz da Rem. Questão para Watanabe-san de Kobayashi-san: “Considero que muitas das sequências estão dirigidas de uma maneira mesmo única. Gostaria de saber a razão por detrás da direção dada na cena final do primeiro episódio, onde o Subaru e a Emilia se refletem nos olhos um do outro.”
Watanabe: Eu queria expressar como, afinal e apesar de tudo o que se passou, o que estavam a ver era uma mentira. A pessoa que estavam a ver não é a pessoa que foram antes daquele preciso momento. O reflexo por si só não mostra qualquer tipo de expressão facial ou emoção, mostra apenas uma pessoa familiar. Pergunto-me se fui capaz de expressar isso naquela cena final. Além disso, eu queria que esta sequência carregasse uma simbologia ao logo do desenvolvimento narrativo. É quase como se aquelas imagens significassem um tipo de fim de algo.
Eu gosto muito de reflexos. Uso-os com frequência noutros trabalhos, aqui quis ir um pouco mais além e fazer algumas experiências com os olhos. Porque isto mostra a forma como eles estão ligados um ao outro. Senti que seria porreiro mostrá-los primeiro em carne e osso, e só depois nos reflexos. E no fim corta para o título do episódio. Bam!
Agora a questão da Minase-san: “Nota-se que o realizador tem uma grande sensibilidade e ligação com as emoções de todas as personagens, mas eu gostava de saber se ele sente isto com mais força por alguma em particular?”
Watanabe: Antes de fazer o anime, os meus favoritos eram o Subaru e a Beatrice, mas conforme fui mergulhando no desenvolvimento do anime vi-me cada vez mais a gravitar para o personagem Puck. Eu gostava de ter um Puck para mim. [risos] Gosto mesmo dos animais que aparecem no mundo de Re:ZERO. Antes daquele pequeno cão se transformar num dos Chefes dos Wolgarms, parecia mesmo doce. No que me diz respeito, o meu amor vai para os animais, e neste momento o meu coração pertence ao Puck.
A Emilia e Rem são as duas heroínas de Re:ZERO. Qual delas escolheria?
Watanabe: Essa é uma questão muito complicada. Não importa quem eu escolha, vai haver sempre gente insatisfeita com a minha resposta. [risos] O papel da Rem na narrativa é o de sub-heroína, enquanto que a Emilia é mesmo a heroína. Eu dirigi o primeiro episódio todo na integra e fiz o máximo possível para que as cenas dela ficassem impecáveis, com presença forte, de modo a compensar a falta de tempo de ecrã que ela tem mais para a frente. Fiz com que usasse várias roupas e que deixasse uma impressão decalcada no público. Para mim a heroína é a Emilia, mas claro que há gente que não vai acreditar nisso. Porque, apesar de tudo, a Rem age muito mais como uma heroína. [risos] Mas, por favor, não se esqueçam das cenas que retratam a Emilia como a heroína.
Suehiro: Eu gosto da Rem, e já gostava quando estava a ler o novel, mas ao ver o anime, todas as experiências feitas com a Emilia foram muito bem executadas. As cenas em que ela tem outras roupas e penteados ficarão para sempre marcadas na minha mente.
Watanabe: A sério?
Suehiro: Pensei: “A Emilia é mesmo bonita. Uma verdadeira heroína.”
Agradecimentos especiais a Kim Morrisy do site Crunchyroll por ter traduzido e disponibilizado esta entrevista.
Fonte: Crunchyroll
Gostaram? Vejam mais artigos semelhantes:
Comentários sobre post