O filme japonês Asako I & II, do realizador Ryûsuke Hamaguchi, estreou em território nacional no dia 17 de outubro de 2019, pela distribuidora Leopardo Filmes.
A longa-metragem será exibida em várias salas do país, sendo elas: Salas Medeia Filmes: Espaço Nimas (Lisboa), Teatro Campo Alegre (Porto), Cinema Charlot (Setúbal), TAGV – Teatro Académico de Gil Vicente (Coimbra), Theatro Circo (Braga) e CAE – Centro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz.
Podem ler mais informações sobre este filme, no artigo abaixo:
Asako I & II – Filme Japonês estreia em Portugal pela Leopardo Filmes
Esta entrevista foi obtida através do documento de imprensa deste filme, pela Leopardo Filmes.
Entrevista ao Realizador de Asako I & II – Ryûsuke Hamaguchi
Este filme é uma adaptação…
Eu gosto muito do romance da Tomoka Shibasaki que tem, a meu ver, dois focos de interesse: a estranheza de uma mulher que se apaixona ao mesmo tempo por dois homens que têm feições exactamente iguais, e a descrição precisa do quotidiano. O longo processo de desenvolvimento do projecto chegou a um ponto em que me questionei sobre a possibilidade de adaptação. Foi só quando conheci Masahiro Higashide (Baku/Ryohei) e Erika Karata (Asako) que senti que o livro podia ser adaptado. Para mim, esse encontro entre o romance e o elenco foi um sinal incontestável do destino.
Qual é a diferença entre o filme e o livro original?
Eu segui simplesmente o romance. A parte final teve um grande impacto sobre mim, e li o livro a pensar que havia nele algo muito cinematográfico. O romance é escrito na primeira pessoa, por isso modifiquei várias partes nas quais me parecia difícil a adaptação cinematográfica, de forma a facilitar a compreensão do público. Mas tenho a sensação de que me mantive fiel ao livro, sempre me foquei no lado divertido do original quando estava a escrever o argumento, e até durante a rodagem.
Qual é o seu método de ensaio com os actores?
No meu filme anterior, Happy Hour, passámos pelo processo de leitura do argumento antes de filmar (igual ao método de leitura dos argumentos de Jean Renoir). Para Asako I&II, foi basicamente o mesmo. Os dois protagonistas estavam completamente empenhados na leitura que antecedeu a rodagem,e foi só apurar alguns detalhes. Lemos o argumento e fomos filmar. Quando começámos, deixei-os simplesmente actuar. Eu tenho uma espécie de desejo primordial de decidir tudo no momento, mais creio que não é assim que os actores se preparam. Quanto mais fresco é o take, melhor, e quanto mais eles se vão acumulando, menor a surpresa. Resumindo, a leitura do argumento é como um amuleto da sorte.
De onde veio a escolha da iluminação, com notas de sombra que dão à imagem alguns tons de desassossego?
Eu basicamente deixei tudo nas mãos do director da fotografia, Yasuyuki Sasaki. Tinha no total três pessoas da equipa para a câmara e iluminação, e acredito que o Sr. Sasaki pensa em como fazer as coisas com pouca luz. Não me desagrada o facto de haver algumas sombras. Acho que é porque há algo de inquietante. É uma história de amor mas contém desde o início uma certa quantidade de angústia, e faço o meu melhor para mantê-la viva.
Sr. Higashide desempenha Baku e Ryohei; qual é a diferença entre os dois papéis?
Os personagens são directamente oriundos do romance. Baku tem um espírito livre enquanto Ryohei é mais convencional, não sei se existe algo como o homem japonês comum, mas ele parece-se mais com isso. Asako gosta de Baku mas gosta também de Ryokei porque ele tem exactamente a mesma cara. Quando eu escrevi as personagens, pensei em diferenciar as linguagens, Higashide é o Higashide, independentemente do resto. Acredito que se as palavras usadas são diferentes, o corpo mexe-se de outra maneira, por isso para fazer isso de forma simples, Ryohei fala kansai-ben [dialeto da região do Kansai] enquanto Baku fala hyojun-go [língua standard oficial]. Mas falando kansai-ben Ryohei é alegre e com um espírito aberto enquanto Baku guarda as coisas para si. Espero que esse uso da linguagem divida naturalmente a atuação de Sr. Higashide.
Quais foram os seus motivos para escolher Sr. Higashide para este papel?
Ele tem uma dualidade fácil de compreender. Vi-o pela primeira vez em The Kirishima Thing, e depois em Parasyte, em Creepy de Kiyoshi Kurosawa e também na TV. Quando o vi na tela, tive a impressão de que ele tinha essa dualidade e que se podia entender muito claramente. Então tive a intuição imediata de que seria incrível se ele conseguisse desempenhar esses dois papéis difíceis.
Em comparação com o Sr. Higashide, a Sra. Karata tem menos experiência como atriz, isso mudou algo na sua direcção?
Acho que não. Acho que a leitura do argumento com o Sr. Higashide foi algo de importante. Eles aprenderem a confiar um no outro através do processo, e isso criou uma sinergia. Fizemos a leitura do argumento e os ensaios com essa confiança, então não senti que estava a trabalhar de forma diferente.
Abaixo podem conhecer melhor o trabalho do realizador.
Filmografia do Realizador
2018 – Asako I&II / Cannes, Competição
2015 – Happy Hour / Melhor atriz, Locarno Film Festival
2013 – Storytellers (documentário), Touching the Skin of Eeriness
2012 – The Sound of Waves (documentário), Intimacies
2010 – The Depths
2008 – Passion
2007 – Solaris
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Fonte: Press Leopardo Filmes