Através da Outsider Films e no âmbito do Monstra Festival, Portugal recebe não um, mas sim dois filmes do célebre estúdio: As Asas do Vento (Hayao Miyazaki) e O Conto da Princesa Kaguya (Isao Takahata).
No passado dia 17 de março, no cinema S.Jorge, em Lisboa, ocorreu a estreia do filme Kaguyahime no Monogatari.
O filme trata-se da mais recente produção dos Estúdios Ghibli, baseada n’O Conto do Cortador de Bambu, nomeada este ano para os Óscares da Academia. A obra narra a história de uma rapariga pequena encontrada no talo de um bambu, que rapidamente se torna numa jovem delicada.
A obra prima da Ghibli acabou por proporcionar mais uma experiência cinematográfica, a todos os espetadores que preencheram a sala do grande Cinema S. Jorge.
O ptAnime esteve igualmente presente na estreia! Numa sessão completamente esgotada, os nossos dois membros contemplaram, com enorme satisfação, o enchente de amantes e curiosos pela arte de animação japonesa. Muitas vezes inferiorizada perante outras produções de animação ocidental, a fantástica receção por parte do público português foi um óptimo presságio para as entidades envolvidas.
Uma experiência cinematográfica a não perder!
Se dúvidas haviam face à qualidade do filme, essas dissiparam-se, envolvidas pela apaixonante narrativa e visual original, guiando as centenas de espetadores num mar de cores, luzes e efeitos de fazer sonhar.
“A primeira coisa que saltou à vista foi o fato de a animação não ser tão polida quanto os outros filmes que vi do Estúdio Ghibli. No entanto, é uma alteração que é fácil de se habituar e que acaba por dar outra dinâmica e ambiente ao filme.”
As críticas faziam-se esperar de todos os lados, afinal de contas trata-se de uma obra japonesa, com um design bastante diferente do desenho tipo transmitido na maioria da animação cinematográfica atual.
Contudo, no que diz respeito ao traço simples e fluidez não tão polida, para além de uma estranheza inicial, nada mais foi denotado, como relata a nossa representante Patrícia. Seriam as críticas direcionadas à complexa língua japonesa? A maioria pouco habituada ao dialeto japonês, terminou fascinada com a qualidade dos atores responsáveis por dar voz ao filme.
“A versão passada no Monstra Festival foi a original, sendo que o voice acting está excelente, bem como a banda sonora, que assenta perfeitamente no filme e que dá aquele misticismo típico dos filmes deste estúdio.”
Nomeado para os Óscares da Academia, era de se esperar à partida, um filme com uma qualidade a cima da média, quer em termos narrativos como visuais. O que ninguém esperava era ser completamente embrenhado num mar de emoções, suscitando ao corajoso público uma experiência visual e auditiva. Desde gargalhadas, a choros contidos, de tudo um pouco esta grande obra proporcionou. Um verdadeiro pináculo da produção de animação que deixou todos rendidos.
“Algo impressionante foi a capacidade do filme de fazer a audiência rir com os pequenos momentos tolos, mas também de a fazer chorar com certas partes do filme. Houve bastantes momentos inesperados no filme, o que fazia com que continuasse com os olhos vidrados no “ecrã”.Não houve, no geral, uma única vez que sentisse que o filme se estivesse a tornar aborrecido, mesmo sendo um filme de duas horas, pois a dinâmica do mesmo foi muito bem conseguida.”
Para terminar, deixo mais uma vez um apelo a todos, amantes ou não da arte anime, que se dirijam aos cinemas, participem no que poderá ser um verdadeiro “efeito borboleta” da cinematografia portuguesa, abrindo portas para que mais obras como esta possam ter lugar nos cinemas portugueses. Não percam esta oportunidade rara e agarrem-na nos 15 dias em que estará em exibição nos cinemas.
“Após o filme, só saí a pensar nele, o que para mim só mostra o quão bom ele foi e espero que depois deste venham muitos mais filmes feitos pelo Studio Ghibli.”
Não vão querer perder algo assim, pois não?