Ao acompanhar a indústria dos jogos regularmente, conseguimos perceber o quão importante o marketing é para qualquer videojogo: entre os trailers, os cartazes, os bónus de lançamento e muitos outros métodos de anunciar um grande jogo que se avizinha, este passo é fundamental para um jogo ter uma vida próspera e traga lucro aos seus desenvolvedores a partir das suas vendas.
Tendo isto em conta, há jogos em que, por algum motivo, seja porque os publicadores não viram potencial na ideia ou porque não confiavam que competisse no panorama da indústria, não apostam em publicitar o jogo de todo e simplesmente deixam-no cair nas lojas.
Seja por qual for o motivo, isso foi o que a publicadora Bethesda Softworks fez com o mais recente lançamento dos desenvolvedores previamente conhecidos pela saga The Evil Within, Tango Gameworks, que trouxeram ao mundo aquilo que será lembrado como um dos êxitos mais inesperados de 2023: Hi-Fi Rush.
Assumindo o controlo de Chai – o “defeito” – e com a ajuda da sua equipa, estás pronto para uma aventura cheia de diversão, ironia e boa música.
Hi-Fi Rush – Análise ao Jogo
Jogabilidade
Para quem já está familiarizado com outros jogos do género, a jogabilidade de Hi-Fi Rush partilha de bastantes elementos em comum com, por exemplo, Devil May Cry. Isto não significa que o jogo sofre de qualquer tipo de falta de inovação, uma vez que é exatamente na utilização destes elementos já conhecidos que o jogo brilha.
Aqui valoriza-se ritmo acima de tudo: não basta sabermos as combinações todas, temos de as saber aplicar ao ritmo da música que está a tocar e com eficácia e rapidez. No final de cada batalha, o jogo atribui uma nota pelas vezes que acertamos no ritmo ao realizar estas combinações, pela velocidade com que as realizámos e pela quantidade de pontos que obtivemos, que normalmente é proporcional à complexidade das nossas ações.
O combate tem o seu grau de profundidade e dificuldade, sendo completamente normal levar um bom tempo de jogo para o dominar, mas apesar disso, diria que é perfeitamente maleável à habilidade de qualquer tipo de jogador, uma vez que existe a já conhecida escolha de níveis de dificuldade para ajustar à experiência que se pretende.
Este aspeto é um dos pontos mais positivos do jogo, e fica cada vez melhor conforme se progride nele, uma vez que a cada nível se desbloqueiam novos melhoramentos para realizar, que servem para aprendermos novas combinações ou habilidades especiais, e novos personagens que se juntam à nossa equipa, e que nos podem ajudar em combate. No final de cada nível, tem um boss para pôr à prova as novas habilidades, assim como o que foi aprendido até aí, sendo isto para mim os momentos mais divertidos do jogo.
Mas o que Hi-Fi Rush tem para oferecer não fica pelo combate: podes contar com níveis enormes (com cerca de 30 a 40 minutos dependendo do que se explorar), com plataformas para saltar, locais secretos para descobrir e vários minijogos pelo caminho que te permitem progredir no nível ou mesmo desbloquear certos bónus como mais vida ou dinheiro.
Cada um destes níveis é perfeitamente bem desenhado, cheio de cenários muito bonitos e inspirados, com música que não só complementa como toca nos mesmo BPM que vários elementos do cenário.
A forma como todos os elementos visuais e auditivos do jogo se unem de forma tão bem pensada, somado ao facto de que em todos os níveis vai ser introduzido algo novo para te entreter e interagir com o mapa, leva a uma experiência que vai fazer com que não queiras largar o comando por umas boas horas.
Música
Sendo a música uma das partes mais importantes do jogo, podemos contar com peças extremamente bem conseguidas e com a presença de outras licenciadas pelos Nine Inch Nails e The Black Keys. Isto não tira crédito aos compositores originais do jogo, que tornaram algumas músicas muito cativantes e perfeitas para as cenas em que foram usadas.
Tendo isto dito, apesar de achar que a qualidade da música em si não tem nada de mau que se apontar, a variedade e a forma como esta soa poderia ter sido mais bem explorada.
Muitas das músicas soam demasiado semelhantes ao longo das fases, o que faz com que a de alguns níveis e/ou secções seja um pouco esquecível – tanto que a música que mais tem sido elogiada pelos fãs destaca-se do resto por ser uma mudança completa do género.
História
A história de Hi-Fi Rush é bastante fácil de digerir, sem qualquer tipo de grande complexidade. Entramos no papel de Chai, um rapaz de 25 anos que se dirige à Vandeley Technologies como cobaia para substituir o seu braço desmembrado a partir do Projeto Armstrong – um programa de testes para substituição de partes corporais por membros cibernéticos.
Ao passar pela fase de testes, um leitor de MP3 que trazia (e que tinha sido deitado fora por um dos guardas) é acidentalmente fundido com ele, fazendo com que o Chai comece a sentir uma conexão musical com tudo o que o rodeia. Por causa disto, é identificado pela fábrica como um defeito e começa a ser perseguido pelos guardas e chefes.
A partir daqui, assumimos o controlo e temos de ajudar o nosso protagonista a escapar da fábrica. Ao longo da história, conhecemos personagens que partilham os nossos objetivos, todos bastantes carismáticos e memoráveis. Tal como os vilões, que nos oferecem batalhas interessantes e são todos incrivelmente únicos.
Tudo isto, somado ao bastante sólido alívio cómico e cenas extremamente bem animadas, contribui para uma incrível jornada, que certamente nunca irás esquecer.
Veredito Final
Hi-Fi Rush é um dos jogos mais divertidos que dos últimos tempos, e apesar de estarmos apenas no início do ano, duvido que abandone esse patamar. Tem um combate excelente e bem polido, uma história simples, mas cativante, e uma ótima banda sonora, sem falar do conteúdo pós-história que o jogo ainda tem para oferecer.
Espero que a Bethesda considere em expandir esta franquia com mais jogos no futuro, uma vez que tem potencial para ficar ainda melhor.
Análises
Hi-Fi Rush
Uma experiência excelente e viciante acompanhada de música cativante que vai prender o jogador ao ecrã por horas sem fim.
Os Pros
- Jogabilidade viciante e bem polida
- Boa música
- Personagens inesquecíveis
- Animações 2D e 3D excelentes
Os Contras
- Falta de variedade musical
- Alguns problemas de framerate