Título: Kyoukai no Kanata | Beyond the Boundary | Beyond the Horizon
Adaptação: Light Novel
Estúdio: Kyoto Animation
Temporada: Outono 2013
Demografia | Género: Slice of Life, Sobrenatural, Fantasia
Kyoukai no Kanata | Análise
Baseada no novel de Chise Kamoi e Nagomu Torii com o mesmo nome, Kyoukai no Kanata surge como uma das grandes apostas da temporada de outono de 2013. As expetativas visuais faziam jus ao estúdio responsável pela adaptação, a grande Kyoto Animation, faltava saber se também a história seria tão magnífica quanto as promessas inerentes a toda a produção. Será que conseguiu conquistar os ávidos espetadores?
História
Após um dia normal de escola, o estudante de segundo ano do secundário, Akihito Kanbara, deteta a presença de uma bela rapariga de óculos vermelhos, no parapeito da escola. Perturbado pela aparente tentativa de suicídio, corre em seu auxílio. Fascinado pela beleza da jovem e o quão bem ficava de óculos, Akihito apela ao bom senso bem à sua maneira.
“Quão desagradável”, foi o que obteve de resposta. O fetiche de Akihito acaba por adulterar o seu discurso e conduzir a eventos longe dos esperados. A estranha jovem num movimento pouco normal, avança e surpreende-o com algo francamente desagradável, dando início a uma descoberta mútua repleta de mistérios.
Oriunda de um clã amaldiçoado, Mirai Kuriyama possui a capacidade de manipular o seu sangue e usá-lo como arma e veneno corrosivo. Única descendente do seu clã de caçadores Youmu, vive solitária numa tentativa constante de afastamento social, sem laços, apenas com missão em mente: matar todos os Youmu… e pagar a renda da casa.
Os seus objetivos começam a ser questionados após conhecer o meio-youmu Akihito. Contra todas as regras e pedidos, Mirai e Akihito continuam a encontrar-se, culminando num desenrolar mais ou menos progressivo de acontecimentos. Uma corrida que começa calma, mas termina desenfreada, finalizando em muitos tropeções e algumas quedas. Como todas as obras com uma intensidade narrativa a cima da média, 12 episódios é efémero face a toda a informação e ligações a incluir, num verdadeiro cardápio de sensações banhadas com um divertimento banal mas ainda assim bastante agradável de assistir.
A relação entre Mirai e Akihito é a primeira a se afirmar no pequeno ecrã. A relação entre os dois cresce de forma normal, sem grandes surpresas ou fugas ao estereótipo doce e divertido. Contudo, a rapidez dos acontecimentos adquire um estatuto de estupefação aquando de um momento para o outro, um dos alicerces do enredo é explorado de forma abrupta. Os saltos narrativos da obra providenciam não só surpresa no espetador, como uma maior ligação à história e personagens, uma verdadeira ponte emocional que pretende servir de atalho e colmatar a falta de elementos de ligação construtivos, que uma produção deste calibre exige.
Apesar de todas as dúvidas remanescentes, nesse e noutros pontos da produção, a verdade é que não podemos classificá-la como má ou em falta para com a obra, no seu global. Como mentes ávidas por informação e curiosas com as entrelinhas narrativas, necessitamos de mais história, mais respostas, sem nunca descurar o quão bem a animação conseguiu transmitir o peso de uma obra com necessidades mais alargadas.
O enredo apaixonante, repleto de mistério e de pequenos pormenores, é trespassado por elementos refrescantes outras vezes aterrorizantes, que enriqueciam as cenas promovendo a ambiguidade e a dúvida no espetador. Um fervilhar de informação sensorial e de enredo só poderá ser algo bom, correto? Nem sempre, não quando em apenas 12 episódios se pretende transmitir uma história repleta de entrelinhas, onde nada é o que parece e sobretudo, com uma riqueza de personagens com potencial latente.
O potencial não explorado das personagens repercute-se na tão desejada: afinidade/ligação espetador – personagem. As intenções e motivações de cada personagem são apresentadas de forma quase episódica, no entanto sem nunca desenvolvê-las completamente. Um exemplo claro é o clã Nase, onde a exigência de explicações e necessidade de saber mais sobre o clã dominante da região, fazem os fãs requerer uma nova temporada ou filme.
Um ambiente de contrastes: Fofo vs Gore
O ambiente fantasioso reproduzido com a excelência do estúdio responsável, recria um cenário mesclado entre o belo e o grotesco. Luzes e cenários apaixonantes, onde as paisagens escolares e japonesas primaveris cruzavam de mão cheia com seres horrendos, e batalhas a roçar o gore. Um shonen riquíssimo em material visual, com pináculos de design e animação que nos faziam arrepiar. O poder de Mirai é um dos principais materiais explorados para dar forma e enriquecer uma animação que já por si, tinha tudo para se tornar das mais populares da temporada.
A banda sonora de Kyoukai no Kanata apesar de muito boa, não marca pela diferença. Sons e melodias orquestradas a servir de fundo ou intimamente ligadas a momentos de maior tensão ou suspense. De relevo temos os fantásticos opening e ending.
Juízo Final
Para os desejosos por produções ricas que vos prendam ao ecrã, onde a excelência de design e fluidez de animação consolidem numa história envolvente, esta é sem dúvida a obra certa. Capaz de entreter e simultaneamente conquistar, Kyoukai no Kanata consegue o melhor dos dois mundos, o que se repercute numa onda de fãs em torno da franquia.
Em apenas 12 episódios somos embrenhados pela maravilhosa produção e desenvoltura narrativa, que apesar de pobremente desenvolvida não deixa de ser espetacular. Contudo, devo realçar que expetativas muito elevadas podem resultar em desilusões, não do ponto de vista técnico, sem nada de relevante a apontar, mas sobretudo do ponto de vista narrativo. Se gostam de obras completas onde todas as pontas soltas são minuciosamente construídas e posteriormente explicadas, esta não é com certeza a obra adequada, contudo a existência de dois filmes com a explicação dos acontecimentos passados e futuros atenua a sede de respostas e aviva a esperança na obtenção das mesmas.
Análises
Kyoukai no Kanata
Uma obra sublime, onde a excelência visual caminha lado a lado com um fantástico enredo.
Os Pros
- Banda Sonora;
- Personagens.
Os Contras
- Pormenores não trabalhados.