Não consigo perceber… juro que não consigo perceber esta adaptação. Como conseguiram adaptar uma comédia romântica juvenil e falhar tanto em tantos aspectos?
Passo a explicar…
O que se passa com a adaptação de The Girl I Like Forgot Her Glasses?
O manga de Suki na Ko ga Megane wo Wasureta (The Girl I Like Forgot Her Glasses) trata-se de uma manga tipo sketch humorístico em que cada capítulo é composto por cerca de 4-5 páginas. Há capítulos maiores, sobretudo na reta final do manga mas, na sua maioria, são simples e com o objetivo de nos fazer rir com uma parvoíce da Mie nos dias em que ela se esquece dos óculos – não se esquece sempre!
No fundo – oh pah um pouco de spoiler mas nem o considero muito “spoiler” – esta obra narra a história de como dois pré-adolescentes de 13 anos se conhecem e se apaixonam por fruto de um mero acaso/distração.
Tudo porque Mie, que mora perto da escola, é muito distraída e ora se esquece dos óculos, ora os parte, e acaba por ir para a escola muitas vezes sem eles, criando situações caricatas por não os ter. Para piorar, é muito ingénua e infantil – o que pode ser estranho para quem estiver habituado a romcoms de alunos de secundário, cujas idades variam entre os 16-18. Mie tem 12/13 anos e comporta-se como uma criança no início – algo que na manga vemos a mudar (pouco mas ainda assim algum crescimento) e a tornar-se uma adolescente.
Qual o problema então desta adaptação?
Se calhar posso estar a ser muito injusta com a série. Quis ver algo que não é verdade e interpretei tudo mal mas, para mim, o manga é um gag manga. Uma comédia que hiperboliza a miopia e a parvoíce da Mie, e o êxtase de puto adolescente que é o Komura. Não é um manga para se levar a sério!
Em boa verdade, nem o considerava romance até há pouco – só para aí os últimos 20-30 capítulos. Lia com o objetivo de me rir, descontrair e desfrutar daquela interação de dois pré-adolescentes.
Mas não… Esta adaptação é uma clara comédia romântica – ou tentativa de – de dois jovens de 13 anos. Até poderia estar tudo bem, não fosse a direção atroz. Caramba, no segundo episódio é preciso aviõezinhos a passar como fundo de eco incessante de cada vez que o Komura está excitado? É preciso planos todos mirabulantes de picado e contra picado a intensificar… NADA?!
E isto foi só um exemplo dos mil exageros de reações e interações entre os protagonistas que, em vez de provocarem risos, levaram ao desconforto de quem assistia. Tudo porque a direção do anime tomou um rumo muito… invulgar.
Mais olhos que barriga…
Não é a primeira vez que o estúdio GoHands tem mais olhos que barriga. Já em K vemos cenários lindos e jogos de cores arrebatadoras mas o que falha é a consistência e coerência entre direção-animação-guião.
Tipo, parabéns por criarem uma Mie adorável, adoro a animação dos olhos e há planos muitos bons! A fotografia da série, até agora, é bastante acima da média e a continuar assim será, sem dúvida, um dos seus fortes. Contudo, o recurso a CGI para planos picados abertos, para manifestações metafóricas de felicidade do protagonista, etc, foram too much.
Vou tentar expicar-me melhor: é como se pegassem no material para criar uma boa animação com planos cinematográficos, movimentos de câmara progressistas etc, e não os soubessem executar, colocar no tempo, lugar e da forma certa.
Tudo o que é a mais é exagero. Sinto que o estúdio está a tentar entregar uma animação impactante com direção cinematográfica mas, em vez disso, apenas mimetiza sem o ser verdadeiramente.
Picados e contra-picados existe imenso em cinema, e ainda em Chainsaw Man vimos excelentes exemplos. Contudo, nesta série quando os vemos sentimos que já vimos estes tipos de movimentos, mas só ficamos com a sensação de “estranheza” e não de maravilha.
De gag-manga a romcom
Para piorar, não acredito que seja a melhor abordagem à história. Este caso fez-me lembrar Gekkan Shoujo Nozaki-kun, uma comédia romântica estilo gag-manga, contudo adaptaram o anime de tal forma que até prefiro a versão animada que a manga. Transportaram toda a hipérbole para anime, não exageraram nem minimizaram, apenas adequaram o conteúdo ao formato. Romantic Killer é outro exemplo de gag-manga (webtoon) de romance cuja adaptação segue a linha do exagero ao adaptar literalmente mas… que resulta!!!
Aqui fica só estranho. Parece que estamos a ver um slice of life de romance, com uma animação hiper polida que tenta ser incrível em tudo e não consegue ser bom em nada. Nem na animação, nem no guião, nem na história!
O que esperar de Suki na Ko ga Megane wo Wasureta (The Girl I Like Forgot Her Glasses)
Honestamente estou sem esperanças quanto a esta adaptação. Não penso que vá melhorar. A animação parece-me mais estável – sem o “tentarem demasiado” – e consistente, pelo que pelo menos não me irá dar comichão nesse quesito. Contudo, o guião e direção do anime piorou de um primeiro para o segundo de uma forma que me foi custoso ver o segundo episódio.
Não sei se Suki na Ko ga Megane wo Wasureta poderá agradar a alguém em específico (do tipo “se gostas disto vais gostar daquilo”). É literalmente uma adaptação anime que irá dividir opiniões e que ou se gosta ou não se gosta do tipo de humor e abordagem.
Convém só relembrar que não se tratam de adolescentes de secundário – o mais habitual em romance escolar em anime – eles só têm 13 anos! Logo, não podemos criticar por ser infantil ou eles terem atitudes parvinhas, é suposto assim o ser até para o público perceber a diferença entre segundo e terceiro ciclo. Toda a obra – manga incluída – é vista sob o ponto de vista de Komura e das suas hormonas aos saltos xD
Tenho pena que esta adaptação me tenha desiludido tanto. Talvez termine o anime, ainda não sei. Deixo apenas aqui registado o meu desabafo quanto ao anime mais aguardado por mim e que saiu tão forado quanto possível.
Análises
Suki na Ko ga Megane wo Wasureta
Mie é uma menina de 13 anos muito distraída e ora se esquece dos óculos, ora os parte, e acaba por ir para a escola muitas vezes sem eles, criando situações caricatas por não os ter. Para ajudar tem o colega de turma Komura.
Os Pros
- Fotografia
- Animação de alguns planos
Os Contras
- Animação inconsistente
- Direção