Dia 9 de Novembro, deu-se uma das estreias mais esperadas do ano: “O Rapaz e a Garça” (em japonês “Kimitachi wa Dō Ikiru ka“). Um filme Studio Ghibli, dirigido pelo tão aclamado Hayao Miyazaki, que apenas recebeu trailer 2 meses após a estreia no Japão! Tanto mistério, tanta expectativa, tanta euforia (pelo menos dos fãs de Ghibli). Será que fez justiça ao legado de Miyazaki? Leiam mais e fiquem a saber tudo (SEM SPOILER).
O Rapaz e a Garça – Expectativa vs Realidade

O Rapaz e a Garça – Origem
Como muitos já sabem, este filme – adaptado do livro de Genzaburo Yoshino – foi inicialmente apresentado como sendo o último filme da autoria de Hayao Miyazaki, antes deste se reformar. O que muita gente sabe, também, é que já não é a primeira vez (e talvez não será a última) que Miyazaki faz este tipo de “ameaça“.
A ideia da reforma foi anunciada, primeiramente, no ano de 1997, após o lançamento de “A Princesa Mononoke“. A segunda vez ocorre em 2001, depois do lançamento de “A Viagem de Chihiro“, seguindo-se de uma terceira vez, após lançamento de “As Asas do Vento” (2013) e, por fim, 2023, com este filme “O Rapaz e a Garça“.
A questão é: será que ele se quer mesmo se reformar, ou isto será tudo uma estratégia de marketing? Seja como for, eu sempre amei os filmes de Miyazaki e a sua ideologia no que toca à animação. Por isso, fiquei muito entusiasmada com esta estreia em Portugal, a qual temos a agradecer à Outsider Films. O único problema é que não me satisfez. Descubram mais nos próximos parágrafos!
O Rapaz e a Garça – A história
Como vos disse, não quero dar spoiler, visto que o filme é tão recente. Aquilo que sabemos, através do trailer, é que o personagem principal, um menino de nome Mahito, é abordado por uma garça, que lhe diz que a falecida mãe do rapaz está a aguardar por ele. Ora, Mahito, ainda inconformado com a morte da mãe e aproveitando para fazer dois salvamentos de uma vez (depois perceberão), decide seguir a garça até um mundo desconhecido e invulgar. É então que começa a aventura e, a partir daqui, emergimos naquilo que é a magia Ghibli. Não me vou alongar, para não vos tirar o suspense.
O Rapaz e a Garça – características
- Banda sonora – só teve início passado uma boa parte do filme. Achei estranho. Estava tanto silêncio no cinema, que me chegava a sentir mal só por meter uma pipoca à boca. Para terem noção, mal se ouviu a primeira nota de música, eu não evitei soltar um “aleluia” (já nem sei se o disse para mim ou para a sala toda). Não obstante, a banda sonora é belíssima, não fosse obra do famoso compositor e diretor Mamoru Fujisawa (mais conhecido como Joe Hisaishi). A colaboração de Ghibli e Joe não é nova, já que o compositor foi o responsável pela banda sonora de “O Castelo no Céu“, “Porco Rosso” e “A Princesa Mononoke“. Já o tema principal do filme, “Spinning Globe“, também maravilhoso, foi escrito e cantado por Kenshi Yonezu. Excelente trabalho no que toca à banda sonora do filme.
- Animação – o estilo Studio Ghibli está bem presente. Os personagens são bastante consistentes com a animação de filmes anteriores, tão típica e com a qual estamos tão familiarizados. No início do filme, vemos os transeuntes deformados, mas penso que foi intencional. Talvez para focar a nossa atenção aos personagens que são realmente importantes ou, até, quem sabe, para passar uma mensagem mais pesada daquela época, já que retrata o início da Segunda Guerra Mundial. No geral, achei que ficou a faltar um cenário mais sombrio em algumas partes e uma animação mais “creepy” em alguns personagens. Penso que apenas a garça – e nem sempre – conseguiu ficar próxima de outros personagens como os animais da floresta em “A Princesa Mononoke”, o No-Face e a Baba Yaga em “A Viagem de Chihiro“, entre muitos outros.
O Rapaz e a Garça – Análise do filme
Juízo final
Confesso que estava à espera de melhor.
Achei que o filme foi demasiado parado no início e não fiquei fã da base da história. Não consegui criar empatia com nenhum dos personagens, como aconteceu com todos os filmes de Miyazaki até hoje. Por alguma razão, que ainda não sei bem qual – terei de rever o filme – saí do cinema com um sentimento de que faltou alguma coisa.
Porém, há um espaçamento temporal enorme entre os filmes mais aclamados do Studio Ghibli e este novo. Poderei estar ainda apegada a memórias de uma criança, visto que tinha cerca de 8 anos quando conheci os filmes do Studio Ghibli e, desde então, apesar de os rever várias vezes, sinto uma nostalgia boa. Também fiquei um pouco confusa com algumas passagens do filme, mas não vou explorar essas questões agora, vou deixar para uma revisão.
Finalizo este artigo ainda com a minha cabeça a dar voltas sobre este filme. Será que sou apenas eu? Vejam o filme e tirem as vossas próprias conclusões!
O filme encontra-se em exibição no momento em que este artigo saiu! Sabe onde o poderás assistir no link abaixo:
O Rapaz e a Garça – Conhece as Salas de Exibição em Portugal