O anime Owari no Seraph: Nagoya Kessen-hen, ou Seraph of the End: Battle in Nagoya, trata-se da sequela de Owari no Seraph, baseado na popular manga com o mesmo nome, da autoria de Takaya Kagami e arte de Yamato Yamamoto, produzida pelo Wit Studio (Shingeki no Kyojin, Hal).
A confirmação desta adaptação veio desde a criação da primeira temporada, que estreou na temporada de primavera de 2015. Esta produção teve lugar na Temporada de Outono de 2015 e não deixou ninguém indiferente pelo mediatismo aliado à mesma.
Owari no Seraph 2 | Opening
“Two souls -toward the truth-” – fripSide
O vazio e as expetativas deixadas pela primeira temporada tomam as rédeas desde os primeiros momentos da segunda temporada. A continuação é direta, e visa tentar explicar muitos dos plot hole deixados ao longo da formação do universo Owari no Seraph.
A questão será, terá sido o objetivo concluído?
O mediatismo e fanatismo em torno desta obra dividiram o público em duas fações principais: os que idolatram Owari no Seraph e os que não apreciam mas ficaram curiosos, que mais não seja para verem o descambar sucessivo de acontecimentos. Infelizmente, a obra manteve a sua imagem de marca, contemplando o espetador com mais uma montanha russa narrativa.
Começamos tudo muito bem, numa agradável viagem por entre um mundo complexo, rico em pormenores e uma imensidão de personagens. Não faltava adubo nesta narrativa que se avizinhava maravilhosa! Contudo, em vez de cultivarem o que plantaram, decidiram adicionar tudo e mais alguma coisa que fosse possível naquele universo, aumentando as dúvidas e as linhas narrativas sem justificação.
Owari no Seraph 2 – Os dois Lados da Moeda
Após visualização desta segunda temporada, a certeza de que a primeira não passou de uma apresentação do conceito afirma-se com alguma exatidão. É dedutível portanto, que a sequela narrativa seja desenvolvida dentro dos pressupostos da prequela, felizmente tal não acontece. A agradável surpresa desta temporada é assim numa mudança de estrutura narrativa que passa a assumir contornos de um drama mediano, bélico, onde o foco centra-se no desenvolvimento estratega.
Outra evolução de destaque são as personagens. Outrora vazias, afirmaram-se nesta temporada conseguindo adquirir alguma forma, saindo da zona cinzenta entre figurante e personagem secundária a duas dimensões. Nesta temporada obtemos um deslumbre de qualidade de construção e desenvolvimento de personagens: elas são colocadas à prova, sofrem reprimendas e as consequências dos seus atos.
No entanto, as expetativas devem ser muito comedidas, isto porque inclusive neste ponto a obra consegue entrar em contra-senso. As incoerências na construção narrativa criam uma bola de neve difícil de engolir, sobretudo depois de se saborear as nuances de qualidade acima da média. Em tom de exemplo, vemos os novatos prodígio a serem repreendidos pela sua fraqueza, para de seguida serem elevados a patamar de deuses da guerra sem treino.
Os clichés são muitos, toda a trama é composta por sucessivos clichés montados prodigiosamente para agradar ao público-alvo, sedento por mais momentos de falso suspense e surpresas não tão surpreendentes assim. Tal facto não pode ser, contudo, encarado com demasiada exigência nem sob críticas pesadas, afinal não nos podemos esquecer que se trata de um shounen que desde os seus primórdios se afirmou como uma obra de massas para massas. É consistente naquilo que apresenta e agrada a quem tem que agradar do pondo de vista narrativo.
Owari no Seraph 2 | Ambiente
Uma das grandes críticas em torno da série deve-se à animação produzida pela Wit Studio. Apesar de recente, o estúdio sustenta obras de elevado calibre no seu reportório, entre elas o célebre Shingeki no Kyojin, como tal, fazia-se esperar um derradeiro espetáculo cinematográfico, que não se veio a verificar na primeira temporada e que se perpetuou nesta segunda. O desfalque continua patente, ainda que com melhorias significativas nas sequências de batalha e na demonstração das habilidades dos protagonistas. O deslumbre adquirido nestes pequenos momentos foi o suficiente para nos fazer babar e matar saudades da excelência do estúdio.
Nos pináculos de qualidade da animação, somos contemplados com cenas polidas, brilhantes, num ambiente e personagens consistentes e agradáveis. Infelizmente o contra-senso de qualidade visual de outrora perpetuou-se, ainda que em menor quantidade. Os deslumbrantes cenários continuaram a servir de palco num espetáculo de fantoches, onde só as personagens se movimentam. Ainda assim, continuam a merecer destaque pela beleza dos mesmos, esculpidos em tons pastel, negro e escarlate.
A banda sonora destaca-se irrevogavelmente na obra como uma das suas melhores criações. A sonoridade forte, reproduzida por sons épicos, continuou a produzir o seu devido efeito nas batalhas e episódios mais emotivos. A originalidade e consistência entre as melodias causou progressivo impacto, sobretudo à medida que se aproximava o clímax narrativo. O opening e ending merecem o seu devido destaque.
Owari no Seraph 2 | Juízo Final
Owari no Seraph: Battle in Nagoya não passa de uma sequela direta da primeira temporada, pelo que apenas quem viu e gostou da franquia a deverá seguir. Se não gostaram assim tanto mas sentem curiosidade na resolução de todo o mistério e história, aí já posso sugerir a visualização, sem contudo vos garantir que valerá a pena o tempo despendido. Tudo de bom que a série nos fornece é-nos sugado no momento a seguir por mais um descalabro narrativo. Quanto à história, é interessante mas não estonteante pelo que cabe a cada um a decisão.
Para quem gostou da primeira temporada, a probabilidade de gostar desta é elevada. Todavia, o que de agradável forneceu à parte reticente, poderá ter retirado à maioria apaixonada: o cerne narrativo é mais negro e o enredo passou a ser focado no exército e não nas personagens em particular.
Análises
Owari no Seraph 2
Depois do fanatismo da primeira temporada era expectável uma continuação da franquia Owari no Seraph.
Os Pros
- Alguns aspetos do enredo;
- Universo interessante.
Os Contras
- Personagens estereotipadas. Novas informações a serem inseridas num enredo onde nada foi ainda bem explicado.