Sinopse: Numa universidade de ciências, em específico no laboratório de ciências da informação e computação, um conjunto de alunos universitários desenvolve as suas experiências e projetos pessoais. Entre eles estão os génios Himuro e Yukimura, dois jovens que abraçam agora uma novo desafio: provar cientificamente que gostam um do outro.
E quando digo provar cientificamente, i mean it!
Desde artigos de investigação científica, comparações com fundamentos epidemiológicos, estudos fidedignos e todo o processo para reunir o maior número de evidências cientificas, tudo é feito para conseguir provar o “amor”. Tratando-se de um departamento de análises matemáticas, a avaliação deste sentimento terá que ser, por excelência, algo bem estudado.
RikeKoi – Adoro o manga Não gostei do Anime
A premissa é interessante e mistura uma série de ingredientes que adoro: romance, comédia e ciência! Quando comecei a ler o manga adorei todos os painéis explicativos de ciência e o quão fofa era toda aquela interação entre os protagonistas. Claro que o manga não é perfeito, os protagonistas seguem o estereotipo de cientistas completamente ingénuos em relação ao amor e muito bons no que fazem, e o humor é composto por piadas boas e más, num conjunto de situações caricatas e “parvitas”, mais ou menos eficazes. Ainda assim, acho-o bom para entreter e um bom manga romcom (comédia romântica).
Todavia, uma dúvida surgiu na minha mente: seria esta obra capaz de funcionar em anime? A verdade é que, enquanto fã do manga, estava ansiosa pela adaptação mas não sabia o quão estranho e fluido ficaria toda aquela “salsada” de piadas atrás de piadas – algumas melhores que outras vá -, com um romance um tanto ou quanto ameno e sem nada que se sobressaísse.
E digamos que os meus receios revelaram-se verdadeiros. Todavia, durante muito tempo não percebi porque não estava a achar piada ao anime, gostando eu tanto do manga. Em conversa com colegas que também fizeram o test-drive ao anime, chegamos à conclusão que algo ali não estava a funcionar. As piadas não tinham assim tanta piada, o ritmo narrativo suava a estranho, parecia enfadonho, saturava. Não senti ligação às personagens apesar de considerar algumas delas boas e existirem cenas muito porreiras ao longo dos episódios…
Mas então, o que falhou?
Durante os últimos dias tentei ler algumas opiniões sobre esta série. O objetivo era tentar expor por palavras o que se passou para gostar tanto do manga e menos do anime. A conclusão que cheguei foi que, funcionar em manga não significa que funcione em anime, pelo menos de modo a agradar toda a gente.
Posto isto, tentei enumerar alguns pontos que me fizeram a mim não gostar tanto da série:
- temos piadas atrás de piadas, consecutivas, o que acaba por ser “too much” mesmo para quem gosta de comédia;
- as piadas não têm assim tanta piada e em anime isso é mais notável;
- recurso excessivo de slapstick comedy – que não é o meu favorito – que se trata de um exagero de gestos e expressões para provocar o riso;
- um romance muito linear sem grande evolução;
- muita informação consecutiva: ora romance, ora ciência, ora piadas, mas num ritmo pouco fluido e sem explorar devidamente nenhuma delas. Sabem quando parece que é tanta informação que não conseguem saber o que “sentir” em relação a ela? Eu senti-me assim.
Tudo isto em manga passa um pouco despercebido dado que conseguimos controlar a nossa “velocidade” de leitura e absorver apenas o que mais gostamos. Por outro lado, como não há sons e gestos animados acaba por ser mais suave e podemos desfrutar da evolução das personagens e “escolher” as piadas que queremos que nos fiquem na memória (faz sentido?).
Exemplos de séries bem feitas com os temas envolvidos:
Não é impossível criar uma boa série que misture comédia e quantidades absurdas de informação científica. Mais, é possível um equilíbrio entre essa informação e o enredo. Um exemplo claro de uma série que mistura com eficácia ciência e comédia é Dr Stone. Neste conseguimos ficar presos ao ecrã a cada novo teste, explicação, resultado. Em Rikekoi acabamos distraídos, ora estamos embebecidos com o fundamento lógico da medição de batimentos cardíacos e da oxitocina, ora nos perdemos em mais uma saída parva de um dos protagonistas.
Outro exemplo, e que para mim é a das melhores RomCom (comédias românticas) anime, é Gekkan Shoujo Nozaki-kun. Este tem muitos pontos semelhantes com Rikekoi, sobretudo no que diz respeito aos personagens e género. Trata-se igualmente de uma comédia romântica e, tal como em Rikekoi, também o protagonista masculino é uma nulidade em termos de romance (apesar de ser genial) e também todo o grupo de amigos conspira para que o casal de protagonistas fique junto.
Escusado será dizer que não achei que tivesse a mesma eficácia também neste departamento. Achei tudo muito exagerado, sem pausas para respirar, ao mesmo tempo que não tinha nada suficiente bom que nos prendesse ao ecrã.
Nem tudo é mau!
Calma, nem tudo é mau. Nem estou com isto a dizer que o anime é algo desagradável, um péssimo anime, ou algo que desaconselho vivamente. Sei que estou a ser muito exigente, pessoalmente exigente, mas compreendam que para mim – que gostei tanto do manga – senti-me ultrajada com o formato anime. Até pode ter resultado para todos os outros espectadores mas para mim não resultou.
Em suma, acredito que até vá agradar à maioria dos fãs de séries anime RomCom, afinal possui os ingredientes todos para o sucesso e uma premissa diferente e apelativa.
Houve um cuidado na informação usada, e adequaram muito bem as bases de criação de um artigo científico para validarem as suas experiências – por muito bizarras que fossem. Além disso, o funcionamento do departamento é ironicamente familiar para quem é de ciências, então acaba por ser engraçado conseguirmos ver uma versão satirizada de um ambiente universitário de engenharia/ciências. Bem como desfrutar de uma revisão “fofinha” de alguns dos fundamentos necessários para a criação de um artigo de investigação válido.
Quanto à animação podem estar descansados que é muito boa, fluída e consistente. O voice acting foi bastante competente, tais como as cores e design achei igualmente coincidentes com o feeling do manga.
Em suma, é uma série agradável de assistir mesmo no panorama visual, tem momentos muito engraçados e todo o “no sense” destes génios da ciência acaba por ser adorável.
Análises
Rikei ga Koi ni Ochita no de Shoumei shitemita.
Uma série agradável de assistir com momentos muito engraçados e todo um "no sense" adorável. Todavia, não foi suficiente para me conquistar...
Os Pros
- Ciência
- Animação
Os Contras
- Gestão da narrativa
- A comédia acabava por não ter tanta piada assim