Sengoku Musou é mais uma produção que aborda momentos históricos de guerra no Japão. Nomeadamente, e como o título sugere, a parte final do Período Sengoku. Um contexto que, à primeira vista, pode ser bastante apelativo para o espectador que quer saber mais sobre a história do país. Porém, como rapidamente se percebe, a série demonstra não ter argumentos para cumprir esse desejo. De facto, dizer que Sengoku Musou cumpre, pelo menos, os requisitos necessários para satisfazer o adepto que tem o mínimo de conhecimento desta parte da história do Japão, pode mesmo ser um exagero.
As origens de Sengoku Musou
Esta produção de 12 episódios é, na realidade, o projecto mais alargado de uma adaptação com origem no universo dos videojogos. Um aspecto que é particularmente notório na OVA – intitulada “Sengoku Musou SP: Sanada no Shou” – que serve como prequela deste projecto e que incide sobre os irmãos Sanada.
Na verdade, o estilo dos títulos pertencentes à franquia de jogos “Samurai Warriors” (“Sengoku Musou”, em japonês) – subsidiária da também conhecida “Dynasty Warriors” – está bem visível em ambas as produções televisivas, particularmente na mais curta. Em concreto, nos momentos dos combates entre os batalhões de soldados e os grandes protagonistas. O modo como os grupos de soldados vão pelos ares e não se verificam danos físicos (feridas, sangue, etc …) representa muito bem essa inspiração.
Mas não só! Nos duelos entre os principais heróis, o mesmo se verifica, condicionando em muito a qualidade da arte e da animação. No meu artigo de primeiras Impressões, elogiei o arsenal de armas e os movimentos das personagens. Contudo, faltava este ponto fundamental, quase sempre ausente, que interliga estes aspectos técnicos. Não apenas a questão de danos nos corpos dos combatentes, mas também o facto de a animação “virar a cara”, quero dizer, não focar os golpes que perfuram os guerreiros. Isto é ainda mais estranho em momentos que certos heróis, com curto tempo de antena, mas com importância para a história, saem de cena/perdem a vida em combate.
Já que estou a falar dos aspectos técnicos neste tópico, aproveito também para dar uma palavra em relação à banda sonora. Depois de falar do opening e ending nas minhas primeiras impressões, esta era a única incógnita que prevalecia. Ora, depois de tantas críticas à obra, a música, ao ser satisfatória, acaba por se destacar. Mérito para uma ou outra balada que não escapam ao ouvido, e para a sua interligação positiva com os momentos de batalha mais corriqueiros.
Uma história longa para um tempo tão curto
Como é dito na introdução, embora a série apenas aborde a parte de final do Período Sengoku, dá para perceber que este momento histórico deve ser altamente interessante de se estudar e conhecer. Para isso, basta olhar para o número de personagens relevantes que se “apresentam em palco”.
Infelizmente, e como foi colocado em questão assim que Sengoku Musou estreou, são demasiados os actores para um tempo televisivo tão curto. Desde início que o espectador tem uma enorme dificuldade em integrar-se com o elenco principal. Excepção feita aos irmãos Sanada, mais uma ou outra personagem. Portanto, ou se conhece o elenco antes de se arrancar com a série, ou a experiência fica muito aquém do desejado, colocando em causa qualquer potencial que a série pudesse ter para desenvolver.
Aliás, mesmo os irmãos Sanada, apesar de serem os mais fáceis de memorizar os nomes, a verdade é que também não têm muito tempo para verem as suas vidas transmitidas ao espectador. Um problema que se transforma numa grande bola de neve. A partir do momento em que não há tempo para se consolidarem as personagens, o mesmo acontece com os diálogos entre personagens. Conversas que debatem a honra, a integridade e a justiça, e que podiam ser muito interessantes, pura e simplesmente não têm a atenção necessária para serem devidamente aprofundadas.
Por último, uma palavra para as estratégias de guerra que são narradas antes das batalhas em causa. Estas sim, com auxílio do narrador da série e de desenhos simples de movimentação de tropas, tornam-se fáceis de compreender.
Juízo Final
Concluindo, se logo se percebeu que Sengoku Musou teria muita dificuldade em relatar esta parte da história do Japão, de uma forma clara e interessante, em apenas 12 episódios, os seus responsáveis podiam pelo menos ter sido mais rigorosos nos aspectos técnicos que, numa produção repleta de acção, são sempre muito importantes. Contudo, estes foram rigorosos no sentido contrário. Isto é, no da adaptação aos videojogos, o que se traduziu numa falta de profundidade de detalhe nos combates, especialmente nos mano-a-mano entre protagonistas.
Em suma, com a história e a arte a deixarem muito a desejar, fica difícil recomendar a obra a alguém. Todavia, não posso deixar de reforçar aquilo que já disse aqui de uma forma mais indirecta: os meus conhecimentos históricos sobre este período da vida do Japão são muito reduzidos. Como tal, este artigo reflecte a opinião de alguém que chegou a Sengoku Musou numa espécie de ponto de partida da memória. Como consequência, a minha experiência foi gravemente afectada por isso, enviesando esta análise. E, embora esteja confiante, por tudo o que disse antes, que não será muito melhor com outro tipo de público, quiçá aquele espectador que estiver a par dos acontecimentos aqui retratados possa desfrutar da série. Fica a hipótese no ar.
Trailer Sengoku Musou
Análises
Sengoku Musou
Uma série que comprometeu a qualidade do enredo devido ao número limitado de episódios, e cujo rigor adaptativo, na arte e na animação, bloqueou a profundidade do detalhe que muito iria enriquecer os momentos de acção.
Os Pros
- Nada a registar
Os Contras
- História e personagens demasiado alargadas
- Animação sem foco nos momentos de glória dos protagonistas
- Arte com falta de detalhe durante as batalhas