Quando falamos do nome Go Nagai, a primeira coisa que nos vem à cabeça é possivelmente Devilman, um dos mangás mais vendidos de todos os tempos, tendo até uma adaptação para anime pela Netflix. Mas uma coisa que nos esquecemos é que Go Nagai também é conhecido por revolucionar o género mecha ao introduzir robôs que podem ser pilotados pelo seu interior com o universo Mazinger.
Este universo teve bastantes animes e spin-off de temática sci-fi que exploram sempre a mesma dinâmica de um robô a combater contra as forças das trevas, mas um dos que se destacou e criou debate se a sua história seria canónica foi Grendizer.
Conhecido também por Goldorak, UFO Robot Grendizer é um mangá muito polarizante, pois dependendo da fonte este teve muito sucesso ou falhou redondamente no Japão. Ainda assim, o anime tornou-se um sucesso de vendas na Europa, especialmente em França, com rumores de que muitos dos episódios atingiam 100% de rating sempre que era transmitido na televisão.
Se Portugal tinha a febre de Dragon Ball, França tinha a febre de Grendizer que dura até agora. Esta paixão levou um estúdio francês a desenvolver uma carta de amor com um jogo que nos coloca a controlar o mítico mecha e que tivemos o prazer de experimentar.
Um agradecimento especial à Microids por nos dar a oportunidade de analisar este jogo e sem mais demoras, aqui fica a análise de UFO Robot Grendizer: The Feast of the Wolves!
UFO Robot Grendizer: The Feast of the Wolves – Análise
UFO Robot Grendizer: The Feast of the Wolves é um jogo desenvolvido pela Endroad e publicado pela Microids a 14 de novembro de 2023 para PlayStation 5, Nintendo Switch, PlayStation 4, Xbox One, Xbox Series X|S e PC.
O jogo coloca-nos no papel de Daisuke Umon enquanto este controla o mítico robô Grendizer na luta contra as forças do império Vega.
Uma homenagem ao mundo de Go Nagai
Sendo UFO Robot Grendizer uma obra com muito significado, os desenvolvedores precisam de construir algo que consiga recriar a obra do seu criador, mas desta vez num meio completamente diferente.
Este jogo foca-se muito no primeiro arc do anime e o início do jogo faz um excelente trabalho em introduzir os jogadores ao mundo de Grendizer. Apesar disso, sente-se que a história se move a um ritmo bastante lento e consegue ser bastante fraca, exceto na parte final do jogo.
Mesmo assim, deve-se reconhecer o trabalho feito para a história ter elementos únicos como, por exemplo, todos os personagens do jogo terem um design diferente e estarem completamente dobrados, incluindo aqueles que só iremos interagir uma vez.
Para também dar um aspeto fiel, todos os designs das personagens estão desenhados com o mesmo estilo artístico do anime e com um filtro CRT para parecer mesmo que estamos a ver um anime dos anos 70.
Estes detalhes são ótimos e conseguem fazer esta história sentir-se única e diferente, transmitindo muito bem os obstáculos que o nosso protagonista tem de ultrapassar.
3 tipos de jogo numa única aventura
Com o combate a ser uma parte crucial de UFO Robot Grendizer, é preciso que a jogabilidade de controlar o robô com os míticos ataques consiga ser fiel aquilo que vemos no anime. Gostaria então de confirmar que foi feito um ótimo trabalho no sistema de combate do Grendizer.
O combate é muito à base de murros e pontapés, mas existe aquela satisfação de vitória sempre que derrotamos um grupo de inimigos que nos rodeia. Infelizmente o sistema de combos não está bem implementado quando tentamos combinar os ataques-base com os especiais, mas ainda assim está muito divertido de se usar.
Mas não existe só uma forma de jogar UFO Robot Grendizer! Existem alturas do jogo em que o Grendizer insere-se numa nave, denominada Saucer, e transitamos para uma fase estilo Star Fox em que temos de abater naves inimigas que nos apareçam à frente.
Também existem algumas fases em que jogamos com uma nave num estilo shoot ’em up vista de cima, o que faz com que estas mudanças diversifiquem bastante a jogabilidade, sendo o único problema que havia de se poder jogar mais estas fases e até a possibilidade de melhorar as naves que controlamos.
Uma experiência que peca ao longo do tempo
Mesmo com estes elementos divertidos, infelizmente nem tudo é um mar de rosas, por existirem certas partes que pecam bastante quando atingimos a segunda metade do jogo.
Tal como referenciado anteriormente, a história é bastante lenta em certa partes e a falta de um botão para saltar a narrativa é algo muito grave, pois quando um jogador morre numa missão é forçado a começar do início e ouvir o texto todo que as personagens proferiram.
Outro elemento é a falta de variedade nas missões que temos no jogo, pois muitas se resumem a missões de escolta, derrotar um grupo de inimigos ou um certo objeto, ou até proteger um edifício. Estas missões acabam por se repetir em todos os mundos do jogo.
O mesmo se assemelha aos inimigos, mas uma coisa que gostaria de dar crédito é que apesar de haver poucos do seu género, de cada vez que fazemos uma dessas missões ou é adicionado um novo tipo de inimigo, ou uma mecânica de combate nova, criando assim uma variedade em todos os confrontos.
Veredito
Quando vi o primeiro trailer de UFO Robot Grendizer fiquei intrigado com a ideia do jogo e apesar de existirem alguns problemas, sinto que mesmo assim diverti-me bastante com aquilo que foi proporcionado.
O estilo artístico é o ponto mais alto do jogo! Apesar do mundo não ser muito detalhado, conseguimos sentir que controlamos o Grendizer e a proteger o Planeta Terra.
UFO Robot Grendizer pode não ser um jogo perfeito, mas isso não o impede de fornecer momentos de diversão e de nostalgia para aqueles que conhecem a história ou que ainda não eram fãs.
Análises
UFO Robot Grendizer: The Feast of the Wolves
Uma homenagem divertida ao universo de Go Nagai que podia ser melhor, mas cumpre bem o papel de abrir as portas a novos fãs
Os Pros
- Diversidade na jogabilidade
- Bosses interessantes
- Jogo completamente dobrado
- Estilo artístico inspirado no original
Os Contras
- Falta de variação nos inimigos
- Missões conseguem ser repetitivas
- Falta de botão skip
- Partes do jogo arrastam bastante