Veterana de anime critica salários de novatos através do seu blogue, com o intuito de promover a consciência geral sobre a injustiça existente na indústria de animação. Depois de ter visto inúmeros animadores jovens, recém-licenciados a começar a trabalhar num emprego, com o qual nem se conseguem alimentar, Sachiko Kamimura (City Hunter, Doraemon – Filmes) sentiu-se na posição de trazer ao público, aquela que será uma das mais chocantes revelações sobre a indústria de produção de anime: um trabalhador que esteja a começar, recebe menos de um euro por hora.
Na crónica de Kamimura, ela explica que os animadores por norma não são pagos por horas de trabalho, mas sim pela quantidade de frames concluídos, o que por consequência vai colocar uma maior exigência sobre os recém-chegados trabalhadores. A isto ela acrescenta um excelente ponto de vista: a qualidade de animação evoluiu imenso nos últimos anos. Isto implica uma maior carga de trabalho e experiência no que diz respeito à linguagem visual contemporânea, algo que dificilmente alguém que começou a trabalhar na indústria consegue obter. Ora, se têm que investir mais tempo em cada frame, como vão conseguir dinheiro para viver de forma decente? Esta fórmula de: a quantidade de trabalho ser diretamente proporcional à quantia recebida, cai em completo desuso, transformando-se em algo visivelmente desumano.
Pelos cálculos dela, por muito que um novato seja bom e até abdique de horas de descanso e de sono, estima que conseguirá produzir apenas uns 500 frames por mês, com média de 250 horas de trabalho. O que dá origem a menos de 300€ mensais, que por sua vez está muito abaixo do ordenado mínimo.
Em contrapartida, parece existir alguma discórdia por parte de outra animadora experiente na indústria. Noriyuki Fukuda (D.Gray-man, Lupin III vs. Detective Conan (Filme)), respondeu a Kamimura com o seguinte: “Não acho que algumas coisas mencionadas por Kamimura sejam realmente precisas, o que pode levar o leitor em erro. Embora a quantidade de trabalho influencie o pagamento final, esta não é a base para o cálculo do ordenado final, mas sim um bónus ao seu ordenado já fixo e pré-estabelecido, que vai de encontro ao ordenado mínimo de 400 a 700 euros. Ela explica também, que os frames mais detalhados, raramente são fornecidos a um novato por estas mesmas razões. Um novato por norma, terá tendência a trabalhar em frames mais simples como por exemplo aqueles que possuem lábios para depois serem sincronizados com as palavras. Ela estima que um trabalho neste formato dê origem a 4 frames por hora, e que nenhuma companhia iria contratar alguém que não seja capaz de produzir no mínimo dois frames por hora.
Um outro animador nem contraria um nem contraria outro, pelo que nos dá a ideia de existirem os dois lados da moeda, e que penso que será o mais verosímil. Este afirma que quando iniciou o seu trabalho como animador, não começou com as condições precárias que Kamimura afirma. Todavia, acrescenta que conhece e reconhece as condições ditas por Kamimura, como reais, frisando ainda que existem casos piores. Termina afirmando algo com o qual me vejo a ser a favor de ser praticado: “muitos estúdios, fazem um intermédio entre as duas situações de forma a filtrar os verdadeiros e grandes animadores dos medianos, só assim se podem encontrar os verdadeiramente bons”.
Independentemente de tudo que foi dito, se é verdade ou não, e das diferentes opiniões uma coisa temos que todos concordar é a com a sua última afirmação: “Novos animadores foram forçados a abandonar a indústria devido ao salário desproporcional.” Ela acredita que de modo a preservar o anime de alta qualidade, e fazer com que o emprego de animador seja uma posição ainda mais motivadora, o salário fixo de um animador deveria ser de 800 a 900 euros mensais.
Fonte: Anime News Network