ALERTA SPOILER:
Discussão de eventos sobre culminar do Paranormal Liberation War Arc (capítulos 253-305 [até ver])
O artigo de hoje não será muito extenso, mas não consigo parar de pensar nos eventos recentes do manga Boku no Hero Academia.
Assumindo que todos os que estão a ler este artigo estão com a leitura em dia (capítulo 305), é escusado fazer uma recapitulação do estado actual do mundo de Boku no Hero e é exactamente sobre esse estado que quero falar um pouco.
Vida a Preto e Branco – Boku no Caos Academia:
Dabi, o Agente do Caos:
Para ser honesto, devia-me ter apercebido do potencial paralelismo mais cedo, entre as acções de Dabi – ou Todoroki Touya, como agora sabemos – e as acções do Joker brilhantemente interpretado por Heath Ledger em The Dark Knight (Christopher Nolan, 2008). E, claro, quando falo em acções, não são as acções per se que se equiparam, mas o resultado das mesmas.
Tal como o Joker diz, na cativante conversa com um Two Face “recém-nascido”: upset the established order, and everything becomes chaos. I’m an agent of chaos!
E foi exactamente isso que o Dabi fez no mundo da obra. Enquanto os heróis tentam, num plano de várias frentes, travar a Paranormal Liberation Front antes destes darem início a uma “guerra” sem precedentes, ao mesmo tempo que tudo fazem para parar as forças devastadoras na forma de Gigantomachia e, mais importante, um renascido Shigaraki Tomura, na minha opinião foi a emissão de Dabi que criou mais consequências para a sociedade de heróis.
Mesmo que o seu duríssimo golpe tivesse sido de alguma forma atenuado pelo regresso do BEASTO JEANISTOOOOO (Best Jeanist), o mal já estava feito. Ao revelar a sua linhagem e o negro passado dos Todoroki às mãos de um cruelmente ambicioso Endeavor e atacar o seu “projecto preferido” (Todoroki Shouto), assim como revelar o nome verdadeiro do Hawks e imagens – fortemente editadas – deste a apunhalar um suplicante Twice, Dabi consegue, implacavelmente, “ferir gravemente” os dois heróis e semear a desconfiança neles de grande parte das massas e, consequentemente, em toda a sociedade de protectores.
Tal como outra excelente representação cinematográfica de vilão icónico nos diz – Willem Dafoe enquanto Green Goblin em Spider-Man (Sam Raimi, 2002):
[…]the cunning warrior attacks neither body nor mind… The heart Osborn, first we attack his heart!
([…] o guerreiro astuto não ataca nem o corpo, nem a mente… O coração, Osborn, primeiro atacamos o coração.)
Novamente, isto foi algo que o Dabi fez. Ele não “atacou” nem o Endeavor, nem o Hawks, mas sim o Todoroki Enji e o Takami Keigo. Não os símbolos da justiça, mas os falíveis homens por detrás da máscara.
O que me remete para o ponto seguinte…
Horikoshi Kohei – O Criador, o Fã:
Não surpreende ninguém que um mangaka, ou um contador de histórias, que concebe uma obra tão intrinsecamente ligada “ao que é ser herói”, seja fã de comics. Mas Horikoshi-sensei “usa esse distintivo” sem pudor e o seu profundo amor por caped crusaders e mascarados transparece em todos os painéis de Boku no Hero Academia.
Ainda me lembro de, quando comecei a ler o manga, esbarrar na conta de pixiv do estreante mangaka e deparar-me com uma foto de perfil que para mim diz tudo: o mestre vestido de Spider-Man com uma espécie de máscara de gás.
Infelizmente, a conta já não se encontra activa, mas, entre vários desenhos de personagens originais, encontravam-se exemplares de heróis que tão bem conhecemos no seu artstyle:
Portanto o seu pedigree enquanto fã é legítimo e a sua carta de amor a BD é Boku no Hero Aademia. Mas porquê este preâmbulo todo, ainda por cima de algo aparentemente tão óbvio?
Primeiro, porque todo e qualquer reconhecimento que possa dar a Horikoshi-sensei é pouco. Segundo, e sendo egoísta, quero expor a base que me permitirá validar os meus pensamentos.
Isto porque, não vou afirmar com certeza, nem pouca e muito menos absoluta, que o mestre bebeu directamente de The Dark Knight ou de Spider-Man para criar este efeito na sua obra. Mas, enquanto fã do género, sem dúvida que retirou dessas obras, ou pelo menos de outras com temas semelhantes, elementos essenciais da epopeia de heróis vs vilões:
- Criar a descrença das massas num herói;
- Atacar o homem por detrás da máscara;
- Atacar o que lhe é mais querido;
O manga é realmente uma união deslumbrante de dois amores que, somando-lhe a adaptação anime, adquire um carácter épico.
Mal posso esperar por ver este arc ser adaptado. Muito por causa de todos os momentos de acção badass que tem – Mirko a combater, Eraserhead a combater, o “novo Shigaraki”, heróis vs Paranormal Liberation Front, heróis (sobretudo os estudantes da UA) vs Gigantomachia… – mas, principalmente, pelos momentos de dilacerar o coração: Hawks e Twice, revelação de Dabi e as consequências imediatas desta Paranormal Liberation War.
E das cinzas…
E agora, o que se segue? Este arc pareceu simultaneamente uma merecida sacudidela narrativa, como o desencadear de eventos que levarão ao final do manga.
Não vou tocar aqui na conversa do Deku com os antecessores da One For All – ainda que seja pretty juicy – mas queria, ainda assim, pontuar este artigo como o que poderá estar para vir, tendo em conta o que este arc conseguiu.
Nesta altura, o “mundo” está envolto em caos, com cidadãos descrentes nos heróis a fazerem justiça pelas próprias mãos – e a falhar miseravelmente – heróis a abandonarem o seu posto em consequência de tudo o que aconteceu, vilões perigosos que escaparam em massa das mais perigosas prisões, um renascido Shigaraki sob o controlo do All For One, elementos da Liga de Vilões com sede de vingança e, claro, o Agente do Caos que, tanto poderá encontrar redenção, ou “arder de vez”…
Perante tudo isto, será interessante ver como será reerguida a sociedade, como será reencontrada a paz e segurança e como e quem se tornará no novo Símbolo da Esperança (ou Símbolos…).
E tu, que tens a dizer do estado actual de Boku no Hero Academia? O que disse parece fazer algum sentido? Diz-me a tua opinião nos comentários abaixo!
Também nesta série de artigos: