A Sign of Affection – Primeiras Impressões

Quando saiu a confirmação da adaptação a anime nem quis acreditar. Aleluia que apostam na adaptação de um dos meus shoujos preferidos! Acredito que seja um sentimento partilhado pela maioria dos fãs desta demografia, tamanha a escassez de adaptações a anime.

Contudo, quando vi o trailer começou a crescer em mim um receio de que esta adaptação não corresse assim tão bem e “estragassem” esta adaptação. Só a imagem do Itsuomi e da Yuki no metro em que ele parece estupidamente maior que ela encheram-me de comichão. A mão dele era anormalmente grande! Aquelas proporções anatómicas estavam só estranhas para um anime que desejava algo realista.

Depois, pareceu-me tudo demasiado “pastel brilhante”, com muito blur e um uso aparentemente abusivo dos efeitos aquarela. Enfim, admito que não tive a melhor das impressões. Talvez esteja já “gato esquentado” depois de ter visto obras que gostava a serem adaptadas totalmente ao lado, como aconteceu recentemente com The Girl I Like Forgot Her Glasses.

A Sign of Affection – Primeiras Impressões

Um episódio depois…

Estou apaixonada pelo anime. A direção faz a diferença e se há anime que se nota isso é este.

Não vou negar que as proporções Yuki x Itsuomi ainda sejam diferentes do que gostaria, contudo a “cor” do anime é de facto a perfeita e acertada. A pureza da Yuki pedem tons pastel, pede brilho, pede calma e leveza; e tudo isto o ambiente do anime transmite de uma forma sublime.

Mas não é no design de personagens, na fotografia ou até na animação que prende o meu entusiasmo: é na direção e no design de som.

Vale a pena assistir a A Sign of Affection? Só pela direção e guião, SIM!

Yuki é surda. O primeiro episódio tem como objetivo mostrar o mundo de Yuki. E foi de arrepiar.

A cena no metro/comboio foi de uma subtileza e cuidado em mostrar, por comparação, o mundo dos ouvintes e dos não ouvintes que deixa qualquer um eternecido. Numa história onde os pequenos gestos são de imensa importância, ter em atenção ao “som” enquanto se conta a história de uma protagonista surda é um pormenor de extrema importância.

Vejamos o exemplo do café, quando Yuki está rodeada de pessoas a falar e nós só ouvimos a sua voz e uma leve melodia de fundo. Os silêncios, o contraposto do barulho atual do café vs aquilo que ela “ouve”, são tudo pormenores essênciais para mostrar ao espectador o quão significativas são as ações de Itsuomi para Yuki.

Outra característica que dou ainda mais valor em animação são os lábios! Em anime não há propriamente “lábios” sem ser em determinadas cenas desenvolvidas com foco neles. Aqui, a presença de lábios faz parte do design de personagens, o que vindo de uma obra cuja protagonista lê lábios é um pormenor que nos aquece o coração.

O que podemos esperar de A Sign Of Affection?

Ao contrário do primeiro episódio que é a adaptação literal do primeiro capítulo, o segundo episódio deixa claro o “tema” de Sign of Affection. Yuki cresceu dentro de uma bolha, super protegida do “mundo exterior”. Infelizmente, o mundo não está preparado para pessoas com algum tipo de deficiência, e o Japão não é excepção, sendo perigoso para alguém com incapacidade auditiva viver sem ter alguns cuidados.

Apesar de ter vivido grande parte da sua vida protegida, Yuki sonha em sair da sua “bolha” onde tudo é igual. Após terminar o secundário, conseguiu ingressar numa universidade e pretende a partir dali viver uma vida o mais “normal” possível. Contudo, nem toda a gente partilha dessa opinião.

O seu amigo de infância, Oushi, considera o mundo demasiado perigoso para alguém como Yuki e defende que esta não deveria sair da bolha que a protege. Esse pensamento é partilhado desde logo no segundo episódio, algo que no manga não aparece no 2º capítulo (nem tão cedo, honestamente nem me recordo da cena em si, não ficando surpreendida se fosse criada para mostrar o seu ponto de vista).

Por outro lado, temos o Itsuomi que vive a vida de sonho de Yuki. Que conhece o mundo fora do Japão, que partilha com ela as suas vivências e mostra o “quão vasto é o mundo”. O deslumbramento de Yuki face ao mundo sem fronteiras de Itsuomi é o que a levará a vivenciar muitas aventuras e alguns dramas. Afinal, quão maravilhoso é o mundo exterior para alguém que viveu protegido a vida toda? Protegido de perigos, de pessoas, de emoções?

O opening é um teaser de Sign of Affection.

Para quem leu a manga é quase que irónico ver o opening. Acreditem que a minha cara foi: não sei se me sinto spoilada ou agradecida xD

Passo a explicar. Esta obra é um shoujo, convém relembrar que é uma demografia que funciona com algumas tropes “obrigatórias” – é o que é, queixem-se aos editores xD – uma delas são os poligonos ou triângulos amorosos. No manga só temos contacto com o polígono amoroso bem mais tarde, no opening eles dão tudo (até de mais!).

Mostram personagens que supostamente não vão aparecer tão cedo e criam até uma aura de drama estilo Sing Yesterday for Me. Não vou dizer que é mentira. Preparem-se para algum drama romântico, mal entendidos, pessoas mal resolvidas e sentimentos reprimidos, todavia considero que as resoluções são boas e atrativas o suficiente para que a maioria goste. Estamos a falar de protagonistas adultos, só por aí acho que se percebe que não será nada nível drama escolar.

Para quem começou a assistir e não está tão habituado a romance anime shoujo, poderão achar que tudo é muito rápido na relação deles mas reforço alguns pontos:

• Ela teve uma crush, sentiu-se interessada, não se apaixonou (ainda)!
• Convém não esquecer que no Japão as pessoas começam a “sair juntas com a intenção de namorar”, o que é diferente do nosso “namorar” que já se pressupõe que as duas pessoas conhecem-se bem e gostam uma da outra previamente.
• Os protagonistas são adultos, é normal que não haja tanto enrolar. Eles sabem o que querem.

Posto isto, é um anime obrigatório a todos – nem que seja o primeiro episódio! É uma obra de arte lindíssima e tem a animação, direção e fotografia para deixar qualquer amante de anime a babar. Além disso, a história é de eternecer o coração. Dêem uma oportunidade e sejam felizes!

Deixem nos comentários o que acharam dos primeiros dois episódios e até à próxima!

---

Se gostaram deste artigo, há uns meses criei este:

A Sign of Affection merece tanto hype?