Attack on Titan Volume 22 – “Pyrrhic Victory”
Vinte e dois volumes e quase 90 capítulos depois, finalmente ficou conhecida a verdadeira história que interliga Humanos e Titãs. Muito se passou antes da tão aguardada revelação, e o título deste volume 22 não lhe poderia assentar melhor. “Pyrrhic Victory” significa que os ganhos não justificaram as perdas. Depois de tudo aquilo que a Humanidade perdeu e viu-se obrigada a sacrificar desde o início da trama, o uso desta expressão não pode, de maneira nenhuma, ser contestado.
Os Povos de Eldia e Marley
Na primeira parte deste volume, os povos de Eldia e de Marley foram o centro de todas atenções. Algo expectável depois de Hajime Isayama ter presenteado os leitores com a denúncia de Zeke, no final do volume anterior de Attack on Titan. E se essa denúncia pode ser considerada uma surpresa, já as cenas seguintes foram algo previsíveis. Na muralha de Paradis, quer tenha sido pelo estereótipo das personagens, ou pelas cenas anteriores da manga, ou por outra razão qualquer, o “The Owl” foi algo fácil de identificar, assim como o desfecho que Gross recebeu.
Apesar disso, os diálogos foram altamente interessantes e cruciais para percebermos todo o enredo da obra. Aliás, o ponto forte deste volume foi claramente esse. Falo das conversas longas entre personagens que explicaram (quase) tudo o que Isayama construíra deste início e ainda não nos tinha contado. Da parte da revelação de Eren Kruger até à missão assumida por Grisha Yeager, com viajem intermédia pelo passado de Ymir, pelas origens dos Titãs, e pelos Restauradores de Eldia, foi impossível desligar da leitura.
Eren Yeager e as Memórias de Grisha
No meio desta grande viagem a acontecimentos anteriores, identifiquei um ponto negativo. Refiro-me à transição das viagens entre passado e presente. Por outras palavras, ao acesso às memórias de Grisha Yeager por parte de Eren. Quando Eren e Mikasa apareceram aprisionados, pairou no ar a grande dúvida daquilo ser uma visão ou mesmo o presente. Numa primeira fase, foi realmente confuso.
Todavia, a situação anterior não estragou de maneira nenhuma a “chuva de explicações” que ocupou um conjunto reduzido de páginas deste volume 22. Os esclarecimentos apresentaram-se bem estruturados. Por outras palavras, simples e fáceis de entender para o leitor. Não creio que tenham suscitado grandes dúvidas a quem quer que seja, em qualquer um dos tópicos.
Uma palavra para a inclusão das emoções fortes das personagens em cena. Estas poderiam baralhar um pouco as coisas e até criar pontos de quebra com as explicações cruciais de toda a história de Attack on Titan. Porém, dada a fraca ligação do leitor com essas personagens, esse risco não existiu.
Dina Fritz
Outro dos assuntos importantes deste volume. Depois da sua morte em forma de Titã, que coincidiu com o uso da Coordinate pela primeira vez por parte de Eren, este assunto parecia ter sido encostado. Por essa expectativa criada, confesso que foi bom ver Isayama “puxar as páginas atrás” e explicar o porquê da presença de Dina Fritz, enquanto Titã, nos acontecimentos mais importantes que envolveram membros da família de Eren Yeager.
Ora se foi apenas para explicar estes acontecimentos passados ou se para mais à frente atar mais algum nó da história, isso não sei. Só o mangaka o poderá dizer. Independentemente disso, não creio que a primeira vez que Eren usou a Coordinate tenha sido também a última. A partir do raciocínio que esta personagem fez em plena reunião que envolveu Survey Corps e principais responsáveis pelas Muralhas, fica possível elaborar teorias e tentar antecipar quando e em que circunstâncias este irá voltar a usar este poder, pois a partir deste momento isso pode ser planeado.
Os Poderes dos Titãs
Contrariamente a grande parte dos temas abordados neste volume, o da transição de poderes dos Titãs foi um daqueles cujas dúvidas permaneceram. Nomeadamente, no caso em que a pessoa detentora de um desses poderes perde a vida sem o transitar para alguém. Sabemos agora que esse poder vai parar a um dos descendentes do povo de Eldia. Mas essa escolha será totalmente aleatória? Ou existem indivíduos com maior probabilidade a herdarem esta benesse/maldição do que outros?
Entre os 9 Poderes dos Titãs, continuamos também sem conseguir identificar todos eles. Será no próximo volume de Attack on Titan?
Armin e Erwin: ainda a escolha que foi feita!
Se o ponto forte deste volume recai sobre os diálogos entre personagens, certamente que não apenas nos que dizem respeito às revelações da história. O diálogo na parte final desta manga, que trouxe novamente à baila a escolha de sobrevivência entre Armin e Erwin, também foi um dos seus pontos altos. Não acrescentou nada, nem desenvolveu em nada a história. Contudo, serviu para reforçar um ponto que, acredito eu, terá divido os fãs desta obra nesta escolha tão difícil, e que por isso mesmo nunca é demais debatê-la.
Na minha sincera opinião, tenho poucas dúvidas em relação à escolha em favor de Armin Arlert se revelar acertada por parte de Hajime Isayama no futuro. Por mais que eu preferisse Erwin Smith e tenha a certeza que se fosse o Comandante o escolhido também seria uma aposta ganha. A importância de ambos justifica a dificuldade tremenda desta escolha, que ninguém merece o castigo de ter que a fazer.
Conclusão: Eren Yeager vai morrer?
Terminada a leitura deste volume, e a apresentação do oceano que nós tão bem conhecemos, mas que até à data estas personagens só conheciam dos livros, fica mais uma vez no ar a ideia de Shingeki no Kyojin estar perto fim. Agora que os habitantes das muralhas sabem toda a verdade, um novo confronto entre os povos de Eldia e Marley parece estar próximo, o que poderá coincidir com o fecho desta história.
Para isso basta lembrar que aquele que sempre foi o protagonista da história, mas que a meu ver nunca foi das melhores personagens, está mais preparado do que nunca para decidir o destino destes povos. As conclusões sobre a Coordinate e a percepção de que Historia Reiss poderá ser peça sacrificada para o bem de todos (algo que não me parece ser um problema para esta personagem), reforçam esta linha de pensamento, que não fica por aqui.
Agora com o conhecimento do tempo de vida dos Titãs, estabelecida a desejada paz, será arriscado assumir que o epílogo será daqui a 8/9 anos, quando Eren tiver que passar o seu poder para alguém e perder a vida? Ou o desfecho de todo o mistério envolvente acabará com o desaparecimento desta maldição? Hajime Isayama não é o tipo de autor que poupa as suas personagens. Muito pelo contrário, o que faz crer que esta segunda hipótese tenha poucas probabilidades de se tornar realidade. Por mais vezes que Eren já tenha estado perto da morte e sobrevivido sempre. A ver vamos o que ai vem.
Análises
Attack on Titan Volume 22
O volume com (quase) todas as respostas que pairaram no ar desde o início de Attack on Titan. Assim, à semelhança do seu anterior, ele é também uma peça chave neste fantástico trabalho de Hajime Isayama.
Os Pros
- O cruzamento de vários pontos misteriosos que enriqueceram o enredo de Attack on Titan praticamente desde o início
Os Contras
- Por vezes é necessário voltar a ler algumas passagens para conseguirmos associar os respetivos acontecimentos ao contexto histórico da obra