Quando se trata deste arc nascem em mim sentimentos contraditórios. Tudo começou com o manga… Depois de dois arcs fortissímos – Mugen Train Arc (com o Hashira de Fogo, Kyojuro Rengoku) e o Entertainment District Arc (com o Hashira do Som, Tengen Uzui) – chegamos a uma espécie de training arc em que o trio é separado e cada um vai para o seu lado.
Logo no início do anime vemos, uma vez mais, Muzan a perder a cabeça. Desta vez sem mortos, contemplamos um dos inícios mais fortes e “Wouooo” da franquia: com Akaza a “cair” no labirinto que é a mansão de Muzan. Depois, claro, é sempre com o hype a subir com a apresentação das restantes Luas superiores (Kizuki) e a promessa de um contra-ataque à altura… O futuro dos Demon Slayers está em perigo: foi descoberta a aldeia dos ferreiros!
Em Demon Slayer só há duas localizações que todos sabemos que se forem descobertas a coisa fica negra: a aldeia dos ferreiros e a mansão dos Ubuyashiki! E não é que a primeira foi descoberta! Ai ai que as coisas não caminham bem…
E começa assim um dos meus arcs preferidos e o mais frustrante de toda a série.
A minha relação de Amor e Ódio com o Arc A Aldeia dos Ferreiros
Foi a partir deste arc que passei a criticar mais negativamente a obra. Demon Slayer é um shounen genérico, com muitos pontos positivos mas desenvolvimento de história e personagens não é um deles. Pensem naquele assado top, com todos os ingredientes para o sucesso. Aspeto incrível, de babar; começam a comer, de início até que sabe muito bem, vão para a parte mais funda da carne… está crua xD
Pronto, foi a melhor analogia que consegui fazer: o problema de Demon Slayer é o potencial desperdiçado e neste arc é mais patente que em tudo o resto.
Em conversa com amigos, tive alguns que acharam o arc aborrecido e sem “hype” suficiente. Não tinha batalhas alucinantes, demónios marcantes e coisas a acontecer o tempo todo. Pois bem, se o compararmos com o Distrito de Entretenimento foi calmo, ou menos frenético. Contudo, se me disserem que em termos de qualidade é inferior, não concordo!
O treino do Tanjirou e toda a divertida interação entre ele, Genya, Muichiro, Mitsuri e Nezuko fizeram-me apaixonar pelo arc. Mais, como assim não é um arc forte o suficiente como já ouvi referirem? Mas vamos falar da cena do Hotaru a se marimbar para o Lua Superior 5 – Gyokko – porque estava a afiar a espada? Isso sim é uma cena badass como tudo!
E a cena em que o Kotetsu regressa, ferido, para o lado do Muichiro para lhe dar ar – LITERALMENTE – e o salva da morte certa?! Dos meus momentos preferidos no manga e uma ponte perfeita para o backstory DO protagonista deste arc: Muichiro!
Temos que perceber que acabamos de vir de um arc com um Hashira mais extrovertido e carismático, o Uzui é um personagem forte e vibrante – e nem estou a falar do verdadeiro arraso que foi o Rengoku. É injusta uma comparação com Muichiro, um Hashira introvertido e de personalidade fechada de que pouco sabemos, e que no início parecia um boneco vazio.
Tal como vimos ao longo da série, cada arc é o reflexo das personagens envolventes – e, nestes últimos, dos Hashiras que as representam. E nesta temporada não foi excepção e funcionou muito bem…
A aldeia dos ferreiros – Uma aldeia escondida pelo nevoeiro…
Não foi por acaso que o Mist Hashira é um dos protagonistas desta temporada. Névoa é o seu poder, um fenómeno que esconde o que está mesmo à frente dos nossos olhos. Tal como acontece com esta cidade, perdida entre as montanhas, de localização desconhecida.
Todos os seus habitantes são, também eles, incógnitos, cobertos com uma máscara tradicional. Todo o ambiente é envolto numa mística de segredo, de névoa. Não sabemos quando vão atacar, o que vai acontecer… No início apenas vemos os nossos protagonistas a treinar e a interagir. E se há coisa que adoro é conhecer um pouco mais sobre os personagens!
Este arc é para ser uma pausa, um respirar. A aldeia dos ferreiros é suposto ser um lugar seguro e não uma boate ou um bairro de divertimento como o arc anterior!
O que não funcionou tão bem…
Se temos dois Hashiras temos 2 batalhas, 2 tempos de destaque. Ora, ou estamos atentos a uma coisa ou a outra. Se em manga ainda conseguiamos ler rápido e não sentir muito o choque de estarmos ene de capítulos sem saber de um ou do outro, em anime a sensação é diferente.
Em anime, o choque de passar ene de episódios sem saber onde estão e o que estão a fazer dá a sensação de quebra. De desregulação. Sobretudo na batalha final, o não vermos a batalha da Mitsuri em simultâneo com a corrida do Genya, Tanjirou e Nezuko atrás do Hantengu (Lua Superior 4) deixou-me perdida e um tanto frustrada.
Uma personagem que adoro ver reduzida a nada, sem ligação e sem sequer perceber – salvo o que está subentendido – a força da Mitsuri! Pouco a vimos lutar e tudo foi feito para facilitar as coreografias de batalha – culpa do manga aqui!
Demon Slayer Temporada 3 – Análise
Queria mais!
É um arc que pedia mais desenvolvimento das personagens, mais sobre a Mitsuri, muito mais sobre o Genya que ainda para mais é tão importante e que possui das histórias mais “humanas” e tocantes. Não nos podemos esquecer que nesta terceira temporada de Demon Slayer tivemos imensos backstorys, até do Muzan tivemos a explicação da sua origem. Sem esta temporada e aquilo que ela nos mostrou, os acontecimentos futuros não teriam o peso que irão ter – ou assim espero. Tudo isto para dizer, sejam bonzinhos na avaliação desta obra e olhem esta temporada como ela é: um desenvolvimento das personagens.
Enquanto leitora do manga este arc deixou-me muito triste e frustrada, lembro-me de ter adorado e devorado-o! E, por ter gostado tanto dele, a sensação de frustração para com a obra no geral foi o que se sobressaiu. Afinal, poderia ter sido o melhor arc de todos, mas não, é só mais um, um que divide opiniões – ainda por cima! – e que, mesmo sabendo que o estúdio tudo fez para adicionar material extra na adaptação, acho que muito mais poderia ser feito para pelo menos sentirmos a batalha final da Mitsuri mais coesa.
Depois da cena final resta-nos desejar – e esperar – por mais uma temporada enquanto sonhamos com mais finais felizes…
E vocês, o que acharam desta temporada?
Podem assistir a esta temporada na Crunchyroll, AQUI!
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Análises
Demon Slayer Temporada 3 - A Aldeia dos Ferreiros
Tanjiro partiu a sua espada - uma vez mais - e decide visitar o seu ferreiro à mística aldeia. Lá encontra o Pilar da Névoa, o Pilar do amor e Genya, bem como outros visitantes indesejados...
Os Pros
- Desenvolvimento das personagens
- Backstories importantes
Os Contras
- Necessidade de mais desenvolvimento
- Contraste com o arc anterior que foi mais frenético que este