Título: Gangsta.
Adaptação: Original
Estúdio: Manglobe (Ergo Proxy, Samurai Champloo)
Géneros: Drama, Ação e Seinen
Ficha Técnica: Disponível
Gangsta. | Opening
https://www.youtube.com/watch?v=9yRrxlom6ko
Gangsta. | Temáticas Adultas para enganar “Ceguinhos”
“Crimes organizados, famílias perigosas, interesses monetários, redes de prostituição e uma cidade corrupta. É esta a fusão de temáticas que dá origem à premissa de Gangsta.”
Quando afirmei esta citação tinha assistido a apenas um episódio, que por sua vez prometeu mais do que cumpriu. São tudo temáticas interessantes que nos deixaram a babar por mais. Porém, é aqui que começa e acaba o retrato das mesmas, na introdução. Vejamos uma coisa muito importante, afirmar que existe abuso infantil, tráfico de escravos, corrupção, homicídio, prostituição, não é suficiente para designar uma narrativa com o selo de “conteúdo adulto e maduro”. É necessário que nos mostrem o porquê, o como, o quando, os envolvidos, as razões e objetivos.
A escrita de Gangsta não é pobre em temática, mas é terrivelmente preguiçosa. Eu sei que para muito do público, apenas mostrar uma esquina povoada pela prostituição, ou um armazém lotado de escravos é suficiente para criar popularidade sobre a obra com o rótulo de “conteúdo maduro”. E claro, por esta mesma razão é que continuam a existir tantos títulos com uma notável introdução, sem uma execução que a consiga acompanhar. Todavia, se perguntar a este mesmo público, o porquê, o como, o quando, os envolvidos, as razões e objetivos, será que vou obter uma justificação para o rótulo que deram à obra? Não me parece.
Gangsta. | Falta de Objetivo
Estávamos preparados para uma narrativa episódica. Este ponto foi deixado claro na introdução. Mas narrativa episódica não é sinónimo de falta de foco no enredo. Todas as problemáticas até aqui faladas sobre a escrita de Gangsta, foram responsáveis por uma falta de progressão narrativa terrível. Passam o anime todo a inserir isto aqui, isto ali, isto além. Mas desenvolver uma boa percentagem das temáticas, conceitos e personagens que propuseram, nem de perto.
Portanto, quando estamos a seguir uma história até ao episódio final, e podemos afirmar que o conhecimento que temos é praticamente o mesmo comparativamente ao que tínhamos quando foi iniciada, significa que algo não está certo. A história tanto não se move, como se move de forma conveniente só para atingir um ponto onde pode inserir mais um conceito e mais uma personagem.
Enfim, somos bombardeados de informação, exposição narrativa e diálogos massudos sem grande realismo, muitas das vezes só para tentar explicar conceitos ao público.
Gangsta. | Personagens Vazias
“Para obter um resultado acima da média neste tipo de premissa, são necessárias personagens fortes como requisito principal, que consigam conduzir, desenvolver e principalmente encarnar o enredo.”
Este foi outro dos pontos que abordei nas minhas primeiras impressões da obra, sendo que este era o requisito essencial para que esta funcionasse. Todavia, e tal como em todos os outros requisitos a obra falha mais uma vez. A acompanhar as temáticas interessantes, tínhamos personagens carismáticas, que ficaram por aí. Visuais e designs bonitos para enganar e atrair o consumista comum, e deixar os que procuram substância bastante desiludidos com o produto final.
Não é difícil sustentar o argumento em cima referido, principalmente se me focar em exemplos das personagens secundárias, que não passam de desenhos com uma voz. Mas para tentar ser mais justo, e para mostrar que até nas personagens principais falharam, vamos dar uma olhadela a alguns aspetos das mesmas. A personagem feminina, Alex, o que sabemos realmente sobre ela? É prostituta e sofre de amnésia. Quando começa a recuperar as memórias, tendo aqui a oportunidade de tecer a sua personalidade, a história termina. Portanto, Alex com 1 episódio, ou com 12 episódios, é a mesma Alex, uma prostituta que sofre de amnésia.
Dos outros dois, Worick e Nicolas, temos algum desenvolvimento no que diz respeito aos seus passados, que por sua vez até se revela uma parte da história bastante interessante (talvez até a mais interessante). Mas quando começamos a pensar sobre o que sabemos deles do presente, os seus verdadeiros objetivos, ligações com toda a narrativa, o interesse e conhecimento fogem-nos. Do Nick ficamos a saber da ligação emocional forte dele com uma pessoa, e por aí ficou. Sabemos que este só está considerado de Rank elevado porque se droga todo quando vai lutar, mas nunca vimos consequências reais dele estar em constante overdose pois não? Tendo em conta esta incoerência, então todos os Twilights podiam fazer o mesmo que ele, e deste modo ele nunca conseguiria vencer ninguém acima do seu Rank natural. Relativamente ao Worick é talvez a personagem mais consistente de início ao fim, mas vai sofrendo dos mesmo problemas dos seus companheiros.
Gangsta. | Pérolas Momentâneas
Ainda que, percentualmente falando Gangsta. seja na sua maioria mau, ainda se salvam alguns momentos e conceitos inovadores. Um dos pormenores mais interessantes, tanto do ponto de vista narrativo, como do ponto de vista técnico, é o facto de termos uma personagem surda. Isto abre as portas para a introdução de muita coisa que é extremamente rara em animação. Neste ponto posso afirmar, até onde o meu conhecimento me permite, que foi tudo executado com bastante precisão.
Além deste momento, de tempos a tempos, somos contemplados pela grandiosidade da Manglobe. De vez em quando, se os planetas se alinhassem, todos os departamentos entravam em sintonia, entregando-nos grandes momentos. Surgiram momentos emocionais incríveis que retratavam o estado mental de determinada personagem com grande exatidão, transmitindo-nos todos os sentimentos necessários para nos ligarmos ao momento. Além deste ponto forte, tivemos uma ou outra sequência de luta que captou a essência do estilo de luta do Nicolas, conferindo curtas mas bonitas e fluídas coreografias nos momentos de batalha.
Gangsta. | Juízo Final
Na época de estreia, Gangsta conseguiu destacar-se na fornada de primeiros episódios. Apareceu com um episódio sólido, aumentando as expectativas, colocando-se até entre os títulos mais promissores da sua temporada. Por esta mesma razão, deve ter sido também aquele que mais desiludiu a quem lhe deu uma oportunidade. O forte começo, o bom desenvolvimento inicial, e o nome da Manglobe por detrás da produção, levaram-nos a acreditar que estávamos perante um bom título.
Porém, a um terço da obra, esta boa maré é levada para uns recantos menos agradáveis. O ritmo narrativo quebra, as personagens deixam de ser desenvolvidas – algumas até transmitem a ligeira sensação de regredirem, a história deixa de ter um foco e o aspeto visual intensifica todos os aspetos negativos. Quando chegámos aos episódios de conclusão da obra, ainda não existe nada para concluir, pois nada foi desenvolvido. Não existe nem uma ténue intenção de redenção, sendo que em vez de tentarem atar algumas pontas soltas, inserem mais conceitos narrativos e, com eles, mais personagens.
Muito sinceramente, não vejo razão para perderem tempo com Gangsta. Mesmo que gostem do género, mesmo que gostem dos conceitos, ou até mesmo que tenham visto e apreciado o primeiro episódio, não existe aqui entretenimento. Apenas um gosto amargo a frustração perante o potencial desperdiçado. Se querem algo nestas estruturas, aconselho que experimentem Black Lagoon, Baccano! e Gungrave.
O único aspeto que vos poderá levar a experimentar Gangsta é o facto de saberem se querem ou não ler a manga, mas mesmo para isso, chega assistirem ao primeiro episódio, depois disso poupem o vosso tempo, e sigam para a manga.
Análises
Gangsta.
Muito sinceramente, não vejo razão para perderem tempo com Gangsta. Mesmo que gostem do género, mesmo que gostem dos conceitos, ou até mesmo que tenham visto e apreciado o primeiro episódio, não existe aqui entretenimento. Apenas um gosto amargo a frustração perante o potencial desperdiçado. Se querem algo nestas estruturas, aconselho que experimentem Black Lagoon, Baccano! e Gungrave.
Os Pros
- Personagens
- Conceitos
Os Contras
- Exposição
- Ritmo narrativo