Mais de 6 anos depois, Chihayafuru regressou ao ecrã, desta feita com a sua terceira temporada. Demasiado tempo para uma obra repleta de qualidade a todos os níveis, inclusive capaz de despertar o nosso interesse por um desporto que à primeira vista nem parece desporto: o Karuta. Contudo, já não restam dúvidas que, tanto tempo depois, a história e a produção não perderam o tacto.
A prioridade foi situar o espectador
A Madhouse percebeu o impacto causado por este longo hiato de Chihayfuru. A sua primeira preocupação foi situar o espectador antigo e trazê-lo de volta ao ambiente desta história que, de alguma forma (não literal), até pode ser apelidado de “mágico”.
A produção projetou alguns momentos passados das personagens principais para recentrar as atenções no Karuta e recordar as regras deste jogo altamente intenso. Embora a explicação possa ser um pouco célere, não na abordagem das regras, mas na velocidade da fala do explicador, a animação que a acompanha facilita muito o entendimento deste desporto e as estratégias adotadas pelos jogadores.
Opening – 99RadioService, quem mais?
Como se costuma dizer: equipa que ganha não se mexe. Depois de ter dado voz aos openings anteriores da franquia, o grupo 99RadioService protagoniza também a nova abertura, desta feita com o tema “Colorful“, mantendo o seu excelente trabalho.
Para lá da música, importa igualmente referir o vídeo de abertura. Bastante acelerado na mudança dos visuais, o vídeo consegue transmitir parte da intensidade que destaca esta obra pelos melhores motivos.
Relativamente ao ending, teremos de esperar pelo próximo episódio.
As surpresas no Karuta continuam…
O Karuta é um dos parâmetros responsáveis por manter o espectador constantemente interessado em Chihayafuru. Não sendo eu um especialista neste desporto, que nem se houve falar em Portugal, a ideia que passa é que a autora faz uma gestão muito boa de todas as regras, estratégias e técnicas que, no seu somatório, podem tornar um embate de Karuta diferente de todos os outros. Por outras palavras, esta chegada constante de novo conteúdo sobre o jogo, aliado a diferentes desfechos nos duelos mais importantes, agarram-nos à trama com uma força incrível.
…e nas personagens também!
Que seria do Karuta sem os seus jogadores e os traços de personalidade que os distinguem enquanto seres humanos? Este acompanhamento feito de perto às personagens principais é o “outro” pilar fundamental da obra e promete não estagnar. Pelo menos, assim o deu a entender Taichi Mashima , que parece envolvido numa aura mais enigmática e até sombria da que lhe é conhecida.
Se Taichi parece ter sido alvo de algum processo de mudança, outras personagens justificaram os seus traços mais característicos. Ayase continua a disputar cada carta com o máximo de intensidade possível, independentemente de quem seja o seu adversário e da vantagem que tenha no duelo, mostrando um grande respeito competitivo. Já Retro-kun continua a suscitar riso no espectador por via das suas falas e comportamentos, ainda que algumas das suas “deixas” sejam proferidas em tom sério.
Uma palavra também para Midori Sakuraza. Quando analisei Chihayfuru 2, abri a possibilidade desta personagem ganhar importância nos capítulos seguintes. Este primeiro episódio reforçou essa convicção que joga em favor da trama.
Arte e Animação intocáveis?!
Neste episódio de estreia, onde grande parte do tempo foi passado em recinto fechado, ainda é complicado discernir a aposta da produção nos ambientes paisagísticos (citadinos e naturais), para também através deles nos encantar. Mas tudo indica que sim! Primeiro, porque o estúdio é o mesmo de sempre: Madhouse. Segundo, o parâmetro que o complementa, isto é, a grande diversidade de cores, marca reconhecida da série, já pintou este início de Chihayafuru 3.
De igual modo, o desenho que delimita as personagens e planos de fundo mantém a sua identidade. Em relação às legendas em estilo manga, que em algumas ocasiões surgem junto das personagens a fim de clarificarem as suas reações e estados de espírito, também continuam a ser aposta.
Chihayafuru 3 – Potencial
Resumindo, foi um belo regresso de Chihayafuru ao ecrã. Não tendo sido uma reaparição arrebatadora, esta estreia trouxe de volta tudo aquilo que transformou esta obra numa produção fascinante. Ou seja, para o espectador foi um “matar de saudades” capaz de o deixar de coração cheio.
Posto isto, cabe agora à Madhouse continuar o bom trabalho e, dessa forma, reforçar a ideia de que esta longa espera (com um adiamento extra pelo meio) valeu a pena.
Chihayafuru 3 – Trailer
https://www.youtube.com/watch?v=Gzh6bZ3Ccco
Análises
Chihayafuru 3
Apesar dos mais de 6 anos de hiato entre a segunda e a terceira temporada de Chihayafuru, não restam dúvidas que, tanto tempo depois, a história e a produção não perderam o tacto.
Os Pros
- Manutenção da identidade dos vários parâmetros de produção
- A história promete continuar a despertar o interesse do espectador, seja pelo Karuta, seja pelas relações entre as personagens
Os Contras
- Ainda por descobrir