Para além de ser um espaço informativo, o ptAnime é também um lugar onde os seus redatores podem manifestar as suas opiniões, gostos e pontos de vista sobre este tipo de entretenimento nipónico. Por isso mesmo, hoje decidi partilhar convosco aquele que é de momento o meu Top 10 de séries de Anime.
A minha lista de séries visualizadas não é tão alargada quanto isso, como podem conferir no meu MyAnimeList, pelo que em 2015 esta classificação poderá sofrer alterações significativas por produções antigas que ainda não tenha visto, por novas obras que estejam para chegar ou devido ao término de animes atualmente a decorrer. Sim, é verdade, estipulei o critério de não incluir aqui séries ainda em exibição pois nunca se sabe o que pode acontecer.
Ainda sobre este artigo que desenvolvi, fica-me retido na memória a dificuldade em decidir as posições de algumas séries, particularmente das que surgem nos lugares cimeiros. O equilíbrio é tanto que acho que se voltasse a eleger este Top o faria de maneira ligeiramente diferente.
10. Chihayafuru
Acreditem ou não, esta última posição do Top foi das mais complicadas de atribuir a uma série. Porquê? Por ser a posição que definia a série (de muitas!) que ainda ficava dentro deste Top 10.
Estas duas primeiras temporadas que dão vida a “Chihayafuru” foram as escolhidas devido ao impacto que causaram na minha pessoa. Séries excessivamente sentimentalistas são produções que aprecio mas que normalmente não mexem comigo o suficiente para as colocar num Top. Acontece que “Chihayafuru” tem uma elevada dose de emoções que consegue passar para fora do ecrã com grande facilidade. Arrisco-me mesmo a dizer que até exagera visto que há choro a mais na personagem principal, Chihaya Ayase.
Mas, ao contrário do que se possa pensar, o amor não é o principal tema desta obra. Ou pelo menos, não é o único, já que a ele se junta o Karuta, um desporto bastante desconhecido no Ocidente. Algo compreensível tendo em conta que esta modalidade não é assim tão atrativa quanto isso, sendo aqui que consegui perceber o real valor desta série.
Sem dar por mim, fiquei rapidamente viciado nos acontecimentos inesperados e originais da série, sem nela encontrar um tema ou um tipo de história que eu adore. Quando assim é então a qualidade de uma produção é inegável e “Chihayafuru” é um exemplo prático disso mesmo, pois conseguiu fazer a diferença.
9. Bleach
A adaptação para Anime da grande obra de Tite Kubo fica-se pelo nono lugar desta classificação por duas simples razões: excesso de fillers e história inacabada.
Tipicamente shounen, a obra tem aquilo que normalmente se aprecia neste tipo de séries. Grandes batalhas e enredos intrigantes que nos deixam sempre a deambular e a elaborar teorias sobre o que vai acontecer a seguir.
O grande número de personagens bem construídas, os diversos tipos de guerreiros que são criados a partir do conceito ‘Soul Reaper’ e os poderes desenvolvidos são tudo aspetos que podiam colocar “Bleach” num patamar mais alto não fossem os dois motivos já referidos.
Se o primeiro não é muito grave pois o término deste anime até surge numa altura da história propícia a isso, o mesmo não se pode dizer dos fillers que estão constantemente a aparecer e muitas vezes às dezenas, aborrecendo o espetador.
Um nono lugar que fica a saber a pouco …
8. Rurouni Kenshin
Também conhecida por “Samurai X”, esta obra que marcou a infância da geração de 90 portuguesa não podia deixar de marcar presença neste Top.
Para além de ser mais um anime com protagonistas e antagonistas bastante peculiares, muito bem concebidos tanto a nível físico como de personalidade, que nos encantam ao longo dos episódios, há também a própria história que com o seu elevado clima de suspense, intriga e de antecipação de grandes combates consegue criar um grau de viciação em Rurouni Kenshin elevadíssimo.
A banda sonora consegue também deixar-nos a sua marca com algumas badaladas excecionais, juntando-se ainda um outro aspeto que é de grande valor para quem se interessa pela história mundial. Falo do passado historial japonês, que foi marcado por várias Eras como a Meiji e a Edo, entre muitas outras, todas elas repletas de uma enorme riqueza história.
À semelhança de “Bleach”, esta produção peca também pelo excesso de fillers, que surgiram numa tentativa de se continuar com o anime após a adaptação dos grandes momentos da Manga de Nobuhiro Watsuki. Acontece que os últimos episódios são mesmo de dispensar.
7. Bakuman
Quem gosta de Anime certamente que também demonstra algum interesse pela Manga, ou pelo menos curiosidade sobre este tipo de obras, uma vez que é de lá que normalmente surgem as grandes séries televisivas nipónicas de formato animado.
Ora foi provavelmente com essa ideia em mente que Tsugumi Ohba e Takeshi Obata decidiram criar Bakuman, ou seja, para dar a conhecer aos nipónicos e em particular ao povo ocidental todos os processos que ocorrem numa obra deste tipo. Desde uma ideia imaginária a um sketch com potencial, de um One Shot a uma história serializada e de uma Manga conceituada à sua adaptação para o mundo do Anime muitas coisas interessantes se passam.
Sem dúvida que esta premissa inicial já é por si só bastante atrativa, mas melhor ficou por ter ido parar às mãos destes dois senhores que realmente conseguem dar uma vivacidade ainda maior a toda esta história. Para isso juntam uma verdadeira história de amor a este mundo de mangakás, assim como interessantes rivalidades entre os próprios autores e peripécias super divertidas.
Para o fim deixo o ponto que me parece ser o mais incrível de Bakuman e que marca presença nas três temporadas. As histórias criadas propositadamente para as personagens mangakás desta história são incríveis. As ideias apresentadas para darem vida a obras de qualidade são em grande número, sendo que algumas poderiam mesmo ser transportadas para uma manga real.
6. Dragon Ball/Dragon Ball Z
Deixar de fora deste Top a série que marcou miúdos e graúdos em finais do século XX? Impossível!
Ainda hoje, anos depois do término da história, Dragon Ball continua a dar muito que falar por intermédio de novos videojogos, novas revelações do seu criador sobre personagens da história, entre muitos outros assuntos.
A verdade é que nada disto é obra do acaso, mas sim consequência desta história fantástica que ganhou vida no mundo do Anime. O destaque vai essencialmente para o desenvolvimento das principais personagens ao longo das centenas de episódios; para os antagonistas principais (Freeza, Cell e Buu) que estão sempre cheios de artimanhas e são capacitados de evoluções que os tornam ainda mais poderosos; para a superação de poderes de todos os heróis, pois quando parece que o seu potencial máximo foi atingido, eles conseguem sempre surpreender-nos, a nós e a eles próprios; para as famosas “Bolas de Cristal” que acrescentam à série uma vertente mais “mitológica”; e, por fim, de salientar os combates maravilhosos que nos criam o desejo de querer ver sempre mais e mais.
Com argumentos como estes é só mesmo começar a ver a série baseada na criação épica de Akira Toriyama, pois poucos episódios depois o grau de viciação vai ser tão alto que nunca mais vão largar Dragon Ball Z.
5. Steins;Gate
“Steins;Gate” é um anime capaz de encantar os grandes adeptos do mundo da Matemática e da Física pelo conceito de “máquina do tempo” em torno do qual gira toda a história, como também pode deixar apaixonado outro tipo de espetadores, seja pelo relacionamento entre as personagens, pela banda sonora, pelo efeito surpresa que é uma constante nos diversos acontecimentos, ou porque a série é simplesmente encantadora, ainda que possa ser complicado explicar porquê.
A par de uma outra obra que surge mais à frente neste Top, esta é a série que aparece logo em foco na minha mente quando me perguntam quais as melhores séries para alguém se iniciar no mundo do Anime. É a prova viva de que este tipo de entretenimento vai muito para além da miudagem.
A maneira de falar, de agir, de reagir, as frases célebres, a forma como gesticula o ator principal são detalhes que parecem superficiais e que na realidade fazem toda a diferença, também muito por “culpa” do ator de voz nipónico. Não são estes detalhes que nos convencem a ver um anime, mas sim os que nos encantam e que nos marcam nas grandes obras.
Se eu alguma vez me vou esquecer de como é terminar uma chamada telefónica com “El Psy Congroo!”, dos discursos agitados de Rintarou Okabe ou da maneira como Mayuri diz “Okarin”? Não vou!
Esta é uma história que vai muito além da sua qualidade no ambiente e no enredo. O seu esplendor atinge todo e qualquer aspeto capaz de cativar a atenção do espetador. E, curiosamente, não é uma história adaptada do mundo da Manga, o que também joga a favor da sua valorização enquanto obra.
A única complicação será mesmo seguir o fio de história que inclui mil e uma viagens ao passado. No entanto, ter de rever cenas passadas para se perceber tudo em Steins;Gate não é certamente um problema, pois o interesse é constante e ocorre de forma automática.
4. Shingeki no Kyojin (Attack on Titan)
Das 10 séries aqui apresentadas, “Attack on Titan” é a mais recente, e aquela que ainda tem muita margem de progressão, visto que a história está longe de atingir o seu final neste universo. Na verdade, ainda se espera a confirmação de uma segunda temporada.
Assim sendo, é precisamente por isso que não a coloquei um ou dois lugares acima, ou seja, pelo que pode surgir daqui para a frente. A premissa inicial é emocionante e explosiva, confirmando-se isso mesmo nos primeiros episódios.
Esta é uma daquelas séries de valor que se foca na luta da humanidade pela sobrevivência, tendo pela frente os Titãs, criaturas poderosas que destroem tudo por onde passam. Inicialmente, a população humana parecia a salvo destas criaturas graças às paredes de 50 metros que foram construídas em torno da região onde se estabeleceu.
Porém, esta “vida em cativeiro” muda de figura na altura em que se abre uma brecha nas paredes, começando ali a luta pela sobrevivência, em paralelo com um estudo detalhado, que vem de há décadas atrás, sobre o inimigo e como o combater. Os sacrifícios sempre foram muitos, e muito poucos os progressos.
Adiantar aqui mais a história seria um erro para aqueles que ainda não deram uma oportunidade a este anime. Sem dúvida que é um ponto de grande valor nesta obra, mas não o único! O enredo é soberbo e os ambientes criados foram, sem dúvida alguma, muito bem escolhidos, dos quais fazem parte a fortaleza onde se refugia o Ser Humano.
E porque o melhor de tudo ficou reservado para o fim, eis que menciono as batalhas entre Humanos e Titãs. Fabulosas! Não só as habilidades desenvolvidas pelos grandes protagonistas, como os equipamentos elaborados pela nossa espécie para combater as criaturas. Ao longo da história o modo de funcionamento do equipamento principal de combate, o Three Dimensional Maneuver, é minuciosamente explicado, sendo nestas alturas que ficamos embasbacados com a criatividade que o autor detém. Muito bom!
3. Code Geass: Lelouch of the Rebellion R1R2
Code Geass é uma história focada num jovem, Lelouch Lamperouge, que desde muito cedo estabelece como objetivo de vida uma mudança radical no mundo, de maneira a que o Império Britânico deixe de oprimir os japoneses, entre muitas outras regiões do planeta.
Esta é uma premissa muito simples, mas na qual reside toda a “força” e “imprevisibilidade positiva” que a série contém, tanto por parte da personagem principal como das que a acompanham. O desejo cego de um poder que lhe permita atingir a sua meta e a desvalorização dos sacrifícios humanos inevitáveis para que tudo corra como planeado fazem de Code Geass uma obra dramática, envolta em mistério, suspense e cheia de ação.
Num mundo em que os mechas são as máquinas de combate mais evoluídas (e que máquinas esplendorosas alguns deles são!), é principalmente durante os combates e as guerras entre nações, que colocam frente a frente velhas amizades, que a carga emocional atinge um nível não expectável para o espetador. Estar preparado para não ser surpreendido com as voltas que o enredo dá episódio após episódio é uma tarefa muito complicada.
Para duas temporadas de 25 episódios, o número de personagens com relevo para a história é grande! Um aspeto que trouxe algo de positivo, uma vez que a maior parte delas estão muito bem construídas e são exploradas da melhor maneira. Na verdade, as mais pequenas e insignificantes tomadas de decisão acabam várias vezes por ter impacto no desfecho de grandes acontecimentos.
Um outro ponto positivo que me parece de valorizar nesta obra quando comparada com as outras obras aqui mencionadas é o sentido inverso da relação Manga/Anime. Code Geass foi originalmente criado por Ichiro Okouchi e Goro Taniguchi para Anime, e só mais tarde é que surgiu uma adaptação para Manga, consequência do enorme sucesso da produção.
Antes de avançar, não posso deixar escapar a vertente musical. As melodias da cantora Hitomi presentes em Code Geass são sensacionais!!! Consigo pensar em séries com qualidade musical perto do desta produção, mas com nível igual ou superior tenho bastante dificuldade.
2. Fullmetal Alchemist: Brotherhood
Este artigo é tão rico em grandes animes que começa a ser muito complicado arranjar adjetivos para elogiar todas estas séries.
Pois bem, a segunda adaptação da manga de Hiromu Arakawa para Anime, aquela que adaptou a história original na íntegra, é capaz de deixar qualquer espetador que lhe dê uma oportunidade extasiado.
Primeiro porque é uma produção dotada de um grafismo bastante evoluído, sendo muito difícil encontrar falhas.
Segundo pelas batalhas peculiares que o enredo surpreendente e bem desenvolvido nos proporciona.
Em terceiro, e este é talvez o ponto mais forte de toda a série, está a parte da concepção das personagens existentes. A história de vida de todas as que são exploradas a fundo é fascinante. A mais aprofundada e a melhor de todas é o “amor familiar” dos irmãos Elric. Depois de perderem a mãe, os dois vão fazer tudo o que está ao seu alcance (e o que não está!) para através da alquimia trazerem-na de volta ao mundo dos vivos. A primeira tentativa falhou redondamente, tendo um dos irmãos, Alphonse, perdido o seu corpo humano em troca por um de metal, o que trouxe um objetivo adicional a esta jornada pelo mundo alquímico.
Como diz a primeira lei da alquimia, a da Troca Equivalente, nada pode ser conquistado sem se dar algo em troca, ou seja, devem ser feitos sacrifícios. Tanto Alphonse como Edward estão perfeitamente conscientes disso. Todavia, a concentração e a vontade de alcançarem os seus objetivos é tão grande que os “miúdos” estão mais que preparados para sacrificarem o que quer que seja.
Esta é uma história muito rica em valores morais, onde vemos as palavras confirmadas com atos. Uma obra que está longe de ser cor-de-rosa, pois há dor, há mortes e à sacrifícios como os há na vida real nas grandes batalhas da vida. “Fullmetal Alchemist: Brotherhood” é uma produção muito verdadeira no que toca aos sentimentos e emoções existentes nas personagens, deixando-as ao nível dos grandes acontecimentos retratados e muito bem preparadas para nos sensibilizarem e nos “arrastarem” para as cenas apresentadas.
Mérito também para a banda sonora que consegue tornar os momentos mais marcantes da história em algo verdadeiramente épico. Quando a ouvimos separadamente da série, visualizamos na nossa mente os grandes momentos em que elas são tocadas e parece que voltamos a vive-los, uma sensação absolutamente fantástica!
1. Death Note
O certo e o errado! A justiça e o crime! A colocação em causa dos valores éticos e morais. São estes os grandes termos em disputa no mundo de “Death Note”, configurados nas mentes de dois seres intelectuais fabulosos, Light Yagami e L.
Uma batalha nunca antes vista que envolve pelo meio Shinigamis, também conhecidos como Deuses da Morte. Cada uma destas criaturas transporta consigo um Death Note, caderno que permite matar qualquer pessoa a partir do momento em que é lá escrito o nome dela.
A real questão está no que pode fazer um humano que se depare com uma “arma” letal como esta nas suas mãos. Como irá usá-la? Para proclamar justiça num mundo dominado pela corrupção? Ou para se servir a si próprio?
Light Yagami é um destes “contemplados” (palavras da própria personagem) e não dos “amaldiçoados” como apelidam os Shinigamis aos humanos que têm Death Notes em sua posse. Light pretende usar este caderno para “limpar” o planeta de criminosos, mas será que esta decisão não faz dele mesmo um criminoso?!
Para Light, a resposta a esta pergunta é “não”, enquanto L, o detetive mais famoso e misterioso do mundo, a resposta já é um “sim” redondo. Aqui começa o jogo do rato e do gato, naquela que é uma intensa batalha entre as forças policiais e aquele que se afirma ser Kira, o Deus do novo mundo.
Se esta premissa é incrível, então o que dizer da obra … Estratégias inimagináveis tomadas por ambas as partes, confrontos de argumentos com valor em diálogos intensos que envolvem as personagens principais, mortes inesperadas e de inocentes com vista à realização de algo que parece mais uma utopia do que outra coisa, suspense e mistério para dar e vender, reviravoltas no enredo que originam mais reviravoltas e que nos deixam ofegantes pela intensidade desses próprios momentos … Enfim, uma panóplia de conceitos, de acontecimentos e de dúvidas éticas que fazem de Death Note algo único e inesquecível.
O fascínio, a paixão e a admiração por esta produção parece-me inevitável. Parece-me simplesmente impossível alguém ver dois ou três episódios e não querer ver mais. Não faz sentido ver toda a série e não dizer pelo menos que foi uma história que lhe agradou. E tudo com base numa premissa de sucesso e em dois masterminds excecionais.
Death Note é, de longe, a melhor obra para se mostrar a alguém que descredibiliza o mundo do Anime e a sua qualidade enquanto tipo de entretenimento. A visualização desta produção é simplesmente obrigatória para qualquer pessoa.