Título: Yuri!!! on Ice
Adaptação: Original
Produtora: MAPPA (Zankyou no Terror, PunchLine, Ushio to Tora, Sakamichi no Apollon, Shingeki no Bahamut: Genesis, DAYS, Garo)
Género/Demografia: Desporto
Ficha Técnica: Disponível
Yuri on Ice | Opening
“History Maker” – Dean Fujioka
Can you hear my heartbeat?
Tired of feeling never enough
I close my eyes and tell myself
That my dreams will come true…
Consigo-o colocar, sem receio, no meu top 10 (pessoal) de melhores aberturas de sempre, em séries anime! Mal eu sabia que isto era literalmente o começo, o pronúncio de algo fantástico, de um dos melhores animes da temporada e, sem dúvida, dos melhores do ano, nos mais variados parâmetros.
Quando iniciei esta jornada no mundo da patinagem artística, detinha apenas Ginban Kaleidoscope como referência a esse desporto, e uma primeira impressão muito de pé atrás, no que diz respeito, sobretudo, à narrativa.
A publicidade em torno de Yuri on Ice era ridiculamente direcionada para o fanservice, uma forma de garantir sustento, mais que óbvio, mas que afastou indubitavelmente, os maiores apreciadores da composição artística que a equipa por detrás deste original criou.
Yuri on Ice | Enredo
A série possui apenas 12 episódios, e gira em torno da competição mundial de patinagem no gelo, desde as eliminatórias, até à competição final. Em suma, vemos mais de 13 atletas, onde 6 deles passam para a Grand Prix Final (competição final). Chega de personagens? Oh não, em Yuri on Ice o que não faltam são personagens, e todas com o seu papel muito bem determinado, construído e sobretudo bem colocado.
A narrativa gira em torno de Yuri e Victor, no entanto, o que nos absorve é o universo de patinagem, e não a relação e progressão dos dois atletas (ou melhor, atleta e treinador). Para conseguirem esse nível de imersão, a gestão de quantidade de informação, características das personagens e estrutura de toda a série tiveram uma meticulosa organização e produção. Isto porque não nos podemos esquecer que estamos a falar de um anime de desporto e, segundo os comentários de patinadores profissionais, encontra-se fiel ao real universo de patinagem no gelo. Afinal, basta verem o top de atletas desta série e compararem-nos com os reais vencedores de competições para denotarem peculiares semelhanças.
Agora… Não vos vou mentir quanto ao fanservice, porque o há.
Mas, felizmente não é nada “in your face” como Free!. Há cenas piores que outras, mas que apenas são “demasiado” se observadas sem contexto. Já me aconteceu ser “spoilada” com uma imagem bastante sugestiva antes de ver o episódio, e quando o vi foi: “Ai era uma imagem desta cena? ahh… ok.”. Moral da história: cada um vê o que quer ver e dá a importância que lhe convém.
Yuri on Ice | Ambiente
Há uns tempos li críticas ferozes acerca do ambiente. Nelas referiam o “desleixo” no design dos patinadores aquando a execução das coreografias, dizendo que ficavam com caras e corpos “anormais” e “imperfeitos”. Outros ainda advogavam que tal era uma ofensa, uma redução de qualidade injustificável e que não se compreendia como se podia “descer” assim…
A minha resposta: Einh????
É assim, vamos lá compreender uma coisa, eu não sou mega conhecedora sobre animação 2D mas pelo que sei, se para fazer “animação normal” muitos animes de sucesso não conseguem manter a qualidade, como aconteceu em Orange, imaginem num sobre… patinagem! E é aqui que entra um ponto fulcral, e que irá ajudar a justificar a minha indignação.
Cada patinador possui pelo menos duas coreografias, uma mais curta que outra, com diferentes músicas. Cada uma delas tem que obedecer a determinados critérios relacionados com a modalidade, e ainda expor a personalidade dos participantes + música, no ringue. Isto tudo tem que ser desenhado, explorado ao máximo para:
1 – Todas as coreografias serem diferentes apesar dos elementos para cotação serem os mesmos;
2 – Dentro de cada elemento (salto) existem diferentes parâmetros de pontuação – e sim, meros leigos como eu conseguem perceber porque o JJ teve maior cotação que o Yuri;
3 – As coreografias estão em perfeita sintonia com as músicas;
4 – Os movimentos de pernas, braços, tronco e cabeça necessitam de estar coordenados e ainda ajustados aos corpos de cada personagem (daí o Yurio ser um franganito e o Christophe um sex-boy).
Agora, pensem na dificuldade de executar todos estes critérios e adicionem o facto da equipa de animação estar a ser orientada por um coreografo de patinagem artística, o grande Kenji Miyamoto.
Pois é, posto isto assim, caso para dizer: que magnífico trabalho! Uma das melhores produções que já assisti, e espero que o Blu-ray da série esteja disponível para o ocidente, porque se estes pormenores forem limados, este será das melhores representações de patinagem artística em animação de sempre!
Agora… banda sonora, palavras para quê? temos pelo menos uma música diferente para cada personagem, e originais para os protagonistas da série!
I’m the King JJ
No one defeats me
This is who I am baby
… ok, vou parar!
As músicas que não são originais, ora são “hinos” musicais dos países que representam, ora músicas completamente adequadas à personalidade da personagem (Georgi, estamos contigo! </3).
Uma vez que a maioria do anime é passado no ringue, sob músicas estupendas, tudo o resto passou um pouco ao lado, mas se ouvirmos com atenção, a série é preenchida por música orquestrada adequada a cada momento.
Yuri on Ice | Juízo Final
Uma história que nos introduz ao mundo da patinagem artística, às competições, ao tipo de avaliações, estrutura, mas sobretudo às pressões e ligações entre patinadores. Dito assim não parece nada demais, e do ponto de vista de premissa não o é. Os temas acabam por embater no mesmo que tantos outros animes desportivos, com qualidade e um toque de exuberância.
A forma como expõe a pressão a que os atletas estão sujeitos é bastante interessante, infelizmente por vezes ofuscada por todo o brilho e teatralidade dos participantes. No entanto, caso assim não o fosse, teria sido ainda mais complicado avaliar e desenvolver um anime desta modalidade capaz de cativar o público. Afinal, muita coisa está em jogo, e dentro do que puderam fazer, superaram em grande escala as minhas expetativas.
Claro que se repudiarem fanservice shounen-ai ou mesmo romance entre rapazes, aconselho-vos a não assistir, porque existe em todos os episódios de forma mais ou menos explícita. Agora, se para vocês a arte e narrativa for superior a esses deslizes de marketing, e ainda abraçarem as piadas inerentes às situações, garanto-vos que terão aqui uma obra prima da animação japonesa!
Outros artigos:
Yuri on Ice na Vida Real – Vídeos de fãs
Análises
Yuri on Ice
Yuri on Ice do estúdio MAPPA ficou popular pelo seu fanservice yaoi, mas será essa a característica mais importante da série?
Os Pros
- Produção visual e banda sonora
Os Contras
- Fanservice Shounen-ai um pouco inoportuno em determinados momentos