Hoje não vos trago nem lançamentos, nem notícias, nem análises ou primeiras impressões. Hoje vai ser um pouco mais pessoal.
O nosso amigo Renato Sousa tem vindo a escrever textos destinados àqueles que têm uma opinião depreciativa em relação ao Anime. “Um fenómeno chamado Anime” e “Cinco bons motivos para ver Anime” explicam a quem os lê, que Anime não é só macacada e bonecos para crianças, que há conteúdo destinado a públicos bem mais avançados. A verdade é que eu era, até há relativamente pouco tempo, um desses casos.
O dia em que eu comecei a gostar de Anime | O Antes
Até há não muito tempo eu via o Anime como bonecos que davam de manhã para as crianças verem ao pequeno almoço antes de irem para a escola. Não via diferença entre Anime ou Cartoons, era tudo desenhos animados, portanto, ia tudo para o mesmo saco.
Eu tinha esta opinião porque Anime era algo que estava directamente ligado com a minha infância, como os casos de “Dragon Ball”, “Pokemón”, “Digimon”, “Cavaleiros do Zodíaco” e tantos outros. Por ter visto e gostado disso quando era novo, não fazia sentido ver agora que era 10 anos mais velho.
Eu era a típica pessoa com o preconceito de que Anime era para miúdos e, no entanto, via e achava piada a filmes como o “Shrek”, “A Idade do Gelo”, “À Procura de Nemo”, e adorava séries como “Os Simpsons” ou “Family Guy”. Sinceramente, hoje pensando bem nisso, só vejo diferença na língua falada.
A minha opinião era e sempre foi esta porque nunca conheci ninguém que tivesse continuado a ver Anime, que conhecesse as séries e que pudesse aconselhar alguma. A verdade é que o avançar dos tempos levou-me a conhecer gente nova, gente com gostos muito diferentes dos meus, e de repente passei eu a ser o estranho. Se até então era diferente quem via Anime, agora eu, que não achava graça nenhuma, era o elemento estranho.
O dia em que eu comecei a gostar de Anime | O Durante
Uma dessas pessoas foi o Renato Sousa. Como ele referiu num dos seus textos, uma das razões para começar a ver Anime é ter um amigo que vê, e no meu caso foi um grupo de amigos. Nos tempos livres sentavam-se a ver os episódios da semana e eu, como não tinha que fazer, lá me punha a ver também, ainda que um pouco apreensivo. Ora via um ninja a fazer clones de si próprio, ora via um rapazote a esticar-se todo e a fazer macacada…
É aqui que entram aqueles que vêm Anime. A meu ver é fácil alguém que vê Anime pela primeira vez pensar que é coisa para crianças, com base no desenho ou em alguns comportamentos das personagens. É preciso alguém que saiba explicar a história, o enredo, o que se passou para trás, que faça ver o conteúdo e não só a camada exterior. Basicamente, para não se julgar o livro pela capa.
Depois de falar com quem percebe, e ainda apreensivo, lá pesquisei em sites e fóruns que me sugeriram para conhecer um pouco mais sobre este fenómeno. Queria um Anime para ver, mas um Anime adulto, que se aproximasse das séries reais que eu estava habituado a ver. Depois de ver uns trailers, a escolha recaiu em Ergo Proxy.
O dia em que eu comecei a gostar de Anime | O Depois
Depois de escolhido o anime lá o comecei a ver, admito que sem estar ainda 100% convencido, mas decidi “levar o barco” até ao fim. Era diferente, não havia a macacada que eu imaginava, era sério, envolvia sentimentos, dava-se importância à história. Basicamente era uma série, mas em vez de pessoas a representar, era animada.
Esta foi a primeira vez que eu olhei para o Anime de forma diferente. Até agora era só para crianças, mas pelos vistos também era feito para outras idades, outro público, ponto em comum com as séries que eu costumava ver. As personagens eram pensadas, com passados complexos, personalidades bem definidas e objectivos para o futuro bem traçados. A história era planeada ao pormenor, com reviravoltas, suspense e mistério.
Agora sim, convencido, livre do preconceito de que Anime era para miúdos, fui procurar saber mais. Continuei a ver Anime com os amigos e, de um dia para o outro, o tal ninja que fazia clones já era Naruto e o que se esticava passou a ser One Piece. Comecei a conhecer os enredos e histórias, que embora sejam mais complexos e elaborados que muitos filmes e séries são desprezados, e então nunca mais parei.
Hoje não sou otaku, sou fã! Admiro e vejo anime que tenha qualidade sem o distinguir de outro tipo de séries. Vejo Anime como vejo as séries da Fox ou o que quer que seja, aliás, elas estão lado a lado espalhados pelas minhas prateleiras.
Esta foi a história da minha adesão a este género de televisão e a julgar pelo crescimento da sua popularidade no nosso país, há cada vez mais histórias parecidas. A moral da história é simples, não sejam casmurros, tenham mente aberta e vão ver que ainda se vão surpreender com os nossos amigos japoneses.