>>> ESTE ARTIGO CONTÉM SPOILERS! <<<
Mas que episódio foi este?! Nunca 48 minutos passaram tão depressa!
Made in Abyss – Opinião Episódio 13
Não sei se este episódio foi espectacular por ser o equivalente a dois, por ser o último, pelos anteriores terem sido bastante lentos em comparação ou se foi tudo em conjunto. O mangaká adora ver-nos sofrer de todas as maneiras possíveis.
Ele inclusive faz-te criar empatia com os personagens para depois te espetar uma faca pelas costas e rir-se da tua cara enquanto choras baba e ranho. A sério, génio do Abyss (Akihito Tsukushi), eu adoro-te e odeio-te ao mesmo tempo (*Corre a ler outras obras dele!* Ah espera… não existe mais nada??).
O sofrimento começa mal se inicia o anime ao fazer uma recolha de todos os episódios e já começa a dar uma nostalgia. Mas o pior foi o que veio a seguir ao opening… Finalmente conseguimos ter um vislumbre do passado da Nanachi e da Mitty e, desde o que se tem vindo a apurar, já se esperava que o mesmo fosse bastante conturbado.
Gostei da ideia de utilizaram as crianças que se encontram em orfanatos, sem esperanças nem sonhos. Fez-me lembrar um pouco de Monster e parece-me também razoável que “na realidade” isto fosse suceder. Nada melhor (para quem é psicopata e quer utilizar pessoas para fazer experiências) do que manipular crianças que ninguém quer saber para atingir os seus fins.
Num mundo em se vive em torno do Abismo e os que decidem aventurar-se são tidos como heróis, o mais normal é que os mais pequenos tenham a ilusão de quererem ser também heróis um dia. Todos nós quisemos, numa altura ou noutra. Mais normal ainda se falarmos de crianças que estão abandonadas; qualquer perspectiva de sair daquele local e ir para um lugar “melhor” e mágico como os adultos contam (ainda se lembram dos contadores de história do primeiro episódio?) é tudo o que eles querem ouvir.
Junta-se a isso a personalidade manipuladora do Bondrewd e “temos a receita para o sucesso”. Esta retratação do apito branco surpreendeu-me! Para além da maravilhosa voz por detrás do personagem (calma e profunda, parabéns ao seiyuu) não apresentaram o vilão como um vilão, isto é, Bondrewd não é um malvado estereotipado, ele não quer fazer mal por fazer, ele interessa-se apenas em avaliar as consequências do subir na sexta camada e faz uso de pessoas indefesas para alcançar o seu intuito.
Não é que seja totalmente comparável, mas faz lembrar as experiências que se realizaram nos campos de concentração nazis, em que várias pessoas foram utilizadas em prol da ciência (ou mera curiosidade). Bondrewd é assim um vilão bem escrito, extremamente manipulador e sem valores morais. Apesar de como humano ser asqueroso é um personagem interessante do ponto de vista narrativo. Faz-nos odiá-lo com um propósito.
Foi nesta “aventura” que a Nanachi conhece a Mitty e se forma uma boa amizade entre elas. Apesar do pouco tempo juntas, elas conseguem desenvolver um laço forte entre si. Sozinhas no mundo, encontram uma na outra um porto seguro e alguém em quem podem confiar, um alguém que também partilha os mesmos sonhos: descobrir os mistérios do Abismo. Nunca pensei que a Mitty fosse tão alegre e optimista como nos foi mostrado. Ela simplesmente foi uma luz que apareceu na vida da Nanachi, a aura dela era contagiante!
Só não apreciei muito o design dela na questão das mamas. Se ela é supostamente uma criança não deveria ter aquele corpo – quer dizer, não é dever, a miúda pode simplesmente ser mais desenvolvida – uma vez que lhe retira um pouco da inocência. Mas é só um gosto meu.
Nesta cena e nas posteriores a direcção fez um excelente papel: a empatia que criamos com a Mitty já existia e isto só reforçou esse sentimento, o que levou a que as partes dramáticas fossem realmente intensas (quem chorou nesta parte?).
Vemos assim que a perda da humanidade na maldição da sexta camada é realmente verdade. A Mitty foi reduzida a um ponto em que perdeu o seu lado racional e passou apenas a existir – tal como todas as outras crianças – pelo infinito, já que para encanto de Bondrewd tal possa significar que, após várias experiências, também ele consiga ficar imortal mas sem as consequências da maldição (o sonho de muitas pessoas, certo?).
Então, a parte de testar na Mitty como e se ela realmente morre faz parte disso, parte das experiências todas que já existiram na nossa realidade para chegarmos onde estamos agora. Mas realmente experienciar isso é horrível. Passamos de sentimentos de: ” Ainda bem que a Mitty está viva!” para “Oh não… A Mitty ainda está viva…”. O anime brinca com as nossas emoções.
Finalmente e para acalmar o coração, a Nanachi ganha coragem e foge com a sua melhor e primeira amiga daquele mundo. Esta coelha ganhou ainda mais o meu respeito depois de tudo. Se eu já gostava dela, agora eu venero-a. Personagem fantástica! O passado dela era o que faltava para a história do Abismo ficar ainda melhor. E a missão dela de tentar arranjar uma forma de matar a Mitty também nos dá todo um outro ponto de vista sobre as coisas.
E que nos atira para o Reg com uma distinção para o desenvolvimento da personagem
durante este episódio todo. Remeto isto de novo para a parte da eutanásia que falei na análise anterior. É um pedido complicado quando se tem de “desligar as máquinas” e terminar com a vida de alguém e o Reg passou por todo esse processo.
No final acabou por entender e ceder ao pedido da Nanachi, por ver que o viver pela eternidade em sofrimento, aprisionado num corpo no qual não consegue tomar as próprias decisões é muito triste. A alma da Mitty estava presa e o Reg ajudou a libertá-la. E a libertar a Nanachi de um “fardo” e responsabilidade, uma vez que ela mesma matou vários Cave Raiders para descobrir uma maneira de a matar sem sofrimento.
O Reg foi uma luz de esperança e salvação para a Nanachi principalmente, já que a demoveu de se tentar suicidar depois da Mitty desaparecer – uma vez que a sua missão terminaria ali. Para ajudar a isto, a Riko acordou e veio trazer um pouco de alegria e calma ao anime, que já todos precisávamos. Ela também nos conseguiu explicar melhor o que realmente a Mitty sentia e, ao contrário do que o Reg pensava, a pobre miúda estava em completo sofrimento, a alma dela pedia libertação e já estava mais que na hora. Aquilo foi a melhor decisão para ela e para todos.
A parte da recuperação da Riko também foi bem sucedida, principalmente no que toca à cicatriz e à falta de mobilidade no braço. Tal é simbólico e significa tudo aquilo pelo que eles já passaram, os avanços que já fizeram e o quão pouco falta para atingirem os seus objetivos.
Como eu já também havia dito, conforme se vê nos spoilers do ending, a Nanachi vai acompanhá-los agora nesta aventura que se tornará mais difícil. A sua presença é fundamental, já que ela conhece mais sobre o funcionamento do Abismo do que eles e… permite que ela veja um novo motivo para viver (certeza que também vê um pouco da Mitty na Riko).
Tenho pena que não vá ver isto em anime (2ª temporada, onde andas?!), porque acredito que
cenas mais fortes viriam e Made in Abyss conquistou-me por isso. Ficamo-nos por este final, que apesar de tudo, foi bem feito. Mostrou os preparativos para a viagem até à quinta camada, o levantamento de novas questões com o “sonho”/alucinação do Reg com a Lyza, as respostas às muitas perguntas que tínhamos (outras não…) e um “gostinho de quero mais”…
E uma esperança de uma continuação!
Não nos podemos esquecer da parte visual e sonora de Made in Abyss, que cumpriu o seu papel ao longo de todos os episódios. Apesar de alguns frames estarem mais “fracos”, no geral o estúdio Kinema Citrus foi impecável em recriar um mundo fantasioso com cenários de morrer (e que se tornam os meus wallpapers), aliado à OST que elevou os momentos a um outro nível. Direção mais que aprovada e só espero poder ver mais.
Que nota vocês dão ao anime?
Pensamentos finais:
- Print para esta cena do funeral…
- Ver a Nanachi assim foi de partir o coração.
- Novamente os fetiches do mangaká…
- A reação da Nanachi ao comer pela primeira vez uma comida “boa”! Lembrando que ela desde criança que comia o que encontrava no lixo.
- A sério, as piadas sexuais que o autor coloca assim de vez em quando conforme lhe dá na cabeça…
- Eu juro que senti dor nesta cena!!
- Isto é uma cauda estilo réptil?
Tenho de terminar com a OST. Ao tempo que estava à espera que fosse lançada! Vamos chorar mais um bocadinho…
https://www.youtube.com/watch?v=aXFpZ8fBALc
Análises anteriores:
Made in Abyss – Opinião Episódio 12
Made in Abyss – Opinião Episódio 11
Made in Abyss – Opinião Episódio 10
Já sabem o que vão seguir na próxima temporada de Outono 2017? Eu cá vou ver Kino no Tabi! Alguém que também tenha visto o original?
Até à próxima análise! Made in Abyss vai deixar saudades.