E se pudesses escravizar alguém por simplesmente perder um duelo? Aceitarias o desafio?
O anime Dorei-ku The Animation ou Dorei-ku: Boku to 23-nin no Dorei, produzido pelo estúdio TNK (conhecido por animar obras como High school DxD e School Days) e pelo estúdio Zero-G, possui uma premissa um tanto intrigante e que me levou a dar-lhe uma oportunidade.
A verdade é que o anime não está a fazer grande furor na comunidade, ainda assim a sinopse deixa “a pulga atrás da orelha” e dá-nos vontade de pelo menos experimentar. Pelo menos a mim. Então aqui estou eu, após um longo hiato no que tange a primeiras impressões. Mas vamos lá!
Dorei-ku The Animation – Primeiras Impressões
Pelo que tive a pesquisar, Dorei-ku já tem alguns aninhos de existência no mundo. Iniciou como uma light novel escrita por Shinichi Okada, foi adaptada a manga nas mãos de Hiroto Ōishi e transformou-se em live action sob o nome Tokyo Slaves.
Com tanto material produzido, a expetativa é que o produto inicial tenha valor e o mesmo passe para o anime. Aliado a uma sinopse tentadora e a um gosto pessoal por séries mais psicológicas, dramáticas e adultas, o meu hype mal carreguei no play estava a bater lá no tecto!
Play dado, o anime diz-nos logo ao que veio: espírito seinen, conteúdo sexual e história que brinca com a moral e a ética.
Tem tudo para ser BOM!
Grita o meu cérebro sedento há semanas por um episódio de anime.
Calma! Afinal a animação está-me a dar aqui uma comichãozita no olho…
Diz ele novamente.
Recuperada deste espasmo inicial, lá me foquei a ver o episódio e o que tenho a vos dizer sobre ele é:
Podia ter sido melhor!
A história tem tanto potencial, tantos pontos por onde se pegar, mas o episódio ficou aquém daquilo que poderia ter sido. Não é que tenha sido verdadeiramente mau, que não foi, mas limitou-se a ficar ali pouco acima da linha do razoável, o que não deve acontecer num primeiro episódio.
Foi-nos explicado a trama geral da narrativa, o aparelho que transforma qualquer um num escravo (caso perca um duelo) e ainda algumas personagens soltas para entendermos mais ou menos o processo. Nota-se bem que o anime passa na televisão japonesa no período noturno, pois este ofereceu logo de relance: uma piada com gays, uma violação e um gajo gordo a bater nele próprio.
É compreensível que se faça uso de assuntos tão pesados ou não teria muito sentido a existência do aparelho. Ninguém se vai transformar num escravo ou fazer alguém de escravo por um pacote de batatas fritas ou porque o café tinha pouco leite (quer dizer, neste mundo, realmente nunca se sabe), e foram estes pequenos pormenores que me fizeram continuar a ver o episódio.
O episódio não vos deixa em estado de WOW mas conseguem ficar no mínimo curiosos para o que vem a seguir. Sendo bem aplicado (e eu não conheço nada do material já feito), o anime pode tornar-se numa obra bem interessante, que explora alguns lados negros do ser humano. Tudo irá depender dos próximos 2 episódios, que farão o “tudo ou nada” para os espetadores.
E quanto à animação e banda sonora?
Animação e banda sonora foram outros dois fatores que me deixaram também de pé atrás. Vejamos:
O episódio começa brilhantemente ao apresentar-nos duas pessoas que estão com os aparelhos e um deles exerce o seu poder de mestre em público. Quanto a essa cena tiro o chapéu ao realizador, uma pessoa fica: “Élaaaa, que isto aqui começa bem”. Após esta entrada genial, vem o opening e esperava eu que a música de entrada fosse coadjuvante com o tema do anime, isto é, que fosse “agressiva”, estilo rock, ou melhor dizendo, que tivesse personalidade (não a jurídica)… contudo tal não ocorre. A música é boa, mas deixa um gosto amargo na boca. A sério, ouçam-na!
https://www.youtube.com/watch?v=bbwGAtG4w54
Esta é uma música que mostra a garra do anime? É uma música que nos transmite: VIOLÊNCIA, SEXO, ESCRAVIDÃO?! Nunca na vida! Bem melhor aplicado está o ending, que ele sim mostra vida e liga-se à narrativa do anime.
Depois deste opening, a banda sonora também foi algo que pouco existiu e quando existiu pareceu ser demasiado forçada para o momento… Nem vos sei explicar bem, mas não me encheu os ouvidos. A música de fundo, que deve ser o auxiliar da cena, por vezes tornava-se no protagonista desta, tirando a concentração sobre o que estava a acontecer no ecrã.
A animação de Dorei-ku The Animation é razoável.
Tem vários altos e baixos no quesito qualidade, em que se percebe nitidamente que umas cenas estão bem melhor trabalhadas que outras. Tal inconsistência leva a que pontue a animação como “Razoável” quando poderia ser considerada “Boa” para o anime que é, pois o estilo adulto foi perfeitamente bem empregue a nível de cores e estilo dos personagens.
O episódio acaba por ser, na generalidade, algo “Ok”.
Resumindo toda a panóplia que estive a escrever, vejam o primeiro episódio mas com consciência que será necessário ver pelo menos mais dois para saber se o anime vai ser algo que se vai destacar ou algo com que não vale a pena perder o vosso tempo.
O episódio 1 tem algumas cenas interessantes, já mostra que vai focar-se num tema mais adulto, provavelmente vai tentar chocar o espetador com algumas cenas mais pesadas (bem se já tivemos uma violação no início, acredito que ele nos vá mostrar mais), vai também focar-se bastante em aspetos sexuais (de certeza absoluta) e brincar com essas possibilidades e, no fundo, vai TENTAR entrar pelo mundo da moral e da ética ao explorar limites.
Se vai conseguir fazê-lo?
Sinceramente tenho dúvidas. Não estou a apostar muita coisa no anime, mas espero estar errada e que ele me mostre o contrário.
Quem aqui viu o primeiro episódio de Dorei-ku? O que acharam?
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Análises
Dorei-Ku The Animation
Dorei.ku The Animation é um anime que pretende chocar os espetadores ao focar em temas mais pesados. No entanto, neste primeiro episódio, o mesmo não conseguiu desenvolver muito bem aquilo a que se propunha, apesar de apresentar algumas nuances interessantes. Para quem quiser saber se deve ou não apostar nesta série, vejam pelo menos 3 episódios.
Os Pros
- História
- Anime tem coragem de usar temas mais adultos de forma despreocupada
Os Contras
- Banda Sonora
- Animação inconsistente em algumas cenas
- Desenvolvimento da narrativa